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27/11/2001 - 09h37

País perde US$ 109 milhões com a saúva

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JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina (PR)

Mais de 10 milhões de m3 de madeira são perdidos todos os anos em reflorestamentos no país pela ação das formigas cortadeiras. Em um cálculo conservador, as reflorestadoras perdem US$ 70 milhões por ano na guerra contra as saúvas e outras cortadeiras.

Nos mais de 3 milhões de hectares em reflorestamento no país, as empresas gastam R$ 100 milhões por ano (US$ 39,2 milhões) no controle das cortadeiras, o que eleva o prejuízo para US$ 109,2 milhões. As principais, em termos de danos econômicos, são as saúvas cabeça de vidro e limão.

A avaliação é do engenheiro florestal José Cola Zanuncio, 51, da Universidade Federal de Viçosa (MG). Segundo ele, a falta de políticas públicas para o controle de formigas prejudica o trabalho de combate à praga.

Zanuncio diz que não existem levantamentos sobre os prejuízos à pecuária e à cana-de-açúcar, mas que, no último caso, cerca de 10% da produção fica com as cortadeiras.

"Além de políticas públicas, com controle microrregional, é necessário um manejo constante das áreas atacadas pelas cortadeiras como forma de conviver com as formigas", afirma Zanuncio.

O eucalipto, da famílias das mirtáceas, é o tipo de floresta artificial mais suscetível à ação das formigas. "Por ser da mesma família de espécies nativas, como as goiabeiras e o araçá, o eucalipto sofre mais que as variedades de pínus usadas nos reflorestamentos."

A manutenção de sub-bosques nativos em meio aos reflorestamentos e a utilização de iscas em papel parafinado, já disponíveis no mercado, são recomendações básicas para diminuir as perdas.

No caso das iscas em papel parafinado, a grande vantagem é a preservação da fauna silvestre. Segundo Zanuncio, iscas em sacos plásticos provocavam mortes de animais silvestres e causavam impacto ambiental.

A maior dificuldade que os pesquisadores encontram no combate às formigas cortadeiras é sua organização social quase perfeita. "Você pode destruir até 95% de um formigueiro, mas, se a rainha sobreviver, ele vai se reconstruir rapidamente", explica Zanuncio.

Cientistas tentam, ainda sem sucesso, descobrir o processo químico que leva os formigueiros a uma organização quase perfeita, na qual cada membro -soldados, cortadeiras, jardineiras e rainha- desempenha uma função específica.

"Se conseguirmos descobrir o processo químico dessa organização, poderemos desarranjar essa organização social, que funciona como um corpo único, e ter mais sucesso no combate aos danos comerciais das formigas."

Danos urbanos

As formigas que vivem nos centros urbanos são transmissoras de bactérias e uma das grandes fontes da infecção hospitalar. Estudos do Instituto Biológico de São Paulo mostram que as mais de 30 espécies urbanas causam sérios problemas de saúde pública.

"Em um mesmo hospital foram encontradas 23 espécies de formigas e todas veiculando bactérias", afirma a pesquisadora Ana Eugênia Carvalho Campos-Farinha. Segundo ela, o maior problema é que as formigas urbanas preferem ambientes arejados e infestam centros cirúrgicos e UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), além de residências.

Campos-Farinha defende que o controle das formigas urbanas tenha o mesmo caráter preventivo que o controle de ratos e baratas. "É preciso estudar melhor a ação das formigas como vetores de doenças."

Segundo ela, os próprios fabricantes de venenos ainda não se aperceberam da gravidade do problema. "Desde o aparelho eletrônico que elas danificam em uma residência até bactérias em um centro cirúrgico, os danos são consideráveis e precisam ser mais bem analisados."

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