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19/03/2002
-
08h51
CLÓVIS ROSSI
Enviado especial a Monterrey
Vinte e quatro horas depois de o enviado especial da Organização das Nações Unidas ao Brasil, o suíço Jean Ziegler, ter criticado o que chama de "guerra social" no país, outro funcionário da ONU faz uma observação negativa:
"O modelo de desenvolvimento latino-americano não gerou os resultados em matéria de redução da pobreza obtidos, por exemplo, na Ásia", diz Mark Malloch Brown, administrador do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O PNUD é a agência internacional responsável pela elaboração do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, que estabelece um ranking de países não com base na sua potência econômica mas na qualidade de vida que oferece a seus habitantes.
Brown culpa, pela pouca eficácia do modelo latino-americano em matéria de combate à pobreza, a dificuldade de vencer o que chama de "desigualdade estrutural". É uma referência ao fato de que os países da América Latina, e em especial o Brasil, têm uma brutal brecha entre os ricos e os pobres, a mais elevada entre os continentes.
Mas o funcionário da ONU elogia os ajustes que o governo FHC estaria fazendo no modelo, ao adotar exatamente o IDH para focar mais precisamente os programas de combate à pobreza no Nordeste.
"Pena que os ajustes estejam sendo feitos agora, quando o crescimento econômico é baixo", completa Malloch Brown.
Ele faz questão de dizer que não é a favor "de jogar fora o modelo", mas de promover ajustes que levem em conta as necessidades microeconômicas, e não apenas a macroeconomia.
O PNUD faz agora uma análise de quantos países estão no caminho de cumprir as metas fixadas na chamada Cúpula do Milênio, realizada em Nova York em 2000. Nela, os 189 países-membros da ONU fixaram oito metas para 2015, entre elas reduzir à metade a parcela da população mundial que vive com menos de US$ 1 por dia, reduzir igualmente à metade a proporção de seres humanos passando fome e dar acesso ao ensino primário a todas as crianças do planeta.
No caminho
O Brasil se sai bem nessa primeira avaliação, que cobre cinco das oito metas. Está "on track" (no caminho) para reduzir a pobreza extrema e a fome, para reduzir (em dois terços) a mortalidade infantil e para melhorar a qualidade da água oferecida à população.
O relatório do PNUD não fala sobre a universalização da educação básica nem sobre a eliminação da discriminação de gênero em todos os níveis educacionais.
No geral, diz o documento, "mais de 40% da população mundial vive em países que estão no caminho para atingir a meta de redução da pobreza. Mas estão concentrados em 11 países, incluindo Índia e China, enquanto 70 países estão muito longe [das metas] ou retrocedendo".
Modelo da América Latina não reduz pobreza, diz ONU
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Enviado especial a Monterrey
Vinte e quatro horas depois de o enviado especial da Organização das Nações Unidas ao Brasil, o suíço Jean Ziegler, ter criticado o que chama de "guerra social" no país, outro funcionário da ONU faz uma observação negativa:
"O modelo de desenvolvimento latino-americano não gerou os resultados em matéria de redução da pobreza obtidos, por exemplo, na Ásia", diz Mark Malloch Brown, administrador do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O PNUD é a agência internacional responsável pela elaboração do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, que estabelece um ranking de países não com base na sua potência econômica mas na qualidade de vida que oferece a seus habitantes.
Brown culpa, pela pouca eficácia do modelo latino-americano em matéria de combate à pobreza, a dificuldade de vencer o que chama de "desigualdade estrutural". É uma referência ao fato de que os países da América Latina, e em especial o Brasil, têm uma brutal brecha entre os ricos e os pobres, a mais elevada entre os continentes.
Mas o funcionário da ONU elogia os ajustes que o governo FHC estaria fazendo no modelo, ao adotar exatamente o IDH para focar mais precisamente os programas de combate à pobreza no Nordeste.
"Pena que os ajustes estejam sendo feitos agora, quando o crescimento econômico é baixo", completa Malloch Brown.
Ele faz questão de dizer que não é a favor "de jogar fora o modelo", mas de promover ajustes que levem em conta as necessidades microeconômicas, e não apenas a macroeconomia.
O PNUD faz agora uma análise de quantos países estão no caminho de cumprir as metas fixadas na chamada Cúpula do Milênio, realizada em Nova York em 2000. Nela, os 189 países-membros da ONU fixaram oito metas para 2015, entre elas reduzir à metade a parcela da população mundial que vive com menos de US$ 1 por dia, reduzir igualmente à metade a proporção de seres humanos passando fome e dar acesso ao ensino primário a todas as crianças do planeta.
No caminho
O Brasil se sai bem nessa primeira avaliação, que cobre cinco das oito metas. Está "on track" (no caminho) para reduzir a pobreza extrema e a fome, para reduzir (em dois terços) a mortalidade infantil e para melhorar a qualidade da água oferecida à população.
O relatório do PNUD não fala sobre a universalização da educação básica nem sobre a eliminação da discriminação de gênero em todos os níveis educacionais.
No geral, diz o documento, "mais de 40% da população mundial vive em países que estão no caminho para atingir a meta de redução da pobreza. Mas estão concentrados em 11 países, incluindo Índia e China, enquanto 70 países estão muito longe [das metas] ou retrocedendo".
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