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02/12/2001
-
10h44
ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo
Quem correu para comprar geradores meses atrás, quando o plano de racionamento foi anunciado, já se arrepende da compra. Há fabricantes que tentam revender o produto, outros só usam o equipamento em horário de pico. Há quem ainda "torça" discretamente para que falte energia em 2002 -e com isso possa "justificar" o gasto com o maquinário.
"Comprei um gerador de 1.000 kVa e já tinha um de 750 kVa. Tive que revender o novo porque vi que não precisava mais. Está sobrando energia por aí", diz Pio Gavazzi, diretor da Fiesp e presidente da Micromultec, fabricante de itens para o setor eletrônico.
A montadora Mercedes Benz tem utilizado seu gerador a diesel novo, de 1.200 kVa, apenas em horários de pico, ou seja, quando o custo pago pela energia durante o dia é muito alto -geralmente entre as 17h30 e as 20h30.
"Até que não precisaria usar, mas já que compramos, decidimos não deixá-lo parado", diz Jaime Marcandalli, responsável pela área na companhia.
Um conjunto de fatores acabou tornando o equipamento, disputado a tapas meses atrás, um investimento não tão fundamental. Algumas companhias registraram forte queda nas vendas de junho até outubro -devido à retração no consumo- e, com isso, gastou-se uma quantidade de eletricidade menor do que a prevista.
Setores como o eletroeletrônico, automobilístico e metalurgia -que sofreram forte desaquecimento- perceberam então que não seria preciso preocupar-se com a necessidade de atingir as metas de consumo estipuladas pelo governo.
Até porque a CGCEL (Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica) acabou afrouxando as regras de consumo definidas para as indústrias. Se, em junho, as indústrias precisavam economizar até 25% do que consumiam, em novembro, a meta de corte tinha sido revista para menos de 10%. O que tornou ainda mais fácil o controle do consumo de eletricidade por parte das empresas.
Cancelamentos
Vários cancelamentos para a compra do equipamento foram feitos em cima da hora, na tentativa de as empresas evitarem que o negócio fosse finalizado. Razões não faltaram para que as companhias desistissem da encomenda. O preço do produto é alto -o ágio disparou na época do anúncio do racionamento de energia elétrica devido à grande procura. O ágio chegou a alcançar 50% em junho.
"Chegamos até a pedir um equipamento em junho e pagaríamos R$ 70 mil por ele. Cancelamos porque não achamos necessário", disse Cláudio Delbianco, presidente do Sindicouro (Sindicato das Indústrias de Curtimento, Couros e Peles). "Não havia perspectiva de entrega e até foi melhor cancelarmos mesmo. Agora sobra energia", diz.
Abrandamento
Desde ontem, consumidores residenciais e comerciais têm nova meta no programa de redução de energia elétrica do governo.
A meta de redução no consumo de luz caiu para 5% no Norte, para 12% no Sudeste e para 17% no Nordeste.
Nas regiões Sudeste e Nordeste, as metas das cidades turísticas serão de 7% e 12%, respectivamente. Mas o governo ainda vai rever as metas de municípios onde o consumo no verão é muito superior ao do inverno. Há a possibilidade de não haver meta nesses lugares, como o Rio de Janeiro.
Leia mais no especial sobre Crise Energética
Crise econômica "apaga" necessidade de gerador extra
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da Folha de S.Paulo
Quem correu para comprar geradores meses atrás, quando o plano de racionamento foi anunciado, já se arrepende da compra. Há fabricantes que tentam revender o produto, outros só usam o equipamento em horário de pico. Há quem ainda "torça" discretamente para que falte energia em 2002 -e com isso possa "justificar" o gasto com o maquinário.
"Comprei um gerador de 1.000 kVa e já tinha um de 750 kVa. Tive que revender o novo porque vi que não precisava mais. Está sobrando energia por aí", diz Pio Gavazzi, diretor da Fiesp e presidente da Micromultec, fabricante de itens para o setor eletrônico.
A montadora Mercedes Benz tem utilizado seu gerador a diesel novo, de 1.200 kVa, apenas em horários de pico, ou seja, quando o custo pago pela energia durante o dia é muito alto -geralmente entre as 17h30 e as 20h30.
"Até que não precisaria usar, mas já que compramos, decidimos não deixá-lo parado", diz Jaime Marcandalli, responsável pela área na companhia.
Um conjunto de fatores acabou tornando o equipamento, disputado a tapas meses atrás, um investimento não tão fundamental. Algumas companhias registraram forte queda nas vendas de junho até outubro -devido à retração no consumo- e, com isso, gastou-se uma quantidade de eletricidade menor do que a prevista.
Setores como o eletroeletrônico, automobilístico e metalurgia -que sofreram forte desaquecimento- perceberam então que não seria preciso preocupar-se com a necessidade de atingir as metas de consumo estipuladas pelo governo.
Até porque a CGCEL (Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica) acabou afrouxando as regras de consumo definidas para as indústrias. Se, em junho, as indústrias precisavam economizar até 25% do que consumiam, em novembro, a meta de corte tinha sido revista para menos de 10%. O que tornou ainda mais fácil o controle do consumo de eletricidade por parte das empresas.
Cancelamentos
Vários cancelamentos para a compra do equipamento foram feitos em cima da hora, na tentativa de as empresas evitarem que o negócio fosse finalizado. Razões não faltaram para que as companhias desistissem da encomenda. O preço do produto é alto -o ágio disparou na época do anúncio do racionamento de energia elétrica devido à grande procura. O ágio chegou a alcançar 50% em junho.
"Chegamos até a pedir um equipamento em junho e pagaríamos R$ 70 mil por ele. Cancelamos porque não achamos necessário", disse Cláudio Delbianco, presidente do Sindicouro (Sindicato das Indústrias de Curtimento, Couros e Peles). "Não havia perspectiva de entrega e até foi melhor cancelarmos mesmo. Agora sobra energia", diz.
Abrandamento
Desde ontem, consumidores residenciais e comerciais têm nova meta no programa de redução de energia elétrica do governo.
A meta de redução no consumo de luz caiu para 5% no Norte, para 12% no Sudeste e para 17% no Nordeste.
Nas regiões Sudeste e Nordeste, as metas das cidades turísticas serão de 7% e 12%, respectivamente. Mas o governo ainda vai rever as metas de municípios onde o consumo no verão é muito superior ao do inverno. Há a possibilidade de não haver meta nesses lugares, como o Rio de Janeiro.
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