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01/10/2001 - 08h21

Ação da Embraer passa por período de turbulência

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CAROLINA MANDL
da Folha de S.Paulo

Quem tem ações da Embraer na carteira de investimento está vendo sua aplicação fazer um pouso forçado ao longo deste ano. Até 28/ 09, o papel PN acumulava queda de 36,67%, e o ON, de 51,51%.

Desde junho, as ações já vinham apresentando rentabilidade negativa, mas o problema se acentuou depois do atentado nos Estados Unidos. A perda foi de 35,19%, no caso da PN, e de 31,92%, no da ON, após o dia 11/09.

Segundo os analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, isso pode ser explicado pelas más perspectivas que rondam o mercado de aviação. Amedrontadas com os atos terroristas, muitas pessoas estão desistindo das viagens. De acordo com Paschoal Paione, analista da Fator, a ocupação dos vôos já caiu de 85% para 60%. Além disso, o preço dos seguros aéreos decolou.

Várias empresas internacionais já anunciaram redução no número de vôos e corte de funcionários. No Brasil, a TAM disse que vai cortar viagens, e a Varig abriu um programa de demissões.

Para quem produz aeronaves, esse não é um cenário favorável. A Boeing já divulgou queda na projeção de venda. A Bombardier, concorrente da Embraer, indicou que vai demitir 10% dos trabalhadores por causa da queda na demanda por aviões.

A própria Embraer anunciou, na sexta-feira, que vai demitir 1.800 pessoas, cerca de 14% do total de seu quadro de funcionários. A empresa também reprogramou as entregas de aviões. Para 2001, a meta foi revisada de 185 aeronaves para 160. Para 2002, a previsão caiu de 205 para 135 unidades.

Para Paione, essas medidas não devem provocar grandes quedas no papel hoje. Isso porque a empresa tem como remanejar seus custos. Como houve queda na produção, a consequência foi demitir funcionários, o que não altera o fluxo de caixa da Embraer.

Para quem esperava decolar com as ações, o que fazer agora? O aposentado Fernando Souza, 44, vai esperar o quanto for preciso para recuperar os R$ 14 mil que aplicou em junho, quando houve uma oferta pública de 60 milhões de ações PN. Na época, elas foram compradas por R$ 23,25. Na sexta, fecharam a R$ 8,40.

Segundo Angelo Larozi, analista da Souza Barros, a decisão do investidor é correta. "Vale a pena até comprar porque a empresa tem um grande potencial."

De acordo com as contas de Paione, da Fator, a decisão pode ser acertada. "Esse atual preço da ação só seria válido se a Embraer vendesse cinco aviões por mês, mas ela vai negociar 11."

Rafael Quintanilha, da BES Securities, discorda. "Quem tem esse papel deve vender por causa da falta de perspectiva para o setor", diz. Ele também não recomenda comprar agora.

Os analistas só são unânimes em afirmar que quem resolver ficar com o papel deve pensar no longo prazo. Para este ano, não há sinais de boas notícias que possam levantar o preço das ações.

Apesar de fabricar aeronaves militares e executivas, os especialistas dizem não acreditar que esses dois segmentos sejam suficientes para compensar as prováveis perdas no setor comercial. "Segundo a estratégia da Embraer, só em 2007 ela terá 20% do seu faturamento vinculado à área militar", diz Quintanilha.

No segmento de aviões executivos, área em que a Embraer detém 40% do mercado mundial, as perspectivas são de que, com medo de atentados, mais empresas investirão em aviões próprios para transportar executivos. Mas ninguém acha que isso compensará a perda do setor.

Em junho, o Banco do Brasil lançou um fundo que aplica de 90% a 100% do patrimônio em papéis da Embraer. Até o dia 26/ 09, a rentabilidade dele estava negativa em 59,36%.

A captação líquida também estava no vermelho em R$ 448,2 milhões. O patrimônio, que já chegou a ser de cerca de R$ 14 bilhões, está em R$ 6,1 bilhões.

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