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12/03/2002 - 08h05

Caixa Econômica Federal tem prejuízo de R$ 4,687 bi

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NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo

A Caixa Econômica Federal, segundo maior banco do Brasil, fechou 2001 com prejuízo de R$ 4,687 bilhões. Nem mesmo o socorro de R$ 9,35 bilhões recebido do governo federal em junho ajudou a melhorar o resultado. Só no último trimestre, as perdas foram de R$ 360 milhões. Os números devem ser divulgados em duas semanas.

Levantamento feito pela ABM Consulting mostra que, desde 1995, apenas o Banco do Brasil, entre os principais bancos que atuam no país, já teve prejuízo tão grande quanto o registrado pela CEF no ano passado. Em 1996, o BB encerrou o ano com perdas de R$ 7,5 bilhões.

Segundo o diretor de Finanças da CEF, Valdery Albuquerque, o prejuízo registrado em 2001 é consequência, justamente, das medidas que a instituição precisou adotar para fazer sua reestruturação.

"A idéia era que, daí para a frente [junho de 2001, após o socorro de R$ 9,35 bilhões], a Caixa viesse a dar lucro", afirmou. Albuquerque disse que, agora, a instituição pode gerar lucro de R$ 1 bilhão por ano. "Em janeiro [de 2002], já tivemos lucro de R$ 118 milhões." No segundo semestre de 2001, porém, a CEF teve prejuízo de R$ 294 milhões.

Albuquerque justificou o resultado dizendo que "as ações [referentes à reestruturação] se arrastam por até um ano". Ou seja, no segundo semestre a CEF continuou com a reestruturação, o que afetou suas contas.

Um dos principais objetivos da reestruturação era adequar as contas da CEF a normas criadas pelo Banco Central no final de 1999. Pelas regras, os bancos são obrigados a manter uma provisão para se proteger de prejuízos que venham a ocorrer no futuro.

Na prática, o que os bancos precisam fazer é separar uma certa quantidade de dinheiro que é usada para cobrir um eventual calote. No momento em que é feita a provisão, porém, há um impacto negativo no resultado: ela é contabilizada como despesa e, portanto, reduz o lucro da instituição -ou aumenta o prejuízo.

Quando os bancos fazem suas provisões aos poucos, o impacto no resultado é diluído ao longo do tempo. O problema é que a CEF nunca teve dinheiro suficiente para fazer suas provisões. Isso só foi possível após a reestruturação.

Ao longo dos anos, a CEF acumulou grande quantidade de créditos em que a probabilidade de calote é alta -a maioria deles se refere a financiamentos habitacionais-, o que aumentou a necessidade de provisões. Como elas foram feitas praticamente de uma só vez, no ano passado, o impacto no resultado foi maior.

As provisões feitas no ano passado somam cerca de R$ 4,3 bilhões: R$ 3,8 bilhões feitas no primeiro semestre e R$ 500 milhões no segundo. O prejuízo do ano passado ainda pode ser revertido ao longo dos anos. Se a CEF não sofrer todos os calotes que são esperados, parte das provisões pode ser revertida, o que significa lucro para a instituição.

Albuquerque afirmou ainda que outras duas operações, de menor porte, ajudam a explicar o prejuízo da CEF. Uma delas foi a criação de um PDV (Programa de Demissão Voluntária), que tinha por objetivo cortar gastos com pessoal. Nesse programa, a CEF gastou cerca de R$ 200 milhões.

Além disso, outros R$ 250 milhões foram destinados a gastos extraordinários relativos ao fundo de pensão dos funcionários da CEF.

 

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