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14/02/2002
-
20h28
ELVIRA LOBATO
enviada da Folha de S.Paulo a Milão*
O presidente mundial da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, admitiu hoje, em Milão (Itália), a possibilidade de vender a participação de 30% que o grupo possui na Globo.com.
Segundo Provera, o investimento na empresa brasileira, neste momento, "vale zero". Primeiro, os italianos tentarão tornar o negócio rentável. Se o objetivo não for alcançado, existe a opção de venda.
O grupo italiano pagou, em junho de 2000, US$ 810 milhões por 30% do capital da Globo.com, empresa de capital fechado das Organizações Globo, da família Marinho.
A cifra, na época considerada alta por analistas de mercado, representa cerca de 20% do total dos investimentos (US$ 4,1 bilhões) da Telecom Italia no Brasil.
A aquisição foi feita quando ela era administrada pela Olivetti. Em julho do ano passado, o comando da operadora passou para a Pirelli.
No balanço financeiro parcial de 2001, divulgado hoje, a Telecom Italia fez uma reavaliação, para baixo, de seus ativos em 3,80 bilhões de euros, correspondentes a US$ 3,34 bilhões.
As ações da Globo.com foram desvalorizadas, contabilmente, em US$ 792 milhões (900 milhões de euros). "Fizemos uma reavaliação para zero", enfatizou Provera.
A desvalorização das empresas de internet é um fenômeno mundial. A própria subsidiária de internet do grupo na Itália, chamada Seat PG, foi reavaliada para baixo em 700 milhões de euros (US$ 616 milhões) no mesmo balanço.
O grupo também desvalorizou sua participação na Telecom Argentina _onde é sócio da France Telecom_, por conta da crise naquele país. Segundo Provera, o valor da participação na Telecom Argentina foi reduzido em 300 milhões de euros (US$ 264 milhões).
No ano passado, pouco depois de assumir o comando da companhia, a Pirelli anunciou um plano de reestruturação e de redução das dívidas. Uma das medidas adotadas é a venda de ativos.
O grupo vai se desfazer de 350 das 700 empresas das quais participa. Até agora, já se desfez de ativos no valor de 3,5 bilhões de euros.
Ontem, o grupo anunciou a venda de 19,6% da empresa de telecomunicações francesa Bouygues por 750 milhões de euros (US$ 660 milhões).
O balanço parcial divulgado hoje mostra faturamento de US$ 27,1 bilhões (13,2% maior do que o de 2000) e endividamento de US$ 19,05 bilhões, que, pelo plano trienal, deverá ser reduzido em mais US$ 5 bilhões até o final de 2004.
Provera deixou claro que o grupo italiano vai manter sua participação acionária na empresa Brasil Telecom e que o atrito entre o grupo Opportunity e os demais sócios _fundos de pensão brasileiros e Stet Internacional (Telecom Italia)_ tem diminuído.
"O relacionamento já foi muito difícil, mas vem melhorando nos últimos meses", declarou.
Segundo Provera, a Telecom Italia não cogita vender sua participação (38% do capital votante) na Brasil Telecom porque sua infra-estrutura de rede é importante para o projeto de expansão da TIM (Telecom Italia Mobile) no Brasil e na América do Sul.
O plano estratégico do grupo Telecom Italia para os próximos três anos, porém, não contempla novos investimentos em telefonia fixa fora da Itália. A prioridade, fora do país, estará concentrada na telefonia móvel.
Provera anunciou investimentos, até dezembro de 2004, de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,41 bilhão) na construção de uma rede celular com a tecnologia européia GSM integrando Brasil, Peru, Chile, Argentina, Bolívia e Venezuela.
No plano trienal, o grupo espera chegar, ao final de 2004, com 12 milhões de assinantes do serviço celular com a tecnologia GSM na América do Sul, contra a base atual de 2,8 milhões.
A TIM tem 4,5 milhões de assinantes do serviço celular no Brasil com a tecnologia digital norte-americana, mas cogita fazer a migração dos clientes para o novo sistema.
A TIM desembolsou US$ 933 milhões pelas licenças de GSM no Brasil, mas não conseguiu inaugurar o serviço em janeiro deste ano, como previa, por causa das divergências societárias na Brasil Telecom.
Pelas regras da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a TIM só poderá explorar as licenças se a Brasil Telecom antecipar o cumprimento de suas metas de expansão de linhas referentes a dezembro de 2003.
A Telemar e a Telefônica fizeram a antecipação, mas a Brasil Telecom não fez porque a TIM foi para o leilão sozinha, sem os sócios brasileiros.
O presidente da Anatel, Renato Guerreiro, já admitiu a possibilidade de autorizar o funcionamento da rede GSM da TIM sem a antecipação das metas da Brasil Telecom.
O precedente, segundo ele, se justificaria pelo aumento da competição no mercado. Provera disse que as discussões com a Anatel continuam e que está otimista.
* A jornalista Elvira Lobato viajou a Milão a convite da Telecom Italia.
Telecom Italia admite sair da Globo.com
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enviada da Folha de S.Paulo a Milão*
O presidente mundial da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, admitiu hoje, em Milão (Itália), a possibilidade de vender a participação de 30% que o grupo possui na Globo.com.
Segundo Provera, o investimento na empresa brasileira, neste momento, "vale zero". Primeiro, os italianos tentarão tornar o negócio rentável. Se o objetivo não for alcançado, existe a opção de venda.
O grupo italiano pagou, em junho de 2000, US$ 810 milhões por 30% do capital da Globo.com, empresa de capital fechado das Organizações Globo, da família Marinho.
A cifra, na época considerada alta por analistas de mercado, representa cerca de 20% do total dos investimentos (US$ 4,1 bilhões) da Telecom Italia no Brasil.
A aquisição foi feita quando ela era administrada pela Olivetti. Em julho do ano passado, o comando da operadora passou para a Pirelli.
No balanço financeiro parcial de 2001, divulgado hoje, a Telecom Italia fez uma reavaliação, para baixo, de seus ativos em 3,80 bilhões de euros, correspondentes a US$ 3,34 bilhões.
As ações da Globo.com foram desvalorizadas, contabilmente, em US$ 792 milhões (900 milhões de euros). "Fizemos uma reavaliação para zero", enfatizou Provera.
A desvalorização das empresas de internet é um fenômeno mundial. A própria subsidiária de internet do grupo na Itália, chamada Seat PG, foi reavaliada para baixo em 700 milhões de euros (US$ 616 milhões) no mesmo balanço.
O grupo também desvalorizou sua participação na Telecom Argentina _onde é sócio da France Telecom_, por conta da crise naquele país. Segundo Provera, o valor da participação na Telecom Argentina foi reduzido em 300 milhões de euros (US$ 264 milhões).
No ano passado, pouco depois de assumir o comando da companhia, a Pirelli anunciou um plano de reestruturação e de redução das dívidas. Uma das medidas adotadas é a venda de ativos.
O grupo vai se desfazer de 350 das 700 empresas das quais participa. Até agora, já se desfez de ativos no valor de 3,5 bilhões de euros.
Ontem, o grupo anunciou a venda de 19,6% da empresa de telecomunicações francesa Bouygues por 750 milhões de euros (US$ 660 milhões).
O balanço parcial divulgado hoje mostra faturamento de US$ 27,1 bilhões (13,2% maior do que o de 2000) e endividamento de US$ 19,05 bilhões, que, pelo plano trienal, deverá ser reduzido em mais US$ 5 bilhões até o final de 2004.
Provera deixou claro que o grupo italiano vai manter sua participação acionária na empresa Brasil Telecom e que o atrito entre o grupo Opportunity e os demais sócios _fundos de pensão brasileiros e Stet Internacional (Telecom Italia)_ tem diminuído.
"O relacionamento já foi muito difícil, mas vem melhorando nos últimos meses", declarou.
Segundo Provera, a Telecom Italia não cogita vender sua participação (38% do capital votante) na Brasil Telecom porque sua infra-estrutura de rede é importante para o projeto de expansão da TIM (Telecom Italia Mobile) no Brasil e na América do Sul.
O plano estratégico do grupo Telecom Italia para os próximos três anos, porém, não contempla novos investimentos em telefonia fixa fora da Itália. A prioridade, fora do país, estará concentrada na telefonia móvel.
Provera anunciou investimentos, até dezembro de 2004, de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,41 bilhão) na construção de uma rede celular com a tecnologia européia GSM integrando Brasil, Peru, Chile, Argentina, Bolívia e Venezuela.
No plano trienal, o grupo espera chegar, ao final de 2004, com 12 milhões de assinantes do serviço celular com a tecnologia GSM na América do Sul, contra a base atual de 2,8 milhões.
A TIM tem 4,5 milhões de assinantes do serviço celular no Brasil com a tecnologia digital norte-americana, mas cogita fazer a migração dos clientes para o novo sistema.
A TIM desembolsou US$ 933 milhões pelas licenças de GSM no Brasil, mas não conseguiu inaugurar o serviço em janeiro deste ano, como previa, por causa das divergências societárias na Brasil Telecom.
Pelas regras da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a TIM só poderá explorar as licenças se a Brasil Telecom antecipar o cumprimento de suas metas de expansão de linhas referentes a dezembro de 2003.
A Telemar e a Telefônica fizeram a antecipação, mas a Brasil Telecom não fez porque a TIM foi para o leilão sozinha, sem os sócios brasileiros.
O presidente da Anatel, Renato Guerreiro, já admitiu a possibilidade de autorizar o funcionamento da rede GSM da TIM sem a antecipação das metas da Brasil Telecom.
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