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28/11/2001 - 15h05

Entenda por que os especuladores não deixam o dólar cair

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

Imagine um banco que comprou dólar a R$ 2,80 logo após o ataque terrorista de 11 de setembro e agora assiste, nas últimas semanas, à queda sucessiva das cotações, perto de R$ 2,40.

Ou seja, uma diferença de 40 centavos por dólar. Multiple esse valor por um lote de US$ 100 milhões. Ou seja, uma perda de R$ 40 milhões, uma bolada.

Imagine agora uma empresa exportadora que paga caro por uma consultoria, por seus estudos sobre cenários futuros, a fim de que possa planejar os negócios da companhia, realizar previsões de faturamento e de custos.

Se você fosse essa empresa, ficaria feliz com os consultores que não conseguiram prever que o dólar iria cair tanto este mês?

É nesse clima que vive hoje o mercado de câmbio desde que o dólar comercial começou a despencar, há cinco semanas.

Por mais que se argumente que todas as projeções foram feitas com base em gráficos, avaliações técnicas, históricas e dados disponíveis, é difícil para a maioria dos analistas assumir uma frase banal aos mortais: "Errei".

Agora, como há quem aposte em um dólar a R$ 2,30 em fevereiro, cria-se um impasse: o que fazer para reduzir os prejuízos com a aposta infeliz no caos? Correr atrás do prejuízo.

Ou seja, criar um ambiente favorável ao nervosismo, às tensões, difundir boatos sobre tragédias econômicas iminentes, forçar uma nova alta das cotações do dólar.

Aproveitando-se do "off" (informação concedida no anonimato), é fácil estabelecer conexões arbitrárias entre fatos e factóides.

Se o dólar sobe, espalha-se que o "motivo" é a Argentina. Se o dólar cai, espalha-se que a Argentina deu "trégua" ou que houve o "descolamento" entre os riscos Brasil e Argentina. Isso não quer, no entanto, dizer que, em alguns momentos, essas tensões sejam realmente relevantes.

Esta semana, uma missão do FMI chegou a Buenos Aires. Vai medir a temperatura da estagnada economia argentina e pode dar uma colher de chá ao país do tango. Ontem, espalhou-se que a missão estaria pressionando o governo a desvalorizar o peso. Pode ser verdade, mas hoje o Fundo desmentiu oficialmente.

O boato de ontem foi usado à tarde e fez o dólar parar de cair e subir por alguns minutos. Esse é só um dos exemplos recentes de como os especuladores usam as "informações" para tirar vantagens.








 

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