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24/03/2002 - 03h44

Rede de supermercados atrai cliente de outras cidades

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da Folha de S.Paulo

O poder do grupo Wal-Mart de atrair clientes de concorrentes, mesmo daqueles instalados em outras cidades, foi um dos assuntos abordados na pesquisa do economista Kenneth Stone a que a Folha teve acesso. "Cada centro de distribuição do grupo é construído para atender lojas espalhadas em cidades num raio de distância de alguns dias. A estratégia de gestão da Wal-Mart é extremamente eficiente", avalia Stone.

O enorme volume de negócios do conglomerado, que faturou no mundo US$ 219,8 bilhões em 2001, permite que o Wal-Mart consiga grandes descontos com seus fornecedores. Parte deles é repassada para os clientes. "Mas é falsa a imagem de que tudo no Wal-Mart é mais barato. Seus administradores efetivamente praticam os preços mais baixos nos mil itens mais procurados pela clientela. Os outros 119 mil produtos não são tão baratos", declarou Stone, em entrevista à Folha.

De qualquer maneira, o grupo, que registrou lucro de US$ 6,6 bilhões em 2001, conquistou os consumidores dos Estados Unidos. E os efeitos negativos em cidades pequenas do Estado de Iowa -onde Stone realizou sua pesquisa- que não têm lojas Wal-Mart foram devastadores.

Além de atrair clientes de outros municípios para compras em suas unidades, até mesmo bares e restaurantes localizados perto de um hipermercado Wal-Mart ganham com a chegada do gigante.

De acordo com Stone, em um período de dez anos, os bares e os restaurantes localizados em municípios com lojas Wal-Mart tiveram um aumento em seus negócios da ordem de 5%. As cidades desprovidas de lojas do conglomerado registraram uma queda de 9% em seu movimento.

Resistência

O poder de destruição da concorrência do Wal-Mart não se limita, portanto, apenas às lojas do grupo, mas também aos estabelecimentos comerciais, como restaurantes, que se agrupam ao seu redor. Várias tentativas para impedir a entrada do grupo Wal-Mart em Estados nos EUA, a fim de preservar os supermercados e as mercearias locais, foram adotadas. Mas não deram certo.

O Estado de Vermont, por exemplo, proibiu durante anos a construção de qualquer loja do conglomerado no seu território. A estratégia deu errado. "A Wal-Mart decidiu então construiu lojas nas fronteiras do pequeno Estado de Vermont e acabou atraindo consumidores do Estado onde não podia atuar", diz Stone.

Diante do fracasso, o governo de Vermont acabou liberando a entrada das lojas do grupo.

Para Stone, existem diversas maneiras de os pequenos comerciantes tentarem resistir ao ataque do Wal-Mart. Estratégias como se especializar em mercadorias muito específicas (como velas) e estender o horário de funcionamento do estabelecimento podem dar certo. Também é fundamental conhecer a clientela da região e procurar atraí-la.

Outro lado

A Folha procurou na tarde de sexta-feira o grupo Wal-Mart no Brasil para comentar o estudo de Stone e os projetos de lei da Fecomercio-SP de criar estudos de impacto socioeconômicos. Sua assessoria disse que não tinha tempo hábil para comentar o assunto.

Já o Carrefour afirmou que suas lojas beneficiam também o varejo local, ao atrair consumidores para as suas redondezas. A assessoria do grupo francês declarou ainda que o Carrefour é favorável à criação de um conselho de estudo de impacto socioeconômico e que já tem trabalhado com prefeituras para melhorar a qualidade de vida urbana.

Para o Pão de Açúcar, o Brasil ainda tem muito espaço para a livre concorrência, pois os cinco maiores grupos supermercadistas respondem por 40% das vendas no país, contra os 80% na Europa e 65% nos EUA.
 

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