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13/02/2002 - 08h52

Calote dos consumidores volta a disparar

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

A disparada no número de cheques sem fundos no país -que cresceu 35% em janeiro- é apenas uma amostra da inadimplência que afetou o caixa das lojas, das construtoras e das telefônicas nos últimos dois meses.

Quase 3,5 milhões de pessoas deram calote nas lojas de São Paulo em janeiro, 25% mais do que em igual período de 2001.

As contas de telefone não estão sendo pagas. Por isso, 945 mil pessoas atendidas pela operadora Telemar perderam as linhas no final do ano passado.

A empresa bloqueou o serviço por falta de pagamento. Essa quantidade de inadimplentes é considerável -quase 7% do total de linhas em serviço da empresa nos 16 Estados em que opera.

Os atrasos nos pagamentos não se restringem aos serviços telefônicos e ao comércio. A inadimplência em financiamentos imobiliários atingiu, em 2001, o maior nível desde meados dos anos 80, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança).

A taxa chegou a 27% no final de 2001, só inferior à apurada em 1985, quando superou 28%.

Cada um dos setores tenta obter explicações para o fato. No varejo, as redes acreditam que o consumidor chegou a pagar as contas atrasadas em dezembro, mas voltou a perder o controle em janeiro. No mês passado, 3,485 milhões de pessoas deram cheques sem fundos. O número é 25,5% maior do que o do mesmo mês de 2001, com 2,777 milhões de inadimplentes.

O total registrado em janeiro é o segundo maior desde janeiro de 1990, segundo dados da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Só perde para outubro de 2001, quando foram registrados mais de 3,5 milhões de cheques sem fundos.

''Está faltando critério para as lojas concederem crédito'', diz Carlos Henrique de Almeida, assessor da Serasa (Centralização de Serviços Bancários). O resultado, diz ele, é a disparada do calote devido ao desemprego e à retração da renda do trabalhador.

No caso das telefônicas, a perda pode ser traduzida em números. A Embratel tinha R$ 1,9 bilhão a receber de seus clientes no dia 31 de dezembro de 2001. A pendência teve impacto nas contas.

O prejuízo da empresa atingiu R$ 286 milhões no último trimestre do ano passado em decorrência, principalmente, da provisão feita em seu balanço.

Quando uma empresa acha que não vai receber um valor, ela o computa como ''provisão para devedores duvidosos'' no balanço. O valor entra como prejuízo.

Na Brasil Telecom, a taxa de inadimplência passou a ser controlada na ponta do lápis. Por isso, caiu de 6,1% do rendimento bruto em meados do ano passado para 3,2% em setembro. A empresa perdia por dia, com os atrasos, R$ 20 milhões em setembro de 2001, segundo balanço publicado pelo grupo. Analistas de mercado estimam que o valor tenha caído, mas a companhia não comenta o caso.

Isso ocorreu por causa da nova política do grupo. Foi implementada uma cobrança mais rígida para recuperar valores perdidos e lançados planos alternativos para o cliente inadimplente.

Para ter uma idéia do tamanho da dor de cabeça para as empresas, em recente reunião da direção da Telemar o tema "aumento da inadimplência" foi comparado aos estragos produzidos pela recessão mundial e pela crise energética, segundo a Folha apurou.

O aumento na taxa -passou de 3% para 6%, em média- ocorre porque as empresas de telefonia prestam um serviço público e não podem se negar a instalar uma linha telefônica na casa de quem pedir, mesmo um inadimplente. Não podem sequer consultar a lista do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

 

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