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05/03/2002
-
10h37
CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo
A clonagem de mudas de cacau no sul da Bahia está ajudando a lavoura cacaueira a recuperar as perdas causadas pela vassoura-de-bruxa.
Depois de dez anos em declínio, a produção brasileira de cacau começa a mostrar sinais de retomada do crescimento, segundo Hilton Kruschewski Duarte, 52, diretor da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira). A safra esperada para 2002 é de 175 mil t, um aumento de 22% em relação a 2001.
Desde 1998, o Ceplac e o Cepec (Centro de Pesquisas do Cacau), localizado em Itabuna, sul da Bahia, vêm utilizando a clonagem no combate à vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo "Crinipellis perniciosa",que atingiu todos os 600 mil hectares de cultivo de cacau da região sul do Estado da Bahia.
Com a disseminação da praga, o Brasil, que, até 1989, era o 2º do ranking mundial de produtores de cacau, passou para a 5ª colocação, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Uma vez infectado pelo fungo, o cacaueiro não morre, porém produz amêndoas inaproveitáveis para a comercialização.
A clonagem do cacau ganhou espaço por ser mais eficaz e não afetar o ecossistema, como os métodos tradicionais de controle da praga, fungicidas ou queima das plantas contaminadas.
Técnica
A técnica de clonagem consiste em permitir a reprodução assexuada de uma planta.
Segundo Wilson Monteiro, 50, geneticista coordenador do Cepec, o primeiro passo do processo é aprimorar geneticamente as sementes de cacau para produzir espécies resistentes ao fungo causador da vassoura-de-bruxa.
Depois da germinação, os pedaços extraídos das novas plantas clonadas, conhecidos como "garfos", estão prontos para serem enxertados nas árvores atingidas pela praga.
Em seis meses, a árvore clonada já possui copa própria, e a infectada pela vassoura-de-bruxa pode ser decepada. Para o produtor, essa técnica representa uma renovação mais rápida da lavoura. Em cerca de dois anos a nova planta está pronta para produzir.
Outro modo de utilização da clonagem é o plantio direto de mudas clonadas produzidas em laboratório.
De acordo com Jonas de Souza, pesquisador do Cepec, outra vantagem da técnica é que ela é de fácil assimilação pelos trabalhadores rurais.
Em três dias, os profissionais estão capacitados realizar enxertos. Estima-se que haja cerca de 110 mil trabalhadores e produtores de pequeno porte na Bahia, dos quais cerca de 28 mil foram treinados pela Ceplac.
Custos
Segundo o Ceplac, a clonagem custa R$ 2.500/hectare. Segundo Fernando Florence, 54, coordenador do Comitê de Recuperação da Lavoura Cacaueira, desde 1995, o governo do Estado da Bahia vem promovendo a renegociação das dívidas e financiamento com taxas de juros mais baixas, para facilitar o acesso dos produtores à utilização da clonagem.
Hoje, cerca de 8% das lavouras de cacau da Bahia usam a clonagem, mas a meta do Cepec é que em quatro anos 50% dos produtores sejam beneficiados.
Cacau clonado combate vassoura-de-bruxa no sul da Bahia
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da Folha de S.Paulo
A clonagem de mudas de cacau no sul da Bahia está ajudando a lavoura cacaueira a recuperar as perdas causadas pela vassoura-de-bruxa.
Depois de dez anos em declínio, a produção brasileira de cacau começa a mostrar sinais de retomada do crescimento, segundo Hilton Kruschewski Duarte, 52, diretor da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira). A safra esperada para 2002 é de 175 mil t, um aumento de 22% em relação a 2001.
Desde 1998, o Ceplac e o Cepec (Centro de Pesquisas do Cacau), localizado em Itabuna, sul da Bahia, vêm utilizando a clonagem no combate à vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo "Crinipellis perniciosa",que atingiu todos os 600 mil hectares de cultivo de cacau da região sul do Estado da Bahia.
Com a disseminação da praga, o Brasil, que, até 1989, era o 2º do ranking mundial de produtores de cacau, passou para a 5ª colocação, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Uma vez infectado pelo fungo, o cacaueiro não morre, porém produz amêndoas inaproveitáveis para a comercialização.
A clonagem do cacau ganhou espaço por ser mais eficaz e não afetar o ecossistema, como os métodos tradicionais de controle da praga, fungicidas ou queima das plantas contaminadas.
Técnica
A técnica de clonagem consiste em permitir a reprodução assexuada de uma planta.
Segundo Wilson Monteiro, 50, geneticista coordenador do Cepec, o primeiro passo do processo é aprimorar geneticamente as sementes de cacau para produzir espécies resistentes ao fungo causador da vassoura-de-bruxa.
Depois da germinação, os pedaços extraídos das novas plantas clonadas, conhecidos como "garfos", estão prontos para serem enxertados nas árvores atingidas pela praga.
Em seis meses, a árvore clonada já possui copa própria, e a infectada pela vassoura-de-bruxa pode ser decepada. Para o produtor, essa técnica representa uma renovação mais rápida da lavoura. Em cerca de dois anos a nova planta está pronta para produzir.
Outro modo de utilização da clonagem é o plantio direto de mudas clonadas produzidas em laboratório.
De acordo com Jonas de Souza, pesquisador do Cepec, outra vantagem da técnica é que ela é de fácil assimilação pelos trabalhadores rurais.
Em três dias, os profissionais estão capacitados realizar enxertos. Estima-se que haja cerca de 110 mil trabalhadores e produtores de pequeno porte na Bahia, dos quais cerca de 28 mil foram treinados pela Ceplac.
Custos
Segundo o Ceplac, a clonagem custa R$ 2.500/hectare. Segundo Fernando Florence, 54, coordenador do Comitê de Recuperação da Lavoura Cacaueira, desde 1995, o governo do Estado da Bahia vem promovendo a renegociação das dívidas e financiamento com taxas de juros mais baixas, para facilitar o acesso dos produtores à utilização da clonagem.
Hoje, cerca de 8% das lavouras de cacau da Bahia usam a clonagem, mas a meta do Cepec é que em quatro anos 50% dos produtores sejam beneficiados.
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