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11/01/2002
-
07h35
ÉRICA FRAGA
MARCELO MOTA
da Folha de S.Paulo
O agravamento da crise argentina está levando bancos de investimento e institutos ligados às exportações a revisar para baixo suas estimativas de superávit comercial para o Brasil em 2002. Há economistas, ouvidos pela Folha, que já estão reduzindo suas projeções de saldo positivo para a balança em até US$ 1 bilhão.
"As exportações brasileiras já tiveram uma queda expressiva para a Argentina em 2001 e isso deverá se repetir neste ano'', disse Octávio de Barros, economista-chefe do BBV, que está revendo sua estimativa de superávit comercial de US$ 4,7 bilhões para um número um pouco inferior a US$ 4 bilhões.
A recuperação da balança comercial brasileira e a desvalorização do real no fim do ano passado levaram os economistas a fazerem estimativas bastante positivas para a balança comercial brasileira neste ano. A piora da crise na Argentina, no entanto, arrefeceu um pouco esse otimismo.
Com a desvalorização do peso, acredita-se que os produtos argentinos ganharão competitividade no mercado brasileiro. Além disso, nossas exportações para a Argentina, que já haviam caído US$ 1,2 bilhão em 2001, podem repetir a dose neste ano.
"As exportações brasileiras deverão cair novamente entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão neste ano'', diz Elson Yassuda, economista da Hedging-Griffo que mudou sua estimativa de superávit comercial de US$ 5 bilhões para US$ 4 bilhões em 2002.
O diretor da Unibanco Asset Management, Jorge Simino, lembra que o calote de importadores argentinos é outro fator que poderá prejudicar nossa balança. Ele espera que a Argentina traga um impacto negativo de US$ 1 bilhão na balança comercial brasileira.
"Estamos com uma estimativa de superávit de US$ 4 bilhões e não revimos esse número porque já estávamos mais pessimistas em relação à Argentina do que a média do mercado no ano passado'', afirmou Simino.
Segundo o economista-chefe do Lloyds, Odair Abate, os efeitos da crise argentina para o Brasil ainda não podem ser completamente avaliados. 'Ainda precisamos saber em quanto o peso vai se desvalorizar e quanto tempo durará a recessão argentina para podermos ter uma idéia mais clara dos impactos para o Brasil'', disse Abate.
O economista do Lloyds estimava um saldo positivo de até US$ 6 bilhões para a balança neste ano. Agora, acredita em um superávit mais modesto de, aproximadamente, US$ 5 bilhões.
A desvalorização do peso também trará efeitos negativos sobre a balança comercial brasileira que não passam diretamente pela relação bilateral entre os dois países. A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) acredita, por exemplo, que, com a desvalorização do peso, a Argentina poderá adotar uma política agressiva para ganhar uma maior fatia do mercado externo.
Isso poderá derrubar, segundo José Augusto de Castro, diretor da AEB, os preços da soja, principal produto de exportação brasileiro. Por isso, a AEB também está revendo sua projeção de superávit da balança para baixo. A estimativa anterior da instituição era de US$ 4,1 bilhões.
Compensação
Embora acreditem que a crise argentina continuará afetando nossa balança comercial, há economistas que apostam que esse impacto negativo será compensado de outras formas.
"Já há quem preveja a recuperação econômica dos Estados Unidos ainda neste primeiro trimestre', diz, João Antonio Pena, economista-chefe do BankBoston. Pena não vai baixar, por enquanto, a projeção do banco para o saldo deste ano, que é de um superávit de US$ 4,8 bilhões.
A conquista de novos mercados pelo Brasil é um dos fatores que levam o economista Luiz Fernando Cezário, do ABN-Amro, a manter sua projeção de superávit entre US$ 4 e US$ 5 bilhões.
Superávit do Brasil cairá até US$ 1 bilhão
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MARCELO MOTA
da Folha de S.Paulo
O agravamento da crise argentina está levando bancos de investimento e institutos ligados às exportações a revisar para baixo suas estimativas de superávit comercial para o Brasil em 2002. Há economistas, ouvidos pela Folha, que já estão reduzindo suas projeções de saldo positivo para a balança em até US$ 1 bilhão.
"As exportações brasileiras já tiveram uma queda expressiva para a Argentina em 2001 e isso deverá se repetir neste ano'', disse Octávio de Barros, economista-chefe do BBV, que está revendo sua estimativa de superávit comercial de US$ 4,7 bilhões para um número um pouco inferior a US$ 4 bilhões.
A recuperação da balança comercial brasileira e a desvalorização do real no fim do ano passado levaram os economistas a fazerem estimativas bastante positivas para a balança comercial brasileira neste ano. A piora da crise na Argentina, no entanto, arrefeceu um pouco esse otimismo.
Com a desvalorização do peso, acredita-se que os produtos argentinos ganharão competitividade no mercado brasileiro. Além disso, nossas exportações para a Argentina, que já haviam caído US$ 1,2 bilhão em 2001, podem repetir a dose neste ano.
"As exportações brasileiras deverão cair novamente entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão neste ano'', diz Elson Yassuda, economista da Hedging-Griffo que mudou sua estimativa de superávit comercial de US$ 5 bilhões para US$ 4 bilhões em 2002.
O diretor da Unibanco Asset Management, Jorge Simino, lembra que o calote de importadores argentinos é outro fator que poderá prejudicar nossa balança. Ele espera que a Argentina traga um impacto negativo de US$ 1 bilhão na balança comercial brasileira.
"Estamos com uma estimativa de superávit de US$ 4 bilhões e não revimos esse número porque já estávamos mais pessimistas em relação à Argentina do que a média do mercado no ano passado'', afirmou Simino.
Segundo o economista-chefe do Lloyds, Odair Abate, os efeitos da crise argentina para o Brasil ainda não podem ser completamente avaliados. 'Ainda precisamos saber em quanto o peso vai se desvalorizar e quanto tempo durará a recessão argentina para podermos ter uma idéia mais clara dos impactos para o Brasil'', disse Abate.
O economista do Lloyds estimava um saldo positivo de até US$ 6 bilhões para a balança neste ano. Agora, acredita em um superávit mais modesto de, aproximadamente, US$ 5 bilhões.
A desvalorização do peso também trará efeitos negativos sobre a balança comercial brasileira que não passam diretamente pela relação bilateral entre os dois países. A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) acredita, por exemplo, que, com a desvalorização do peso, a Argentina poderá adotar uma política agressiva para ganhar uma maior fatia do mercado externo.
Isso poderá derrubar, segundo José Augusto de Castro, diretor da AEB, os preços da soja, principal produto de exportação brasileiro. Por isso, a AEB também está revendo sua projeção de superávit da balança para baixo. A estimativa anterior da instituição era de US$ 4,1 bilhões.
Compensação
Embora acreditem que a crise argentina continuará afetando nossa balança comercial, há economistas que apostam que esse impacto negativo será compensado de outras formas.
"Já há quem preveja a recuperação econômica dos Estados Unidos ainda neste primeiro trimestre', diz, João Antonio Pena, economista-chefe do BankBoston. Pena não vai baixar, por enquanto, a projeção do banco para o saldo deste ano, que é de um superávit de US$ 4,8 bilhões.
A conquista de novos mercados pelo Brasil é um dos fatores que levam o economista Luiz Fernando Cezário, do ABN-Amro, a manter sua projeção de superávit entre US$ 4 e US$ 5 bilhões.
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