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26/11/2001 - 08h50

Pechinche e estique seu dinheiro nas compras de final de ano

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PAULA PAVON
da Folha de S.Paulo

Estique a verba destinada para as compras de Natal. Se você quer encher a casa de presentes, mas está com o orçamento apertado, pechinche. Qualquer real de desconto vale o esforço.

Em média, com algum "choro", consegue-se 5% de abatimento nas compras à vista no comércio em São Paulo. Parece pouco, mas nessa época de final de ano, em que comprar um só presente não basta, conseguir um descontinho aqui outro ali faz muita diferença no gasto final.

Seguindo o conselho da maioria dos consultores financeiros de que pagar à vista é melhor que comprar a prazo, a reportagem da Folha de S.Paulo percorreu dois shoppings da cidade pechinchando preços. De 33 lojas visitadas, apenas dez deram desconto para compras à vista.

Mas a garimpagem do melhor preço e toda a retórica gasta, valeram a pena. Numa cesta com 12 itens, que vão desde uma bolsa feminina até um pacote de viagem para a Costa do Sauípe (BA), a reportagem da Folha de S.Paulo conseguiu economizar R$ 469,20. Quase o valor de um DVD.

Na pesquisa feita nos dois shoppings, os descontos obtidos variaram de 4% a 20%, dependendo da loja e do produto. A maioria deles, no entanto, ficou entre 4% e 7%.

É mais fácil, por exemplo, obter descontos em lojas da linha branca (máquina de lavar roupa e geladeira) e da linha marrom (aparelhos de som e videocassetes), já que a concorrência é maior, pois o consumidor consegue comparar mais facilmente os produtos.

Já nas lojas de roupas, o que conta é a grife, o que diminui o poder de barganha do comprador. As lojas de franquias não oferecem desconto. O argumento é que elas seguem uma política única de preço, e não podem concorrer entre si.

O economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo Fábio Pina afirma que o consumidor deve sempre comparar o desconto obtido no varejo com o ganho de uma aplicação financeira. "Se o desconto for de 5% para o pagamento à vista, contra um parcelamento em três vezes iguais, por exemplo, vale a pena comprar à vista."

O raciocínio que deve ser feito pelo consumidor é que, se ele colocasse o dinheiro do pagamento parcelado numa aplicação conservadora, não obteria uma rentabilidade de 5%. "Esse percentual é bastante alto. Nem mesmo numa aplicação mais agressiva ele conseguiria esse retorno no curto prazo."

A advogada Maria Inês Dolci, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), diz que o consumidor deve estar atento ao fato de o lojista não poder cobrar preços diferentes de acordo com o meio de pagamento escolhido. "No passado, o pagamento com cartão de crédito saía mais caro. Mas, hoje, essa prática não existe, e é ilegal a loja utilizá-la para persuadir o consumidor a pagar à vista com cheque ou dinheiro", diz.

Esse é um dos motivos pelos quais o lojista incentiva a venda a prazo e prefere não dar desconto para compras à vista. "Ele corre o risco de o consumidor pedir desconto e querer pagar com cartão de crédito", diz.

Se para o consumidor o cartão é um meio de pagamento à vista, o lojista demora até 40 dias para receber da administradora. Além disso, ele tem de pagar um percentual do valor da compra para a administradora do cartão.

Não é só no comércio varejista que você pode usar seu poder de barganha. Pechinche na escola do seu filho, na academia de ginástica, na sua corretora de valores e até no supermercado.

Mas arme-se de bons argumentos antes de sair de casa: não é nada fácil negociar, especialmente nas lojas. Acostumados ao fato de a maioria dos consumidores comprar a prazo, os lojistas são reticentes sempre que alguém lhes pede um desconto à vista.

O consultor de varejo Alberto Serrentino, da Gouvêa de Souza & MD, afirma que boa parte das lojas privilegia o pagamento em prazos longos e não valoriza o consumidor que quer pagar à vista. "É nessa hora que deve entrar a pesquisa em várias lojas e a busca pelo melhor preço, além da conveniência na forma de pagamento", afirma Serrentino.

O que mais o consumidor encontra estampado nas vitrines é o preço da mercadoria parcelado em duas, três, quatro ou até cinco vezes iguais. A soma das parcelas corresponde ao preço para pagamento à vista.

"A venda parcelada é fonte de rentabilidade para a loja", diz Eugênio Foganholo, professor de sistemas de varejo do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais). A lógica financeira é a seguinte: o lojista embute no preço à vista o custo que tem para parcelar o pagamento em até cinco vezes iguais.

Foganholo diz que, fora a margem de lucro, o lojista coloca um juro que varia de 3% a 8% ao mês pelo fato de oferecer a opção de pagamento parcelado. "Quanto maior o número de vezes em que o produto é parcelado, maior deverá ser o desconto a que o consumidor tem direito para pagamento à vista", afirma.

Isso significa que se você optar pela compra parcelada estará pagando um sobrepreço. A melhor opção é pagar à vista com desconto, ainda que ele seja pequeno percentualmente. Esse desconto é justamente uma parte da gordura que o lojista embute no preço para vender a prazo "sem juros".

"A verdade é que, qualquer que seja a forma de pagamento escolhida pelo consumidor, o comércio nunca fará um mau negócio", afirma Sérgio Oliveira, diretor de bens de consumo e varejo da consultoria A.T. Kearney.

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