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28/01/2002 - 09h36

Fórum Econômico começa na quinta com segurança reforçada em NY

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Ambos os lados, policiais e ativistas, prometem que vieram em paz e que só reagirão se provocados. Mas o fato é que desde o começo do mês a polícia de Nova York vem treinando como se fosse enfrentar uma guerra.

O campo de batalha é o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) 2002, que acontece pela primeira vez na cidade e que reunirá cerca de 3.000 líderes políticos e empresariais do mundo todo da próxima quinta-feira até o dia 4 de fevereiro.

O evento tem sede e ocorre normalmente em Davos, pequena estação de esqui encravada nos alpes da Suíça. Por reunir nomes polêmicos do mundo político, econômico e empresarial (Bill Gates, dono da Microsoft, é uma das presenças) e defender temas como a globalização como se fossem dogmas divinos, a reunião vem atraindo cada vez mais manifestações contrárias e protestos.

O treinamento policial voltado para o WEF começou tão logo o novo prefeito, o bilionário Michael Bloomberg, assumiu o comando da cidade, no dia 1º. Ele pediu que a missão fosse prioridade de seu novo comissário de polícia (o equivalente no Brasil ao secretário de Segurança Pública).

Raymond Kelly já tinha ocupado o mesmo cargo na gestão de David Dinkins, o último prefeito antes de Rudolph Giuliani (1993-2001), quando a criminalidade na cidade começou de fato a cair. Desta vez, ele não fez por menos.

Convocou 3,5 mil soldados (ou 8,5% de seu efetivo) e batizou a coisa toda de ''Operation Decorum at The Forum'' (Operação Decoro no Fórum). ''Não é nada de mais'', desdenhou Kelly. ''Nova York tem 600 protestos por ano, então podemos dizer que estamos acostumados.''

O fato é que os convocados serão espalhados por uma dezena de grupos especiais, entre eles atiradores de elite, policiais à paisana, membros da polícia montada, da divisão canina e do esquadrão anti-bombas. Além disso, haverá um reforço conjunto da Guarda Nacional nos aeroportos e nas estações de metrô.

Na semana passada ainda, Kelly reuniu os batalhões de choque no estádio Shea, no bairro de Queens, para um treinamento que foi qualificado de ''provocação ostensiva'' por alguns líderes de grupos de protesto.

Ali, instigados por funcionários públicos que fingiam ser ativistas mais exaltados, os policiais treinavam técnicas de imobilização e confronto direto com multidões, com direito a bombas de gás lacrimogêneo de verdade e dezenas de fotógrafos de mentira, que faziam as vezes da imprensa.

Entre os ativistas a serem observados mais de perto, a simples menção do nome ''Black Bloc'' (Coligação Negra, em inglês) levanta sobrancelhas entre os oficiais do serviço de inteligência da Polícia de Nova York.

O grupo estava presente na reunião da Organização Mundial do Comércio, em 1999 em Seattle, que acabou em quebra-quebra, e no encontro do G8 em Gênova, na Itália, no ano passado, que teve como saldo um ativista morto pela força policial local.

Seus membros costumam aparecer vestidos de roupas pretas e bandanas da mesma cor cobrindo o rosto e não raro carregam garrafas, bastões de ferro e coquetéis molotov nas mãos.

Para tentar enfraquecer a atuação do grupo semiclandestino, que vem ganhando cada vez mais popularidade entre os jovens ativistas, a polícia deve ressuscitar uma lei municipal de 1845, que proíbe manifestantes de usar máscaras em protestos públicos.

Raymond Kelly enviou também membros do serviço de inteligência para as cidades em questão (Seattle e Gênova, além de Quebec, no Canadá) para levantar informações entre as forças locais e tentar evitar repetir os erros e excessos cometidos então.

 

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