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10/12/2001 - 08h54

Aplicações socialmente responsáveis rendem mais

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SILVANA MAUTONE
da Folha de S.Paulo

Quando se fala em investimento socialmente responsável, a primeira questão que vem à cabeça do investidor é se essa é uma idéia romântica ou se efetivamente ela pode ser uma aplicação lucrativa.

Segundo Luís Eduardo Maia, CEO da ABN Amro Asset Management, ao abraçar a idéia de um fundo como o Ethical, o banco teve como objetivo derrubar dois mitos: que esse tipo de investimento registra performance inferior à dos tradicionais e que ele é destinado somente a militantes de causas sociais ou ambientalistas. "As empresas socialmente responsáveis apresentam rentabilidade superior às demais", afirma.

Para expressar isso em números, a asset pegou a composição da carteira do Ethical e simulou seu desempenho retroativo, partindo do último mês de setembro. Se o fundo tivesse sido criado três anos antes, mantida a mesma carteira, sua rentabilidade teria sido de 147%, contra 51% do Ibovespa. Fazendo a comparação dos 12 meses anteriores, período de forte baixa no preço das ações, o tombo do Ethical teria sido menor do que o Ibovespa: queda de 22% contra um recuo de 34% no índice da Bolsa paulista.

O mercado de investimentos socialmente responsáveis não chega mais a ser novidade no exterior. Pelo contrário. Dependendo do país, é quase uma exigência. "Fundos de pensão da Inglaterra são obrigados, por lei, a divulgar se levam ou não em consideração questões socioambientais, o que, na prática, os induz a buscar esse tipo de investimento", diz Christopher Weels, analista de investimentos socialmente responsáveis do Unibanco.

Neste ano, o Unibanco passou a produzir relatórios sobre empresas que se encaixam nesse perfil para investidores internacionais.

Nos EUA, há pelo menos três índices que medem o desempenho dos papéis de empresas socialmente responsáveis. O primeiro a ser criado, em 1990, foi o DSI (Domini 400 Social Index), que avalia a performance de 400 ações americanas.

Em 1999 a Dow Jones criou o índice Dow Jones Sustainability, que acompanha o desempenho de 310 empresas no mundo. Entre elas estão quatro brasileiras: Cemig, Embraer, Itaú e Unibanco.

Neste ano foi a vez do índice inglês FTSE lançar sua versão politicamente correta, o FTSE4 Good, que acompanha o desempenho de empresas que levam em consideração questões como direitos humanos e meio ambiente.

Desempenho

Segundo levantamento da Thomson Financial, o desempenho do Dow Jones Sustainability foi superior ao do Dow Jones Industrials nos últimos quatro anos. "As empresas estão se conscientizando que esse tipo de postura traz resultados", diz Arleu Aloisio Anhalt, vice-presidente da Thomson.

Segundo ele, é cada vez mais comum empresas no Brasil divulgarem balanços sociais (prestação de contas que abrange questões financeiras e qualitativas de ações socialmente responsáveis por elas desenvolvidas).

Há quem questione, porém, se o mercado brasileiro tem condições de abrigar um fundo de ações que se comprometa a investir apenas em papéis de empresas socialmente responsáveis. "O fundo do ABN será a grande cobaia do mercado", diz Roberto Gonzalez, diretor da Access Consulting.

John Forgach, presidente da A2R, que capta dinheiro no exterior para projetos ambientais na América Latina, diz acreditar que a falta de liquidez do mercado brasileiro será o grande desafio de fundos como o Ethical. "Ao fazer a seleção das empresas listadas em Bolsa que podem integrar o fundo, o problema da falta de liquidez se torna mais grave", diz.

 

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