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06/03/2002 - 09h15

Indústria arquiva projetos para poupar luz

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SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo

Com o fim do racionamento e do medo da escuridão, muitas empresas começam a desligar os geradores comprados ou alugados ao longo de 2001 e a arquivar projetos de redução de consumo de energia elétrica.

"Passado o susto, muita coisa vai voltar para a gaveta", diz Pio Gavazzi, diretor do departamento de infra-estrutura industrial da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Segundo Gavazzi, a redução de 15,7% do consumo obtida pela indústria brasileira em 2001 deverá cair pela metade. "Agora, a economia vai ficar entre 6% e 7%."
O motivo é o estilo de gestão brasileira: ausência de planejamento de longo prazo e decisões de afogadilho quando a situação aperta.

Prova disso é que, apesar da crise energética do ano passado, a Abesco (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia) só contabilizou "15 ou 20 projetos" de longo prazo implantados nos últimos dois anos, de acordo com seu presidente, Eduardo Moreno.

Segundo Moreno, "há muita ineficiência no país nessa área". A indústria, o comércio e o setor público são responsáveis por cerca de 70% do consumo de energia e, segundo ele, apenas 5% deles implantaram programas de redução de consumo a longo prazo.

A Abesco estima que seriam necessários investimentos de R$ 20 bilhões para tornar eficiente o parque industrial e comercial brasileiro no uso de energia. Moreno diz que o custo médio por projeto seria de R$ 400 mil a R$ 500 mil. "São valores baixos, mas mesmo assim o empresariado resiste."

"A ignorância das empresas sobre energia é muito grande", atesta Gavazzi, da Fiesp. No ano passado, segundo ele, a entidade teve de ensinar seus associados a analisar a conta de luz da empresa para localizar os grandes centros de consumo, definir que tipo de tarifa contratar e decidir onde cortar.

Segundo Gavazzi, a indústria estava acostumada a trabalhar com grande ineficiência na questão energética. Ele cita o caso de uma companhia têxtil do interior paulista que conseguiu reduzir em 40% o consumo no início do racionamento, o dobro da sua meta, lavando janelas, podando árvores em torno da fábrica e baixando luminárias, aproximando-as das bancadas de trabalho.

Baixo custo
O que permitiu tanto desleixo com a questão energética foi o baixo custo do insumo no passado. "Apenas as indústrias eletrointensivas e algumas metalúrgicas têm programas de uso racional de energia" diz Gavazzi. Isso porque esse insumo representa 25% dos custos de produção nesses setores.

"Os empresários precisam ter consciência de que o racionamento acabou, mas o problema estrutural permanece: há déficit na geração e na transmissão e isso não se resolverá no curto prazo", diz Daniel Herrera, gerente do grupo geradores da Atlas Copco.

"Nos últimos dez anos houve uma grande evolução nos equipamentos elétricos, com motores de alto rendimento e baixo índice de perda de energia", afirma Silvio de Oliveira, proprietário da GMG, empresa de serviços de conservação de energia de Goiânia.

Mas, segundo ele, os empresários relutam em trocar equipamentos antigos por outros mais modernos para evitar gastos.

Segundo Oliveira, um projeto de racionalização do uso de energia pode resultar em economia de 30%. "Os investimentos para isso se pagam em quatro anos."

Leia mais no especial sobre Crise Energética
 

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