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21/10/2001
-
04h05
CLÓVIS ROSSI
colunista da Folha de S.Paulo
A tentativa anterior da OMC de convocar uma "rodada do milênio" viu nascer, nas ruas de Seattle, em 1999, o movimento antiglobalização que acabaria com o tempo se transformando no grande espetáculo de qualquer evento internacional de porte.
Mas o movimento foi duramente atingido pelos escombros das torres do World Trade Center.
"Antes dos ataques terroristas, o florescente movimento contra a globalização corporativa estava na iminência de mudar o mundo. Ou era o que nos parecia aos que estamos envolvidos", diz Paul Kingsnorth, do grupo "OpenDemocracy" (Democracia Aberta).
Emenda, no entanto: "Está claro agora que a trilha para nosso Bravo Mundo Novo será muito mais longa do que parecia".
Reforça Robert Weisman, da "Mobilização para a Justiça Global": "Agora, somos um pé de página". Aliás, o nome do grupo já mudou, transitoriamente, para "Mobilização para a Paz Global".
Do lado de fora do movimento, concorda o especialista em comércio do Instituto para a Economia Internacional Gary Hufbauer: "Os ataques terroristas tiram um bocado de oxigênio do movimento antiglobalização. A ameaça mais imediata à globalização deixou de ser esse pessoal e passou a ser a possibilidade de que controles fronteiriços de segurança realmente duros impeçam um bocado de comércio".
Outro especialista em comércio, Bruce Stokes (do Council on Foreign Relations, de Nova York), explica o recuo: "O movimento antiglobalização foi posto na defensiva não só porque alguns de seus críticos vêem nele uma espécie de defesa do terrorismo, mas porque algumas de suas inquietações parecem triviais agora que se vive uma atmosfera de guerra".
Mas Stokes acha que não vai demorar para que o movimento de protesto renasça dos escombros do World Trade Center: "As contradições internas do capitalismo (para não soar muito marxista) reemergerão porque são reais. E, como resultado, a crítica da globalização reemergerá", diz.
Ressurgimento
Se depender dos grupos de protesto, o primeiro ato de ressurgimento será no dia 9 de novembro, na conferência da OMC no Qatar.
É mais um "Dia de Ação Global", aqueles espetáculos de massa (e, às vezes, de violência) que se registraram em "dias" semelhantes em Seattle, Washington, Praga, Davos, Genebra, Québec, Gênova. Com uma diferença: é provável que as manifestações mais expressivas ocorram longe de Doha, a capital qatariana.
Primeiro porque Doha, num canto da Arábia Saudita, é longe demais das cidades em que o movimento de protesto tem seus principais centros. Segundo, porque o visto de entrada para o Qatar foi condicionado ao credenciamento pela OMC. E apenas 647 ONGs (organizações não-governamentais) foram credenciadas.
Atentados dificultam protestos contra globalização
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colunista da Folha de S.Paulo
A tentativa anterior da OMC de convocar uma "rodada do milênio" viu nascer, nas ruas de Seattle, em 1999, o movimento antiglobalização que acabaria com o tempo se transformando no grande espetáculo de qualquer evento internacional de porte.
Mas o movimento foi duramente atingido pelos escombros das torres do World Trade Center.
"Antes dos ataques terroristas, o florescente movimento contra a globalização corporativa estava na iminência de mudar o mundo. Ou era o que nos parecia aos que estamos envolvidos", diz Paul Kingsnorth, do grupo "OpenDemocracy" (Democracia Aberta).
Emenda, no entanto: "Está claro agora que a trilha para nosso Bravo Mundo Novo será muito mais longa do que parecia".
Reforça Robert Weisman, da "Mobilização para a Justiça Global": "Agora, somos um pé de página". Aliás, o nome do grupo já mudou, transitoriamente, para "Mobilização para a Paz Global".
Do lado de fora do movimento, concorda o especialista em comércio do Instituto para a Economia Internacional Gary Hufbauer: "Os ataques terroristas tiram um bocado de oxigênio do movimento antiglobalização. A ameaça mais imediata à globalização deixou de ser esse pessoal e passou a ser a possibilidade de que controles fronteiriços de segurança realmente duros impeçam um bocado de comércio".
Outro especialista em comércio, Bruce Stokes (do Council on Foreign Relations, de Nova York), explica o recuo: "O movimento antiglobalização foi posto na defensiva não só porque alguns de seus críticos vêem nele uma espécie de defesa do terrorismo, mas porque algumas de suas inquietações parecem triviais agora que se vive uma atmosfera de guerra".
Mas Stokes acha que não vai demorar para que o movimento de protesto renasça dos escombros do World Trade Center: "As contradições internas do capitalismo (para não soar muito marxista) reemergerão porque são reais. E, como resultado, a crítica da globalização reemergerá", diz.
Ressurgimento
Se depender dos grupos de protesto, o primeiro ato de ressurgimento será no dia 9 de novembro, na conferência da OMC no Qatar.
É mais um "Dia de Ação Global", aqueles espetáculos de massa (e, às vezes, de violência) que se registraram em "dias" semelhantes em Seattle, Washington, Praga, Davos, Genebra, Québec, Gênova. Com uma diferença: é provável que as manifestações mais expressivas ocorram longe de Doha, a capital qatariana.
Primeiro porque Doha, num canto da Arábia Saudita, é longe demais das cidades em que o movimento de protesto tem seus principais centros. Segundo, porque o visto de entrada para o Qatar foi condicionado ao credenciamento pela OMC. E apenas 647 ONGs (organizações não-governamentais) foram credenciadas.
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