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11/03/2002
-
09h29
ISABEL CAMPOS
da Folha de S.Paulo
As empresas, principalmente as de médio e grande portes que movimentam mais de R$ 5.000 por pagamento, serão afetadas pelo novo SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), que entra em vigor no dia 22 de abril, pois a maioria delas não está preparada para enfrentar as mudança que vêm pela frente.
Essa é a opinião de consultores ouvidos pela Folha envolvidos com o novo sistema. "A maior parte das empresas não está ciente do aumento de custos que haverá para quem não se adaptar ao SPB", diz o consultor Josino Garcia.
"Muitas empresas, principalmente de médio porte, nem sequer sabem o que é o SPB. Já chegaram a me perguntar se isso não é inseticida", complementa Osvaldo Calixto, diretor da Sagy Consultoria.
Ricardo Balkins, sócio-diretor da Deloitte Touche Tohmatsu, diz que as grandes companhias estão mais bem informadas do que as médias, mas também estão tomando poucas providências em relação ao SPB. "Tecnologia, processos e cultura interna terão de ser modificados, mas a maioria não está se preparando para isso."
O que é
A função de um sistema de pagamentos é permitir o processamento e liquidação de pagamentos e a transferência de recursos entre pessoas físicas, empresas, setor público, Banco Central e instituições financeiras.
Quando assinamos um cheque, utilizamos um cartão de débito ou pagamos uma conta, estamos utilizando um sistema de pagamentos. A partir de 22 de abril, o atual sistema passará por uma modernização tecnológica que há quase três anos vem sendo desenvolvida dentro dos bancos.
O novo SPB permitirá a todas as pessoas transferirem dinheiro para pagamentos, depósitos ou para qualquer outra finalidade por meio eletrônico on-line, isto é, no mesmo dia e praticamente na mesma hora (poderá haver uma pequena defasagem de tempo).
Todos os mecanismos de transferência de dinheiro, como cheques e DOC (Documento de Ordem de Crédito), que passam por um sistema de compensação que não é on-line, continuarão existindo.
Mas a intenção do Banco Central é que aos poucos eles sejam substituídos por alternativas eletrônicas, como o TED (Transferência Eletrônica Disponível), que também será lançado no dia 22, e o cartão de débito.
Como o processo será gradativo, o Banco Central quer, numa primeira etapa, que pelo menos todas as transações em valor igual ou superior a R$ 5.000 sejam feitas pelo novo sistema eletrônico. Isso, porém, terá um custo (leia texto abaixo, à esquerda).
Bancos
Os bancos vão passar por uma profunda transformação quando o novo SPB começar a funcionar. Além da implantação de novas tecnologias, eles também terão de se adaptar à rotina on-line.
Cada banco, explica Altair Assis, diretor da Novabase Brasil, terá de programar diariamente quanto precisará deixar de reserva no Banco Central para atender às suas necessidades de caixa.
Caso o volume de transferências ultrapasse o valor de suas reservas, ele não poderá concluir a operação enquanto não levantar recursos com outra instituição financeira, o que não acontece atualmente. Hoje, os bancos fazem e recebem transferências durante o dia, mas só à noite elas são contabilizadas.
Além disso, quando faltar dinheiro, eles não poderão mais se socorrer no Banco Central. Quem precisar de dinheiro emprestado terá de recorrer a outros bancos.
Essas alterações serão muito importantes para diminuir o risco do sistema financeiro e, segundo consultores, deverão dar uma peneirada no mercado.
"Bancos menores, que costumam trabalhar muito alavancados [fazendo transações bem superiores às suas reservas], poderão ter dificuldade para se adaptar ao SPB", afirma Calixto.
Como o Banco Central não prestará mais socorro, o custo de captação de recursos para alguns bancos considerados de maior risco tenderá a crescer, diz o consultor Garcia.
Outro item que pode atrapalhar a sobrevivência de bancos menores é o custo em tecnologia para adaptação ao SPB.
Assis estima que as grandes instituições estejam gastando, em custos indiretos e diretos, entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, e as pequenas, entre R$ 1 milhão e R$ 3,5 milhões.
Empresas estão despreparadas para mudança do SPB
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da Folha de S.Paulo
As empresas, principalmente as de médio e grande portes que movimentam mais de R$ 5.000 por pagamento, serão afetadas pelo novo SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), que entra em vigor no dia 22 de abril, pois a maioria delas não está preparada para enfrentar as mudança que vêm pela frente.
Essa é a opinião de consultores ouvidos pela Folha envolvidos com o novo sistema. "A maior parte das empresas não está ciente do aumento de custos que haverá para quem não se adaptar ao SPB", diz o consultor Josino Garcia.
"Muitas empresas, principalmente de médio porte, nem sequer sabem o que é o SPB. Já chegaram a me perguntar se isso não é inseticida", complementa Osvaldo Calixto, diretor da Sagy Consultoria.
Ricardo Balkins, sócio-diretor da Deloitte Touche Tohmatsu, diz que as grandes companhias estão mais bem informadas do que as médias, mas também estão tomando poucas providências em relação ao SPB. "Tecnologia, processos e cultura interna terão de ser modificados, mas a maioria não está se preparando para isso."
O que é
A função de um sistema de pagamentos é permitir o processamento e liquidação de pagamentos e a transferência de recursos entre pessoas físicas, empresas, setor público, Banco Central e instituições financeiras.
Quando assinamos um cheque, utilizamos um cartão de débito ou pagamos uma conta, estamos utilizando um sistema de pagamentos. A partir de 22 de abril, o atual sistema passará por uma modernização tecnológica que há quase três anos vem sendo desenvolvida dentro dos bancos.
O novo SPB permitirá a todas as pessoas transferirem dinheiro para pagamentos, depósitos ou para qualquer outra finalidade por meio eletrônico on-line, isto é, no mesmo dia e praticamente na mesma hora (poderá haver uma pequena defasagem de tempo).
Todos os mecanismos de transferência de dinheiro, como cheques e DOC (Documento de Ordem de Crédito), que passam por um sistema de compensação que não é on-line, continuarão existindo.
Mas a intenção do Banco Central é que aos poucos eles sejam substituídos por alternativas eletrônicas, como o TED (Transferência Eletrônica Disponível), que também será lançado no dia 22, e o cartão de débito.
Como o processo será gradativo, o Banco Central quer, numa primeira etapa, que pelo menos todas as transações em valor igual ou superior a R$ 5.000 sejam feitas pelo novo sistema eletrônico. Isso, porém, terá um custo (leia texto abaixo, à esquerda).
Bancos
Os bancos vão passar por uma profunda transformação quando o novo SPB começar a funcionar. Além da implantação de novas tecnologias, eles também terão de se adaptar à rotina on-line.
Cada banco, explica Altair Assis, diretor da Novabase Brasil, terá de programar diariamente quanto precisará deixar de reserva no Banco Central para atender às suas necessidades de caixa.
Caso o volume de transferências ultrapasse o valor de suas reservas, ele não poderá concluir a operação enquanto não levantar recursos com outra instituição financeira, o que não acontece atualmente. Hoje, os bancos fazem e recebem transferências durante o dia, mas só à noite elas são contabilizadas.
Além disso, quando faltar dinheiro, eles não poderão mais se socorrer no Banco Central. Quem precisar de dinheiro emprestado terá de recorrer a outros bancos.
Essas alterações serão muito importantes para diminuir o risco do sistema financeiro e, segundo consultores, deverão dar uma peneirada no mercado.
"Bancos menores, que costumam trabalhar muito alavancados [fazendo transações bem superiores às suas reservas], poderão ter dificuldade para se adaptar ao SPB", afirma Calixto.
Como o Banco Central não prestará mais socorro, o custo de captação de recursos para alguns bancos considerados de maior risco tenderá a crescer, diz o consultor Garcia.
Outro item que pode atrapalhar a sobrevivência de bancos menores é o custo em tecnologia para adaptação ao SPB.
Assis estima que as grandes instituições estejam gastando, em custos indiretos e diretos, entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, e as pequenas, entre R$ 1 milhão e R$ 3,5 milhões.
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