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16/10/2001 - 10h54

Efeito gangorra dita preços do mercado de milho

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ANTÔNIO RECHE
da Folha de S.Paulo

O último levantamento da safra 2000/01 mostra que o volume total de milho colhido no país ultrapassa 41 milhões de toneladas, um recorde histórico.

A temporada está tão boa que o país deverá exportar até o final do ano algo entre 4 milhões e 5 milhões de toneladas, outro recorde.

Mas as coisas serão diferentes na safra 2001/02. "No setor de aves e suínos, trabalhamos com uma redução de 15% da área plantada com o cereal'', diz José Carlos Teixeira da Silva, diretor da União Brasileira de Avicultura.

Números parecidos são citados por corretores do mercado. Para Cláudio Braga, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, o efeito gangorra continua a ditar o mercado de milho.

"Quando há uma safra boa, os preços despencam. No ano seguinte, muitos trocam o milho por outra cultura, e os preços sobem. Falta definir uma política para o setor. Há procura no mercado externo pelo nosso milho, mas o comprador quer ter certeza se vai obter sempre o produto.''

Braga destaca as vantagens do milho brasileiro não-transgênico, muito procurado por japoneses e europeus.

A movimentação dos grandes compradores para garantir seu suprimento com milho nacional indica que os preços devem subir.

"Já se sabe que as grandes indústrias estão adiantando as suas compras. O raciocínio é simples. No mercado externo, o milho custa US$ 90/t. Inclua impostos, frete e outras despesas para levar esse milho, digamos, a 200 km do porto, e o preço pode chegar a US$ 140/t. Isto é, a saca pode valer US$ 8 ou pouco mais de R$ 20'', calcula Nelson Martin, do Instituto de Economia Agrícola.

Com medo de uma safra menor, os compradores fixam um preço agora, adiantam um valor para o produtor e recebem o milho lá na frente.

Antes de acreditar que os preços irão subir muito, é importante lembrar de uma peculiaridade desse mercado. Sempre que há expectativa de grande alta, aparece produto de agricultores não-tradicionais. Daqueles que usam o milho na propriedade, mas quando os preços melhoram, vendem o produto.

O setor que mais corre riscos com as oscilações é o de carnes. "Estima-se um crescimento entre 3% e 5% na produção de aves em 2002, o que significa um maior consumo de milho'', diz Teixeira da Silva.
 

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