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05/10/2001
-
08h14
do ''Financial Times''
Como a definição popular de keynesianismo é usar gastos públicos para estimular a economia, o presidente dos EUA, o secretário do Tesouro, o Congresso e o presidente do Fed agora são todos keynesianos. Mas Keynes lidava com um mundo diferente. Hoje, a sintonia da demanda deveria ser reservada ao Fed.
Bush insiste com o Congresso pela aprovação de cortes de impostos adicionais e de aumentos de gastos públicos de entre US$ 60 bilhões e US$ 75 bilhões. Somados aos aumentos de gastos já anunciados, o estímulo fiscal chegaria a US$ 120 bilhões, cerca de 1% do PIB.
Os detalhes continuam indefinidos. Mas adiantar os cortes de impostos já planejados, oferecer tratamento tributário mais generoso ao investimento, reduzir os tributos sobre as folhas de pagamentos e aumentar os gastos com o serviço social para atender às pessoas que perdem o emprego são medidas que desfrutam de apoio político.
Apesar do consenso nos EUA quanto à necessidade desse plano, as evidências sugerem que cortes de impostos improvisados e aumentos de gastos no geral são infrutíferos ou indesejáveis.
Se o estímulo for permanente, e esses estímulos costumam se tornar permanentes, eles solapam a posição orçamentária. Se temporários, os cortes de impostos são ineficientes porque as pessoas economizam o dinheiro por saberem que lhes será cobrado. E se o estímulo é temporário e eficiente como estímulo à demanda, as autoridades precisam se preocupar com as consequências de seu fim.
Os governos deveriam garantir que as finanças sejam sustentáveis. Devem permitir, então, a operação dos estabilizadores automáticos que permitem que a arrecadação tributária caia e os gastos públicos aumentem nos períodos de quedas.
Ainda assim, medidas que conduzam a uma deterioração temporária de 1% do PIB não representam uma ameaça de insolvência. Só se o relaxamento perdurar, acompanhado dos cortes de impostos propostos por Bush e já aceitos, as recentes advertências veladas do FMI sobre a posição do orçamento dos EUA se tornariam pertinentes.
Igualmente preocupante é a composição do pacote. É preciso que o dinheiro seja gasto sem desperdício em manobras políticas.
O governo tem pouca escolha a não ser aprovar o estímulo. As finanças do país são saudáveis e Bush precisa mostrar ação. Mas a experiência diz que é improvável que as medidas sejam úteis. Política fiscal agressiva só deve ser usada quando os recursos da política monetária estiverem exauridos. E ainda não é hora. O Fed tem espaço para manobra e o empregará.
*Tradução de Paulo Migliacci.
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Aumentos de gastos no geral são infrutíferos ou indesejáveis
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Como a definição popular de keynesianismo é usar gastos públicos para estimular a economia, o presidente dos EUA, o secretário do Tesouro, o Congresso e o presidente do Fed agora são todos keynesianos. Mas Keynes lidava com um mundo diferente. Hoje, a sintonia da demanda deveria ser reservada ao Fed.
Bush insiste com o Congresso pela aprovação de cortes de impostos adicionais e de aumentos de gastos públicos de entre US$ 60 bilhões e US$ 75 bilhões. Somados aos aumentos de gastos já anunciados, o estímulo fiscal chegaria a US$ 120 bilhões, cerca de 1% do PIB.
Os detalhes continuam indefinidos. Mas adiantar os cortes de impostos já planejados, oferecer tratamento tributário mais generoso ao investimento, reduzir os tributos sobre as folhas de pagamentos e aumentar os gastos com o serviço social para atender às pessoas que perdem o emprego são medidas que desfrutam de apoio político.
Apesar do consenso nos EUA quanto à necessidade desse plano, as evidências sugerem que cortes de impostos improvisados e aumentos de gastos no geral são infrutíferos ou indesejáveis.
Se o estímulo for permanente, e esses estímulos costumam se tornar permanentes, eles solapam a posição orçamentária. Se temporários, os cortes de impostos são ineficientes porque as pessoas economizam o dinheiro por saberem que lhes será cobrado. E se o estímulo é temporário e eficiente como estímulo à demanda, as autoridades precisam se preocupar com as consequências de seu fim.
Os governos deveriam garantir que as finanças sejam sustentáveis. Devem permitir, então, a operação dos estabilizadores automáticos que permitem que a arrecadação tributária caia e os gastos públicos aumentem nos períodos de quedas.
Ainda assim, medidas que conduzam a uma deterioração temporária de 1% do PIB não representam uma ameaça de insolvência. Só se o relaxamento perdurar, acompanhado dos cortes de impostos propostos por Bush e já aceitos, as recentes advertências veladas do FMI sobre a posição do orçamento dos EUA se tornariam pertinentes.
Igualmente preocupante é a composição do pacote. É preciso que o dinheiro seja gasto sem desperdício em manobras políticas.
O governo tem pouca escolha a não ser aprovar o estímulo. As finanças do país são saudáveis e Bush precisa mostrar ação. Mas a experiência diz que é improvável que as medidas sejam úteis. Política fiscal agressiva só deve ser usada quando os recursos da política monetária estiverem exauridos. E ainda não é hora. O Fed tem espaço para manobra e o empregará.
*Tradução de Paulo Migliacci.
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