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07/10/2001 - 09h14

País deve perder 600 mil empregos neste ano

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CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo

Nos números das estatísticas formais, o desemprego pode não disparar até o final deste ano, mas especialistas e analistas do mercado de trabalho prevêem a extinção de um número entre 600 mil e 800 mil postos de trabalho até dezembro no país. Nos primeiros meses de 2002, o nível de emprego deve cair ainda mais.

A estimativa leva em consideração as vagas que deixarão de ser criadas por causa da desaceleração da economia e as demissões que ocorreram, principalmente de julho até agora, no setor industrial. Para cada 1% de crescimento da economia nacional, são criadas entre 350 mil e 400 mil vagas.

"Como houve revisão de crescimento de 4,5% para 2% na economia, menos vagas são geradas e não serão suficientes para atender a demanda", afirmou o economista Marcio Pochmann, secretário de Desenvolvimento e Trabalho de São Paulo.

Para o coordenador do Dieese, Sérgio Mendonça, mesmo com a previsão de retomada das vendas no final de ano, o desemprego ainda deve aumentar.

Os setores mais atingidos devem ser o de bens de consumo duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da construção civil. A indústria de alimentação e setores que podem exportar, como calçados, devem ser favorecidos. O sindicato dos trabalhadores nas empresas de alimentação registrou contratações em setembro. A Kibon, por exemplo, empregou na última semana 200 funcionários a mais em São Paulo para a produção de verão.


Vai piorar
O professor de Relações do Trabalho da PUC Antônio Prado acredita que as taxas de desemprego devem crescer ainda mais a partir de 2002 porque a indústria e comércio ainda não absorveram todos os "choques" deste ano. "Houve reflexo da crise de energia e da alta do dólar. Mas ainda não absorvemos o efeito do aumento do compulsório nem o do atentado dos Estados Unidos."

A construção civil já registrou o fechamento de pelo menos 5.000 postos de trabalho no Estado de São Paulo nos últimos quatro meses. "O setor está sem novos investimentos e foi afetado pela suspensão de linhas de crédito, além de ter enfrentado a crise de energia. As construtoras estão encerrando obras iniciadas há dois anos", disse o presidente do Sinduscon-SP (sindicato da indústria), Arthur Quaresma Filho.

O setor, que empregava 360 mil pessoas em janeiro, chegou a ter, em abril, 377 mil funcionários. Mas em agosto já registra 372 mil empregados e teme encerrar o ano com níveis de emprego próximos aos dos anos 90. Em dezembro de 92, a construção paulista empregava 320 mil trabalhadores.

No setor de eletroeletrônicos, a queda de emprego vem sendo verificada desde julho, quando o houve o efeito do racionamento de energia. Dados da Abinee (associação das indústrias do setor) mostram que em junho deste ano havia 143.480 trabalhadores nas indústrias eletroeletrônicas. Mas em setembro, esse número caiu para 140.060 -quase o mesmo nível de emprego verificado em dezembro do ano passado.

Na avaliação do presidente da entidade, Carlos Paiva Lopes, a situação tende a se agravar -nesses dois meses foram fechados os postos de trabalho que haviam sido criados nos primeiros seis meses de 2001.

Nas montadoras, dados divulgados esta semana pela Anfavea (associação nacional dos fabricantes de veículos) também mostram a retração no nível de emprego. Em setembro do ano passado, o setor empregava 97.905 funcionários. Neste mês, são 97.261. A queda no emprego pode ser ainda maior porque as empresas vão reduzir seus quadros ainda mais com a adoção de programas de demissões voluntárias.

A Fiesp (Federação da Indústria de São Paulo) registrou em agosto queda de 0,80 no nível de emprego -o que representa 12.930 desempregados a mais no Estado. Esse número já é a metade dos postos criados em 2000.
 

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