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18/06/2000 - 09h37

Envolvidos no caso Marka podem ter sigilo quebrado

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CHICO SANTOS
Da Sucursal do Rio

Após o depoimento à Justiça de Salvatore Alberto Cacciola, ex-dono do banco Marka, os procuradores da República responsáveis pela denúncia dos acusados e pelo acompanhamento do processo sobre a ajuda do Banco Central ao Marka concluíram que terão que pedir a quebra do sigilo bancário dos envolvidos no caso.

É que Cacciola disse ao juiz Abel Fernandes Gomes, da 6ª Vara Federal do Rio, que em 1997, durante a crise asiática (abalo na economia mundial a partir de problemas em países asiáticos), ele pagou, com vários cheques, R$ 80 mil ao economista Rubem Novaes, por consultorias. Novaes teria dividido o dinheiro com Luiz Bragança, que intermediou as negociações entre Cacciola e o BC.

Os procuradores estranharam o alto valor, até porque Cacciola ressaltou que o pagamento foi uma forma de ajudar o amigo Novaes, que estaria desempregado.

Como na denúncia do caso Marka os procuradores levantam a hipótese de que possa existir um esquema de propinas pagas por bancos a funcionários do BC em troca de informações privilegiadas, eles agora querem saber se os cheques entregues a Novaes não circularam em contas de supostos funcionários corrompidos.

Novaes e Bragança seriam os intermediários das propinas pagas, inclusive, pelos bancos Marka e FonteCindam. Os dois bancos são os pivôs do chamado caso Marka, no qual a ajuda do BC ao banco de Cacciola, após a desvalorização do real, teria dado prejuízo de R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos.

Na denúncia, os procuradores citam o depoimento de uma testemunha -o jornalista José Policarpo-, segundo o qual um "banqueiro estrangeiro" teria dito que quem recebia as propinas pagas por bancos a funcionários do BC era o ex-presidente da intituição Francisco Lopes.

No texto encaminhado à Justiça que gerou a abertura do processo sobre o caso Marka, os procuradores chegam a levantar suspeita de haver relação entre a consultoria prestada por Novaes e Bragança a Cacciola e a elevação dos juros promovida pelo Banco Central durante a crise da Ásia.
Na época, Lopes era diretor de Política Monetária do BC, o setor da instituição que é o principal responsável pela taxa de juros.

Réus presos

O problema para a quebra do sigilo bancário, segundo disse um dos procuradores, é que as investigações que se seguem a ela são demoradas. Como há réus presos e nesses casos a Justiça precisa ser mais célere no andamento do processo, os procuradores vão estudar qual o momento mais propício para requerer a quebra.

No seu depoimento de mais de seis horas, prestado à Justiça na quinta-feira, dia 15, Cacciola disse que pediu a consultoria sobre a crise da Ásia a Novaes, mas que este propôs lhe apresentar Bragança.

A justificativa, segundo Cacciola, foi que Bragança teria muito conhecimento de mercado, enquanto Novaes seria mais voltado para a área de macroeconomia.

Cacciola disse que gostou da consultoria recebida e que pagou por ela apenas a Novaes, mas ficou sabendo depois que este deu a metade do dinheiro a Bragança. Cacciola disse ainda que pagou a Novaes com cheques de sua conta pessoal.

"Eu remunerei o Rubem com cheque de Salvatore Alberto Cacciola, da minha conta pessoal", afirmou, acrescentando em seguida que o pagamento foi feito "em vários cheques".

Bragança e Cacciola estão em prisão preventiva desde o dia 7 e depuseram semana passada. Amanhã, o juiz da 6º Vara Federal analisa o pedido de relaxamento de prisão feito sexta-feira pelos advogados dos dois.

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