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07/01/2002 - 10h37

Previsões econômicas para 2001 falharam

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SILVANA MAUTONE
da Folha de S.Paulo

O ano passado, mais uma vez, expôs a fragilidade das previsões feitas por profissionais do mercado financeiro. A desvalorização do real não foi prevista por praticamente ninguém.

Dos seis executivos ouvidos pela Folha de S.Paulo no final de 2000, apenas um, o então presidente da LAM (Lloyds Asset Management), Walter Mundell, chegou a recomendar aplicações em dólar para 2001. A valorização do dólar Ptax, no ano passado, foi de 18,67%, encerrando 2001 cotado a R$ 2,32. Mas em outubro a moeda chegou a encostar nos R$ 2,8.

Robério Costa, economista do Citibank, chegou a prever, na época, estabilidade no câmbio, que deveria fechar o ano cotado a R$ 2. Ele também vislumbrava um cenário de juros em queda, com a Selic em 13% em dezembro -ficou em 19%.

O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, explica que no final de 2000 havia um certo clima de otimismo em razão da blindagem financeira feita em torno da economia argentina. O pacote de ajuda internacional previa cerca de US$ 30 bilhões ao país. "O cenário interno e o externo acabaram sendo muito mais adversos do que se supunha."

Mundell também recomendou que o investidor ficasse fora do mercado acionário no primeiro semestre, período em que a Bovespa registrou queda de 4,59%.

Mas ele era uma voz dissonante no mercado. Roberto Parenti, diretor do Bradesco, por exemplo, achava que o mercado acionário ofereceria grandes oportunidades. "Acho que em 2001 poderemos ganhar tudo aquilo que estava projetado para 2000. Isso deve começar a acontecer a partir do final do primeiro trimestre'', previa ele. O Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou 2001 com queda de 11,02%.

Beto Scretas, responsável pela Schroders Brasil, também previa um bom ano para as Bolsas. A justificativa era que o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) baixaria as taxas de juros. "Historicamente, queda na taxa de juros americana sempre favorece as Bolsas'', disse ele na época.

De fato, os juros nos EUA caíram -e muito. Durante o ano passado, o Fed executou 11 cortes na taxa, que foi reduzida de 6,5% ao ano para 1,75%. Essa política, porém, não foi suficiente para reavivar o mercado de Bolsa.

"O desaquecimento da economia americana foi muito mais forte do que se esperava'', diz Scretas. "Nesse cenário, o Brasil, que estava crescendo num ritmo acelerado demais, o que era ruim para as contas externas, teve de alterar a sua rota de política monetária. Além disso, tivemos a crise energética, que não estava prevista.''

Hugo Penteado, economista-chefe da ABN Amro Asset Management, atribui ao ineditismo da situação da economia dos EUA a explicação para a falha nas previsões. Ele, por exemplo, achava que a economia mundial voltaria a crescer, impulsionada pela queda nas taxas de juros.

Segundo Penteado, o excesso de capacidade instalada nas empresas não permitiu que a política monetária do Fed, de redução da taxa de juros, fosse suficiente para estimular a economia. "Desde o pós-guerra, esse mecanismo sempre tinha funcionado. O que aprendemos em 2001 é que os parâmetros nos quais até então estávamos nos baseando para fazer as análises já não funcionam mais. Eles estão obsoletos'', diz.

Para Mundell, que já no ano passado avaliava que o que acontecia nos EUA não tinha paralelo na história, a Bolsa, no primeiro semestre deste ano, oferecerá excelentes chances de ganho. "A oportunidade que se vislumbra nesse semestre ocorre uma vez a cada cinco anos, quando muito. As ações estão muito baratas.''

No segundo semestre, ele afirma que tudo dependerá de como estará a campanha eleitoral.

Quanto aos EUA, ele diz estar otimista, desde que mantido o cenário atual. "Os estoques já caíram bastante. As empresas logo terão de aumentar a produção. Não será um crescimento brilhante, mas haverá crescimento.'' Para o dólar, ele estima que a cotação fique entre R$ 2,30 e R$ 2,50.

 

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