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30/01/2002
-
02h03
da Folha de S.Paulo
No momento em que o presidente George W. Bush faria ontem à noite seu discurso sobre o estado da União, o fantasma da falência escandalosa da companhia energética Enron certamente estaria rondando os pensamentos da maior parte da platéia presente.
Nos últimos 12 anos, 71 dos atuais senadores e 188 dos atuais deputados norte-americanos receberam doações da companhia que quebrou no final do ano passado depois de anos fraudando sua contabilidade, seus investidores e seus funcionários.
Os beneficiados pela Enron formam quase a metade do Congresso americano. Eles não são réus nem estão sendo investigados só por terem recebido recursos da empresa, mas fica claro para a opinião pública do país que uma companhia mal-intencionada pode obter, com um lobby ostensivo, tratamento favorável de quase toda a elite política dos EUA.
Festa de posse
Além de ter sido um dos maiores doadores da campanha presidencial de Bush, a Enron deu US$ 100 mil para a festa de posse, em janeiro passado.
Desde então, as portas da residência oficial do vice-presidente Richard Cheney foram abertas para os executivos da Enron, que mantiveram com ele seis reuniões no ano passado.
São justamente as minutas dessas reuniões, que trataram da elaboração do plano energético de Bush, que a Casa Branca se nega a divulgar ao Congresso.
O que se sabe é que Cheney, um político que já chefiou uma companhia do setor energético norte-americano, saiu desses encontros defendendo o mesmo que a Enron: a expansão e a desregulamentação da produção, incluindo a abertura do Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico para perfuração petrolífera.
Mas as doações da Enron não se limitaram a Bush, embora o presidente e o Partido Republicano tenham sido privilegiados pela companhia.
A Enron gastou US$ 5,8 milhões em eleições federais nos últimos 12 anos, e 73% desse dinheiro foi para republicanos.
No topo da lista dos beneficiados estão dois senadores republicanos do Texas, Kay Bailey Hutchison (US$ 100 mil) e Phil Gramm (US$ 100 mil), e sete deputados do mesmo Estado, liderados pelo democrata Ken Bentsen (US$ 42.750).
Cheney defendeu-se dizendo que "não há segredos sobre o que foi feito entre o governo e o grupo de trabalho sobre energia".
"Eu me oponho -e o presidente George W. Bush também se opõe- é a que façam algo que a mim, ou a qualquer outro futuro vice-presidente dos EUA, torne impossível manter uma conversa privada com alguém sem ter de ir imediatamente explicar aos parlamentares sobre o que foi falado", disse Cheney.
(MA)
Fantasma do caso Enron assombra a platéia em discurso de Bush
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No momento em que o presidente George W. Bush faria ontem à noite seu discurso sobre o estado da União, o fantasma da falência escandalosa da companhia energética Enron certamente estaria rondando os pensamentos da maior parte da platéia presente.
Nos últimos 12 anos, 71 dos atuais senadores e 188 dos atuais deputados norte-americanos receberam doações da companhia que quebrou no final do ano passado depois de anos fraudando sua contabilidade, seus investidores e seus funcionários.
Os beneficiados pela Enron formam quase a metade do Congresso americano. Eles não são réus nem estão sendo investigados só por terem recebido recursos da empresa, mas fica claro para a opinião pública do país que uma companhia mal-intencionada pode obter, com um lobby ostensivo, tratamento favorável de quase toda a elite política dos EUA.
Festa de posse
Além de ter sido um dos maiores doadores da campanha presidencial de Bush, a Enron deu US$ 100 mil para a festa de posse, em janeiro passado.
Desde então, as portas da residência oficial do vice-presidente Richard Cheney foram abertas para os executivos da Enron, que mantiveram com ele seis reuniões no ano passado.
São justamente as minutas dessas reuniões, que trataram da elaboração do plano energético de Bush, que a Casa Branca se nega a divulgar ao Congresso.
O que se sabe é que Cheney, um político que já chefiou uma companhia do setor energético norte-americano, saiu desses encontros defendendo o mesmo que a Enron: a expansão e a desregulamentação da produção, incluindo a abertura do Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico para perfuração petrolífera.
Mas as doações da Enron não se limitaram a Bush, embora o presidente e o Partido Republicano tenham sido privilegiados pela companhia.
A Enron gastou US$ 5,8 milhões em eleições federais nos últimos 12 anos, e 73% desse dinheiro foi para republicanos.
No topo da lista dos beneficiados estão dois senadores republicanos do Texas, Kay Bailey Hutchison (US$ 100 mil) e Phil Gramm (US$ 100 mil), e sete deputados do mesmo Estado, liderados pelo democrata Ken Bentsen (US$ 42.750).
Cheney defendeu-se dizendo que "não há segredos sobre o que foi feito entre o governo e o grupo de trabalho sobre energia".
"Eu me oponho -e o presidente George W. Bush também se opõe- é a que façam algo que a mim, ou a qualquer outro futuro vice-presidente dos EUA, torne impossível manter uma conversa privada com alguém sem ter de ir imediatamente explicar aos parlamentares sobre o que foi falado", disse Cheney.
(MA)
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