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20/02/2002
-
08h41
MARCELO BILLI
FÁTIMA FERNANDES
O fim do racionamento não deve mudar o ritmo da economia neste ano. O mercado interno está desaquecido, pois os juros subiram, o desemprego aumentou e os salários estão menores. Assim, não haverá estímulo para crescimento do consumo e, consequentemente, da produção. Essa é a avaliação de economistas e empresários consultados pela Folha.
Apesar de o racionamento ser apontado como um dos principais responsáveis pelo desaquecimento da economia brasileira no segundo semestre de 2001, o fim da imposição de metas de consumo de energia não deve provocar uma recuperação imediata no ritmo de crescimento do país.
Motivo: a crise do setor elétrico veio acompanhada de turbulências na economia internacional, de oscilações bruscas no câmbio e da elevação das taxas de juros. Essas situações se mantêm, ainda que com menor intensidade.
A recessão da economia dos EUA, o baixo crescimento da Europa e o colapso da Argentina limitaram a expansão das exportações brasileiras. O superávit comercial de mais de US$ 2 bilhões foi alcançado mais pela redução das importações do que pelo aumento das vendas externas.
Durante 2001, a crise argentina ameaçou contaminar a economia brasileira. O real se desvalorizou. Para conter a inflação, que poderia subir por causa da alta de preços dos importados, o BC elevou os juros de 15,75% em março para 19% em julho.
O resultado foi a queda do emprego e dos salários pagos no país, que caíram 7,6% em novembro do ano passado em relação ao mesmo mês de 2000. O número de pessoas ocupadas, que subiu 1,5% no primeiro semestre de 2001, caiu 0,2% no segundo.
O racionamento termina, mas as restrições externas e internas ao crescimento continuam. "O fim do racionamento terá pouco impacto na economia. Não há mercado, a não ser para um ou outro setor, estamos numa situação muito ruim", diz Pio Gavazzi, diretor da área de infra-estrutura da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Gavazzi diz que a indústria não deve voltar a consumir energia no mesmo ritmo que consumia antes do racionamento porque está também mais eficiente. Segundo ele, para produzir a mesma quantidade de produtos, o setor industrial gasta hoje 7% menos energia.
A indústria não consegue estimar qual a participação do racionamento no enfraquecimento da economia brasileira, já que o país enfrentou outras crises ao mesmo tempo. Mas tem certeza de que o baque que o Brasil passou não será superado tão rapidamente.
"A indústria estava crescendo e os salários subindo no primeiro trimestre de 2001, o que não se via há três anos. Esse processo foi abortado", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Enquanto a produção industrial cresceu 5,2% no primeiro semestre de 2001, caiu 1,9% no segundo.
O resultado final o crescimento anual de 1,5% -maior do que o que se projetava quando foi anunciado o racionamento, em maio. "Mas não podemos adotar a cultura do "poderia ter sido pior". A comparação tem que ser feita com o ritmo que o país estava anteriormente", afirma.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Coordenação dos Programas em Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, diz que os efeitos do racionamento continuarão sendo sentidos, como o aumento no preço da energia elétrica.
Leia mais no especial sobre Crise Energética
Indústrias não esperam alta na produção com fim do racionamento
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FÁTIMA FERNANDES
O fim do racionamento não deve mudar o ritmo da economia neste ano. O mercado interno está desaquecido, pois os juros subiram, o desemprego aumentou e os salários estão menores. Assim, não haverá estímulo para crescimento do consumo e, consequentemente, da produção. Essa é a avaliação de economistas e empresários consultados pela Folha.
Apesar de o racionamento ser apontado como um dos principais responsáveis pelo desaquecimento da economia brasileira no segundo semestre de 2001, o fim da imposição de metas de consumo de energia não deve provocar uma recuperação imediata no ritmo de crescimento do país.
Motivo: a crise do setor elétrico veio acompanhada de turbulências na economia internacional, de oscilações bruscas no câmbio e da elevação das taxas de juros. Essas situações se mantêm, ainda que com menor intensidade.
A recessão da economia dos EUA, o baixo crescimento da Europa e o colapso da Argentina limitaram a expansão das exportações brasileiras. O superávit comercial de mais de US$ 2 bilhões foi alcançado mais pela redução das importações do que pelo aumento das vendas externas.
Durante 2001, a crise argentina ameaçou contaminar a economia brasileira. O real se desvalorizou. Para conter a inflação, que poderia subir por causa da alta de preços dos importados, o BC elevou os juros de 15,75% em março para 19% em julho.
O resultado foi a queda do emprego e dos salários pagos no país, que caíram 7,6% em novembro do ano passado em relação ao mesmo mês de 2000. O número de pessoas ocupadas, que subiu 1,5% no primeiro semestre de 2001, caiu 0,2% no segundo.
O racionamento termina, mas as restrições externas e internas ao crescimento continuam. "O fim do racionamento terá pouco impacto na economia. Não há mercado, a não ser para um ou outro setor, estamos numa situação muito ruim", diz Pio Gavazzi, diretor da área de infra-estrutura da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Gavazzi diz que a indústria não deve voltar a consumir energia no mesmo ritmo que consumia antes do racionamento porque está também mais eficiente. Segundo ele, para produzir a mesma quantidade de produtos, o setor industrial gasta hoje 7% menos energia.
A indústria não consegue estimar qual a participação do racionamento no enfraquecimento da economia brasileira, já que o país enfrentou outras crises ao mesmo tempo. Mas tem certeza de que o baque que o Brasil passou não será superado tão rapidamente.
"A indústria estava crescendo e os salários subindo no primeiro trimestre de 2001, o que não se via há três anos. Esse processo foi abortado", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Enquanto a produção industrial cresceu 5,2% no primeiro semestre de 2001, caiu 1,9% no segundo.
O resultado final o crescimento anual de 1,5% -maior do que o que se projetava quando foi anunciado o racionamento, em maio. "Mas não podemos adotar a cultura do "poderia ter sido pior". A comparação tem que ser feita com o ritmo que o país estava anteriormente", afirma.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Coordenação dos Programas em Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, diz que os efeitos do racionamento continuarão sendo sentidos, como o aumento no preço da energia elétrica.
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