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09/11/2001 - 15h51

Inflação deve impedir corte de juros ainda neste ano

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IVONE PORTES
da Folha Online

As especulações sobre uma possível redução da taxa de juro brasileira na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não se alinham ao quadro de riscos de médio prazo doméstico e externos ainda presentes, segundo avaliação da consultoria Tendências.

Na opinião de Roberto Padovani, economista da Tendências, o BC só deve cortar o juro se perceber que a inflação projetada para 2002 vai ficar abaixo de 3,5% ao ano. Caso contrário manterá a taxa em 19% ao ano.

Eduardo Freitas, economista-chefe do Unibanco, descarta corte na taxa em novembro e avalia que ainda é cedo para fazer previsões para a reunião de dezembro.

"45 dias é muito tempo", comentou ele, acrescentando que embora a taxa de juro real ainda esteja alta há a preocupação com a inflação, que foi maior do que a esperada em outubro.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, registrou em outubro a segunda maior inflação do ano, de 0,83%, perdendo apenas para junho (1,33%). Em setembro, o IPCA ficou em 0,28%.

"Se a inflação recuar em novembro e o dólar permanecer em baixa, há justificativa para um corte na Selic em dezembro", segundo André Loes, economista-chefe do Santander.


BC deve mexer na taxa só em 2002

Já para Mário Mesquita, economista-chefe do Banco Real ABN-Amro Bank, um corte na taxa agora seria precipitado e o BC deve deixar para mexer na Selic somente no próximo ano.

"A previsão é de que a meta de 2001 estoure e a expectativa é de que fique elevada em 2002", disse.

No acumulado do ano, até outubro, o IPCA já registra alta de 6,22%. No ano passado, no mesmo período, o índice estava em 5,02%, chegando ao final de 2000 em 5,97%, ante o objetivo do governo de 6%.

A meta para 2001, no entanto, é de 4%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Para 2001, a meta de inflação é de 3,5%.

A consultoria Tendências trabalha com estimativa de inflação entre 6,5% e 7,5% neste ano. "Bem acima da meta", argumentou Roberto Padovani, ressaltando que se o dólar chegar ao final de 2002 em R$ 2,60 a inflação deverá ficar em 5%.

"Em uma hipótese mais otimista, com dólar a R$ 2,50, a inflação seria de aproximadamente 4,5% no próximo ano", disse.

A desvalorização de 6% na cotação dólar em relação ao real nos primeiros cinco dias de negócios em novembro também não deve influenciar a decisão do BC na próxima reunião, na opinião de Mário Mesquita.

"É cedo para comemorar o recuo do dólar. Não sabemos como ficará a situação argentina e para que lado vai a economia mundial. Portanto, o dólar pode voltar a ficar pressionado", disse.

No início desta semana, o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) reduziu o juro básico pela décima vez no ano, de 2,5% para 2% ao ano, menor patamar desde 1961. Ontem, o BCE (Banco Central Europeu) cortou a taxa básica de juros na zona do euro em 0,5 ponto percentual, para 3,25%.

Os analistas lembram, porém, que tanto nos EUA como na Europa a inflação é bem menor e justifica cortes nos juros, ao contrário do Brasil, onde a inflação continua alta.

O Copom se reúne em novembro, nos dias 20 e 21, e em dezembro, nos dias 18 e 19.
 

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