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26/12/2001 - 19h46

Guardador de carros de Portugal se prepara para receber o euro

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da Agência Lusa

Habituados a estender a mão em busca de uma moeda, os guardadores de carros em Portugal se dizem preparados para a chegada do Euro e até se mostram razoavelmente conhecedores das novas regras monetárias.

"Eu aceito tudo, até cheques", brinca Luís, 32 anos, que toma conta de carros na rua. "Se for preciso até recebo em gêneros."

Luís jura de pés juntos que o dinheiro que consegue por dia é por boas causas. "É para ajudar a minha mãe, que é doente e não pode trabalhar", diz.

A partir da próxima terça-feira, dia 1º, a chegada do euro vai trazer alterações significativas à vida dos portugueses, mas o "flanelinha" disse que "vai ser tudo igual".

"É uma moeda como outra qualquer." Mais cauteloso está Zé Manel, "quase 30 anos" que "trabalha" em outro ponto. "Vai ter muita gente roubando quem trabalha", prevê, adiantando que nos "primeiros dias" ainda vai receber na moeda antiga.

"Se as pessoas quiserem me dar escudos eu aceito", diz, até porque "ainda vai demorar um tempo até o pessoal se acostumar com o euro". "Eu próprio ainda não sei muito bem", fala, enquanto encolhe os ombros e puxa mais um cigarro.

Barba por fazer, sobretudo comprido, cigarro no canto da boca, jornal enrolado na mão esquerda - é assim que se apresenta todos os dias Carlos, outro guardador de carros.

"Eu fico por aqui porque a minha mãe está muito doente e não pode trabalhar", justifica, quando questionado sobre os motivos que o fazem ficar pela rua.

Conta que começou a "olhar" carros porque precisava de dinheiro "para certas coisas" e depois habituou-se. Carlos diz que não entende "por que raio" o país terá de se habituar à nova moeda.

"É só para fazer confusão. Não faz sentido nenhum", lamenta, dizendo saber que "um euro vale R$ 2,1".

Habitualmente, quando ajuda algum motorista a estacionar recebe R$ 1,03, agora "vai ser mais difícil, porque terei que fazer contas".

"Eu ainda não vi as moedas, mas já me disseram que há umas que não valem nada. O melhor é as pessoas se habituarem a dar uma moeda certa de um euro", diz.

E se for menos que um euro? Carlos sorri e responde sem pestanejar: "eu nunca risco o carro, mas há por aí colegas que riscam".

Em outro ponto, Miguel, que diz ter 23, embora o rosto mostre uma aparência de 16 ou 17 anos, conta: "comecei com o meu irmão mais velho, e agora estou aqui, mas ele já saiu desta vida".

Espírito jovem, olhar rebelde, Miguel não teme as alterações monetárias que se aproximam. "Já sei, é o euro, não é?", pergunta.

"Para mim é a mesma coisa. Já estou habituado, outro dia houve aí uma dona que me deu US$ 1", conta, acrescentando que "é só uma questão de hábito".

Uma coisa Miguel promete: não vai se aproveitar da confusão para ganhar mais dinheiro. "Eu estou aqui trabalhando, cuidando de carros, não estou aqui para roubar. Ontem um senhor deixou cair uma nota de cinco e eu o avisei. Se quisesse, tinha ficado com ela", disse.

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