Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/11/2001 - 10h15

Economia esfria mais e PIB do Brasil quase zera no 3º trimestre

Publicidade

SÉRGIO RIPARDO e
ANA PAULA GRABOIS,
da Folha Online, no Rio de Janeiro

A economia brasileira desacelerou ainda mais no terceiro trimestre deste ano, refletindo os efeitos do racionamento de energia, da alta dos juros e do dólar, além da freada global, agravada pelos ataques terroristas de 11 de setembro.

O PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas produzidas pelo país) ficou próximo de zero, em relação ao segundo trimestre. Teve ligeira variação positiva de 0,05%.

Na comparação com igual período de 2000, o Brasil cresceu só 0,34% - o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 1999, quando o PIB caiu 0,58%, e a economia vivia sob o impacto da maxidesvalorização do real.

Com esse resultado, o crescimento acumulado pela economia no ano caiu. Até o primeiro semestre, era de 3,12%. Agora, de janeiro a setembro, está em 2,17%.

"Houve uma desaceleração generalizada em todos os setores", disse Roberto Olinto, responsável pelo levantamento do PIB, que evitou arriscar palpite para o quatro trimestre.

No período de 12 meses, terminado em setembro, o PIB aumentou 2,56%. Em relação aos números do primeiro semestre, isso representa uma queda de um ponto percentual no acumulado de 12 meses, encerrado em junho (3,57%).


Indústria apaga luz e esfria

Entre os setores da economia, a indústria, submetida a uma meta de racionamento de até 25% (siderúrgicas), teve o pior desempenho de julho a setembro - seu PIB caiu 1,29%, comparado a igual período de 2000.

Obter dinheiro para financiar a produção também ficou mais caro nesse período. Desde julho, os juros básicos estão em 19% ao ano. No início do ano, de janeiro a março, a taxa Selic era bem menor, de 15,25%.

No setor industrial, os segmentos mais afetados foram: grande consumidora de energia e com peso maior no cálculo do PIB, a indústria da transformação caiu 0,07%, em relação ao terceiro trimestre de 2000.

Já a construção civil recuou 2,07%. Os serviços industriais de utilidade pública tiveram a maior variação negativa (-12,10%), mas possuem um peso menor no PIB.

Mais de 90% desses serviços correspondem às empresas do setor elétrico, que não apresentavam queda desde o quarto trimestre de 1992 (-0,13%).

Segundo o IBGE, nessa época, a queda do PIB foi generalizada, em todos os setores - quando a economia teve retração de 0,54% no ano.

Agribusiness lucra com crise do boi

Já a agropecuária cresceu 3,51% no terceiro trimestre, ante o mesmo período de 2000. O setor, de perfil exportador, foi favorecido pela alta do dólar.

A pecuária lucrou com a crise da vaca louca e febre aftosa na Europa no primeiro semestre, elevando, por exemplo, as exportações de frangos. A carne bovina, livre da aftosa, também ganhou espaço no mercado externo.

Outro beneficiado no terceiro trimestre foi o setor de serviços, que registrou um incremento de 1,54%.

Justificativa

Além do desaquecimento mundial e dos efeitos da crise argentina na economia brasileira, há uma justificativa técnica para o pequeno crescimento de 0,34% na atividade econômica no terceiro trimestre, segundo Roberto Olinto, responsável pelo levantamento do PIB.

Ele explica que essa variação foi afetada por ser comparada com um período em que o PIB teve um desempenho acima da média - no terceiro trimestre do ano passado, a economia cresceu expressivos 4,28%.

Em valores, o PIB do terceiro trimestre só será divulgado pelo IBGE no próximo dia 20 de dezembro.

O último resultado, o do primeiro semestre, totaliza R$ 571,520 milhões, sendo que R$ 292,612 milhões no segundo trimestre e R$ 278,908 milhões no primeiro.

Em 2000, a economia brasileira gerou R$ 1,086 bilhão em riquezas.

Leia mais:
  • Por um triz, Brasil escapa da recessão

  • Número do 2tri foi alvo de crítica

  • Goldman Sachs prevê alta de 1,4% em 2001

  • Veja as diferentes projeções para PIB em 2001

  • Fator esperava alta de 0,6% no 3tri

  • Veja projeções do FMI para 2001 e 2002


  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página