Publicidade
Publicidade
26/12/2001
-
07h59
FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
O Banco Central argentino decidiu estender por mais um dia o feriado bancário e cambial que começou na sexta-feira.
Com a medida, o governo tenta ganhar tempo para decidir o que fazer com os depósitos bancários, segundo avaliação de diferentes economistas ouvidos pela Folha.
No início do mês, o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo impôs limite aos saques bancários, de US$ 250 semanais, para tentar conter a sangria de recursos que os bancos sofriam.
Com a decisão do governo, os argentinos terão hoje o sexto dia consecutivo sem poder realizar serviços bancários ou comprar dólares nas casas de câmbio.
"Acho bastante provável que o feriado bancário seja estendido até o dia 2 de janeiro. O limite de saques não resolveu o problema de saída de recursos dos bancos e o governo tenta encontrar uma solução para isso", diz o economista José Luis Espert, da consultoria Espert & Associados.
Na última semana, o Congresso aprovou uma lei para que as contas bancárias destinadas a receber salários ficassem livres do limite de saques. Para a decisão dos legisladores passar a valer, tem de ser publicada no "Diário Oficial", após ser promulgada pelo presidente Adolfo Rodríguez Saá, o que não aconteceu ainda.
"Pelas conversas que já tivemos com os bancos, o fim do limite de saques das contas bancárias destinadas a salários pode acontecer no dia 4 ou 5 de janeiro", afirmou Oraldo Britos, ministro do Trabalho.
Segundo dados da AD Consultoria, as contas bancárias destinadas aos salários movimentam aproximadamente US$ 5,5 bilhões por mês e mais da metade dessa cifra estaria bloqueada pelo limite de saques.
Com o feriado bancário, uma das últimas decisões do governo De la Rúa fica sem efeito. Na semana passada, Cavallo anunciou que os argentinos teriam direito a um saque extra, de US$ 500. A medida pretendia estimular as compras na semana do Natal.
A fuga de recursos dos depósitos bancários tem sido um problema para o governo nos últimos meses. A saída de dinheiro das contas bancárias enfraquece os bancos e pode gerar uma crise sistêmica.
Desde o início do ano, já fugiram US$ 19 bilhões dos bancos que operam na Argentina. Somente no último dia de novembro, os argentinos sacaram mais de US$ 2 bilhões, com medo de que o governo congelasse os depósitos ou desvalorizasse a moeda do país.
Apesar do feriado, os bancos abrem suas portas para o pagamento de contas e para aposentados e pensionistas receberem seus salários.
O longo feriado bancário se torna um problema ainda maior para os milhões de argentinos que não trabalham com cheques ou cartões bancários.
Analistas do mercado financeiro argentino afirmam ser grande a possibilidade de o governo congelar parte dos depósitos como forma de evitar a fuga. Esse congelamento atingiria os depósitos de maior volume, acima dos US$ 20 mil.
"O governo pode estar preparando a transformação dos depósitos em dólares para "argentinos". Essa seria uma forma de lidar com o problema da falta de dólares que os bancos têm encontrado e que, na prática, acelerou a desvalorização do peso no mercado", afirma Espert.
Com o limite de saques em dinheiro, as pessoas têm utilizado as formas possíveis para tirar dinheiro dos bancos.
Comprar um veículo ou um imóvel com cheque é uma das saídas encontradas. A Bolsa de Valores de Buenos Aires também foi beneficiada, pois aumentou o número de pessoas interessadas em comprar ações.
Leia mais no especial sobre Argentina
Argentina prolonga o feriado nos bancos até hoje
Publicidade
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
O Banco Central argentino decidiu estender por mais um dia o feriado bancário e cambial que começou na sexta-feira.
Com a medida, o governo tenta ganhar tempo para decidir o que fazer com os depósitos bancários, segundo avaliação de diferentes economistas ouvidos pela Folha.
No início do mês, o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo impôs limite aos saques bancários, de US$ 250 semanais, para tentar conter a sangria de recursos que os bancos sofriam.
Com a decisão do governo, os argentinos terão hoje o sexto dia consecutivo sem poder realizar serviços bancários ou comprar dólares nas casas de câmbio.
"Acho bastante provável que o feriado bancário seja estendido até o dia 2 de janeiro. O limite de saques não resolveu o problema de saída de recursos dos bancos e o governo tenta encontrar uma solução para isso", diz o economista José Luis Espert, da consultoria Espert & Associados.
Na última semana, o Congresso aprovou uma lei para que as contas bancárias destinadas a receber salários ficassem livres do limite de saques. Para a decisão dos legisladores passar a valer, tem de ser publicada no "Diário Oficial", após ser promulgada pelo presidente Adolfo Rodríguez Saá, o que não aconteceu ainda.
"Pelas conversas que já tivemos com os bancos, o fim do limite de saques das contas bancárias destinadas a salários pode acontecer no dia 4 ou 5 de janeiro", afirmou Oraldo Britos, ministro do Trabalho.
Segundo dados da AD Consultoria, as contas bancárias destinadas aos salários movimentam aproximadamente US$ 5,5 bilhões por mês e mais da metade dessa cifra estaria bloqueada pelo limite de saques.
Com o feriado bancário, uma das últimas decisões do governo De la Rúa fica sem efeito. Na semana passada, Cavallo anunciou que os argentinos teriam direito a um saque extra, de US$ 500. A medida pretendia estimular as compras na semana do Natal.
A fuga de recursos dos depósitos bancários tem sido um problema para o governo nos últimos meses. A saída de dinheiro das contas bancárias enfraquece os bancos e pode gerar uma crise sistêmica.
Desde o início do ano, já fugiram US$ 19 bilhões dos bancos que operam na Argentina. Somente no último dia de novembro, os argentinos sacaram mais de US$ 2 bilhões, com medo de que o governo congelasse os depósitos ou desvalorizasse a moeda do país.
Apesar do feriado, os bancos abrem suas portas para o pagamento de contas e para aposentados e pensionistas receberem seus salários.
O longo feriado bancário se torna um problema ainda maior para os milhões de argentinos que não trabalham com cheques ou cartões bancários.
Analistas do mercado financeiro argentino afirmam ser grande a possibilidade de o governo congelar parte dos depósitos como forma de evitar a fuga. Esse congelamento atingiria os depósitos de maior volume, acima dos US$ 20 mil.
"O governo pode estar preparando a transformação dos depósitos em dólares para "argentinos". Essa seria uma forma de lidar com o problema da falta de dólares que os bancos têm encontrado e que, na prática, acelerou a desvalorização do peso no mercado", afirma Espert.
Com o limite de saques em dinheiro, as pessoas têm utilizado as formas possíveis para tirar dinheiro dos bancos.
Comprar um veículo ou um imóvel com cheque é uma das saídas encontradas. A Bolsa de Valores de Buenos Aires também foi beneficiada, pois aumentou o número de pessoas interessadas em comprar ações.
Leia mais no especial sobre Argentina
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice