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16/11/2001
-
07h17
MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo, Enviado especial a Nova York
O FMI (Fundo Monetário Internacional) apresentou ontem um panorama sombrio para a economia global. O Fundo reduziu suas previsões de crescimento do mundo para este ano e para o ano que vem. É a primeira vez que os cenários levam em conta o impacto dos atentados sofridos pelos EUA em 11 de setembro.
Neste ano e em 2002 o globo deve crescer 2,4%, segundo o Fundo. As previsões anteriores eram 2,6% e 3,5%, respectivamente.
A freada global prevista pelo Fundo agora para este ano ganha mais força ainda porque o FMI chegou a prever, em abril, expansão mundial de 3,2% em 2001.
O Fundo também prevê que a América Latina deva continuar patinando. Vai crescer, segundo o FMI, 1,1% neste ano e 1,7% em 2002. A previsão anterior era 1,7% e 3,6%, respectivamente. A instituição não apresentou previsão de crescimento para os países da região.
Os números podem, porém, conter uma boa dose de "chute". Segundo o próprio diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, prever os efeitos que os ataques terroristas terão na economia mundial é algo parecido com "ler folhas de chá".
Apesar da redução das estimativas, Köhler afirmou que ainda há razões para manter o otimismo e que o FMI continua esperando por uma recuperação mundial a partir do segundo semestre de 2002.
O diretor-gerente do Fundo apontou ainda as razões para o otimismo. Ele citou as políticas de estímulo fiscal já adotadas pelos EUA e a redução dos juros tanto nos EUA como na Europa. Köhler lembrou que a queda dos preços do petróleo pode ajudar na recuperação da economia mundial e apelou também para a nova economia. "Apesar dos ajustes no setor de alta tecnologia, ainda existe um potencial para futuros ganhos de produtividade por conta do uso de novas tecnologias."
Köhler apontou os caminhos que os países deveriam adotar para enfrentar e superar a crise. Para os países desenvolvidos, a receita do Fundo é parecida com a já adotada pelos EUA: aliviar a política monetária, reduzindo juros e usar a política fiscal para tentar aquecer suas economias.
Os países em desenvolvimento devem adotar políticas que o Fundo receita desde sempre e que, na visão de Köhler, os tornam hoje menos vulneráveis às crises do que no passado: transparência, consolidação fiscal, manutenção de reservas internacionais elevadas e flexibilidade do câmbio.
Segundo o diretor-gerente do FMI, a instituição está preparada para ajudar os países que, mesmo tendo adotado as políticas adequadas, enfrentam desequilíbrios. Ele lembrou que existem economias que podem tornar-se vulneráveis por conta da queda no preço do petróleo e que muitas já enfrentam problemas por causa da queda dos preços das commodities, das exportações e das receitas com turismo.
EUA questionam
O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, disse ontem que a recuperação econômica de seu país é importante para o mercado mundial. Ele questionou as últimas previsões do FMI sobre o crescimento dos EUA.
Segundo o diretor-gerente do FMI, o país crescerá 1,1% neste ano e apenas 0,7% em 2002, contra a previsão anterior de 2,2%. "Ele está bem por fora", disse O'Neill. Segundo ele, o país já está construindo as fundações de um crescimento sólido para o futuro.
Ele, porém, reconhece que tanto a economia de seu país quanto a mundial precisam de estimulo para crescer mais. Ele pressionou o Congresso do país a acelerar a aprovação de um pacote de estímulo à economia do país.
"Somos tão grandes e importantes na ordem das coisas que é importante que nossa economia opere em um nível maior de crescimento real do que o registrado no último ano", disse.
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FMI prevê cenário de desaceleração global
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da Folha de S.Paulo, Enviado especial a Nova York
O FMI (Fundo Monetário Internacional) apresentou ontem um panorama sombrio para a economia global. O Fundo reduziu suas previsões de crescimento do mundo para este ano e para o ano que vem. É a primeira vez que os cenários levam em conta o impacto dos atentados sofridos pelos EUA em 11 de setembro.
Neste ano e em 2002 o globo deve crescer 2,4%, segundo o Fundo. As previsões anteriores eram 2,6% e 3,5%, respectivamente.
A freada global prevista pelo Fundo agora para este ano ganha mais força ainda porque o FMI chegou a prever, em abril, expansão mundial de 3,2% em 2001.
O Fundo também prevê que a América Latina deva continuar patinando. Vai crescer, segundo o FMI, 1,1% neste ano e 1,7% em 2002. A previsão anterior era 1,7% e 3,6%, respectivamente. A instituição não apresentou previsão de crescimento para os países da região.
Os números podem, porém, conter uma boa dose de "chute". Segundo o próprio diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, prever os efeitos que os ataques terroristas terão na economia mundial é algo parecido com "ler folhas de chá".
Apesar da redução das estimativas, Köhler afirmou que ainda há razões para manter o otimismo e que o FMI continua esperando por uma recuperação mundial a partir do segundo semestre de 2002.
O diretor-gerente do Fundo apontou ainda as razões para o otimismo. Ele citou as políticas de estímulo fiscal já adotadas pelos EUA e a redução dos juros tanto nos EUA como na Europa. Köhler lembrou que a queda dos preços do petróleo pode ajudar na recuperação da economia mundial e apelou também para a nova economia. "Apesar dos ajustes no setor de alta tecnologia, ainda existe um potencial para futuros ganhos de produtividade por conta do uso de novas tecnologias."
Köhler apontou os caminhos que os países deveriam adotar para enfrentar e superar a crise. Para os países desenvolvidos, a receita do Fundo é parecida com a já adotada pelos EUA: aliviar a política monetária, reduzindo juros e usar a política fiscal para tentar aquecer suas economias.
Os países em desenvolvimento devem adotar políticas que o Fundo receita desde sempre e que, na visão de Köhler, os tornam hoje menos vulneráveis às crises do que no passado: transparência, consolidação fiscal, manutenção de reservas internacionais elevadas e flexibilidade do câmbio.
Segundo o diretor-gerente do FMI, a instituição está preparada para ajudar os países que, mesmo tendo adotado as políticas adequadas, enfrentam desequilíbrios. Ele lembrou que existem economias que podem tornar-se vulneráveis por conta da queda no preço do petróleo e que muitas já enfrentam problemas por causa da queda dos preços das commodities, das exportações e das receitas com turismo.
EUA questionam
O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, disse ontem que a recuperação econômica de seu país é importante para o mercado mundial. Ele questionou as últimas previsões do FMI sobre o crescimento dos EUA.
Segundo o diretor-gerente do FMI, o país crescerá 1,1% neste ano e apenas 0,7% em 2002, contra a previsão anterior de 2,2%. "Ele está bem por fora", disse O'Neill. Segundo ele, o país já está construindo as fundações de um crescimento sólido para o futuro.
Ele, porém, reconhece que tanto a economia de seu país quanto a mundial precisam de estimulo para crescer mais. Ele pressionou o Congresso do país a acelerar a aprovação de um pacote de estímulo à economia do país.
"Somos tão grandes e importantes na ordem das coisas que é importante que nossa economia opere em um nível maior de crescimento real do que o registrado no último ano", disse.
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