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03/01/2002
-
05h47
da Folha de S.Paulo
A intenção de desvalorizar o peso é vista por economistas como sinal de maturidade do governo argentino. Mas a idéia de, após a desvalorização, criar um novo sistema de câmbio, atrelado a uma cesta de moedas, é considerada inviável pela maioria.
A nova administração só anuncia as novas medidas econômicas na sexta-feira, mas ontem já se especulava sobre as linhas gerais do novo pacote. É certo que a estratégia inclui a desvalorização do peso, mas não há consenso sobre o que acontece com o câmbio depois disso.
Cogita-se sobre a criação de um novo regime de câmbio fixo, que atrelaria a cotação do peso a uma cesta de moedas que incluiria o real, o dólar e o euro. "Isso até poderia ser interessante no longo prazo, mas, no curto prazo, significaria apenas uma substituição da conversibilidade com o dólar por outras moedas e não resolveria os problemas do país", diz Marcílio Marques Moreira, consultor sênior da Merrill Lynch e ex-ministro da Economia.
O economista Carlos Tadeu, diretor do Corecon-RJ (Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro), concorda. Ele lembra que o país deve manter um nível razoável de reservas para negociar pacotes de ajuda e a moratória com organismos internacionais e credores estrangeiros. "Para fixar o câmbio, eles teriam que dispor de reservar para intervir caso necessário. Mas a prioridade agora é proteger as reservas."
Para Marcelo Allain, economista do Interamerican Express, com a adoção da cesta, a Argentina repetiria o erro brasileiro de 1999, quando o governo tentou controlar a desvalorização e foi vencido pelo mercado em dois dias.
Apesar de avaliarem que a idéia da criação de uma cesta de moedas é inviável e arriscada, os economistas ouvidos pela Folha dizem que a disposição de desvalorizar a moeda é um sinal de maturidade do governo argentino.
"Pela primeira vez os argentinos estão reconhecendo a realidade", diz Marques Moreira, para quem a desvalorização já era inevitável há algum tempo.
Para a maioria dos economistas, a desvalorização só pode ocorrer depois de o governo pesificar a economia. Todos dizem que não existe saída fácil, já que o governo vai enfrentar resistência de todos praticamente todos os setores da economia argentina.
Seja transformando simplesmente todos os preços e dívidas dolarizados em pesos, seja criando uma taxa especial para fazê-lo, o governo enfrentaria oposição.
"Se o governo arbitrar uma taxa de conversão para os contratos em dólar, o devedor não vai ficar satisfeito e o credor também não", afirma Allain.
"Não há transição pacífica para o caso da Argentina", diz Dalton Gardman, economista da CLSA Emergent Markets.
Leia mais no especial sobre Argentina
Análise: Desvalorização é maturidade, cesta de moedas é inviável
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A intenção de desvalorizar o peso é vista por economistas como sinal de maturidade do governo argentino. Mas a idéia de, após a desvalorização, criar um novo sistema de câmbio, atrelado a uma cesta de moedas, é considerada inviável pela maioria.
A nova administração só anuncia as novas medidas econômicas na sexta-feira, mas ontem já se especulava sobre as linhas gerais do novo pacote. É certo que a estratégia inclui a desvalorização do peso, mas não há consenso sobre o que acontece com o câmbio depois disso.
Cogita-se sobre a criação de um novo regime de câmbio fixo, que atrelaria a cotação do peso a uma cesta de moedas que incluiria o real, o dólar e o euro. "Isso até poderia ser interessante no longo prazo, mas, no curto prazo, significaria apenas uma substituição da conversibilidade com o dólar por outras moedas e não resolveria os problemas do país", diz Marcílio Marques Moreira, consultor sênior da Merrill Lynch e ex-ministro da Economia.
O economista Carlos Tadeu, diretor do Corecon-RJ (Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro), concorda. Ele lembra que o país deve manter um nível razoável de reservas para negociar pacotes de ajuda e a moratória com organismos internacionais e credores estrangeiros. "Para fixar o câmbio, eles teriam que dispor de reservar para intervir caso necessário. Mas a prioridade agora é proteger as reservas."
Para Marcelo Allain, economista do Interamerican Express, com a adoção da cesta, a Argentina repetiria o erro brasileiro de 1999, quando o governo tentou controlar a desvalorização e foi vencido pelo mercado em dois dias.
Apesar de avaliarem que a idéia da criação de uma cesta de moedas é inviável e arriscada, os economistas ouvidos pela Folha dizem que a disposição de desvalorizar a moeda é um sinal de maturidade do governo argentino.
"Pela primeira vez os argentinos estão reconhecendo a realidade", diz Marques Moreira, para quem a desvalorização já era inevitável há algum tempo.
Para a maioria dos economistas, a desvalorização só pode ocorrer depois de o governo pesificar a economia. Todos dizem que não existe saída fácil, já que o governo vai enfrentar resistência de todos praticamente todos os setores da economia argentina.
Seja transformando simplesmente todos os preços e dívidas dolarizados em pesos, seja criando uma taxa especial para fazê-lo, o governo enfrentaria oposição.
"Se o governo arbitrar uma taxa de conversão para os contratos em dólar, o devedor não vai ficar satisfeito e o credor também não", afirma Allain.
"Não há transição pacífica para o caso da Argentina", diz Dalton Gardman, economista da CLSA Emergent Markets.
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