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25/03/2002
-
17h40
RENATA DE FREITAS
da Reuters
A indústria eletroeletrônica brasileira, particularmente os setores de telecomunicações e informática, tem US$ 92 milhões a receber este semestre por exportações feitas para a Argentina no ano passado. Quase 60% desse montante é de dívidas já vencidas.
Segundo o gerente de relações internacionais da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Mario Roberto Branco, poucos exportadores conseguiram reaver parte dos créditos. O Banco Central, por outro lado, tem sido mais elástico na cobrança dos adiantamentos de contratos de câmbio (ACC), tentando acomodar a situação econômica deteriorada no país vizinho.
"Ainda não se recebeu 10% do que está em atraso'', afirmou Branco à Reuters nesta segunda-feira. ``O pagamento está estático'', disse. Aproximadamente 80 empresas do setor têm créditos a receber da Argentina.
A Abinee já realizou dois levantamentos. Dos US$ 30 milhões em dívidas vencidas no final do ano, menos de US$ 3 milhões já foram pagos.
Além disso, US$ 16 milhões venceram em janeiro e outros US$ 9 milhões, em fevereiro. Para os próximos três meses, há aproximadamente mais US$ 40 milhões em dívidas a vencer.
Algumas empresas brasileiras contrataram advogados para iniciar processos de cobrança na Argentina. Boa parte delas, no entanto, vende para outras subsidiárias do mesmo grupo, utilizando os ACCs. A expectativa desses exportadores que devem para bancos é que o governo brasileiro renegocie o Convênio de Crédito Recíproco (CCR).
Com esse convênio, os dois países fariam uma compensação das exportações bilaterais e, como a Argentina é superavitária, descontaria o que é devido às empresas brasileiras. O CCR vale atualmente apenas para exportações de até US$ 100 mil.
Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado em fevereiro, projetou que as perdas de empresas paulistas com exportações para Argentina podem chegar a US$ 500 milhões.
"Enquanto a questão do CCR não se resolve, o Banco Central não está exigindo o prazo após o vencimento do contrato'', comentou Branco. Numa situação regular, os exportadores deveriam desembolsar os dólares dos ACCs num prazo de até 60 dias.
A Abinee começou a identificar o problema de inadimplência dos importadores argentinos em novembro de 2001, simultaneamente à crise política que levou à queda do presidente Fernando De La Rúa.
Os setores mais afetados são o de telecomunicações e de informática. Os fabricantes de telefones celulares haviam descoberto há dois anos um mercado promissor na Argentina. No ano passado, as exportações do produto para o país vizinho já tinham caído quase 80 por cento.
As empresas buscam agora alternativa esse mercado, principalmente os Estados Unidos. A Nokia divulgou na semana passada que pretende triplicar as exportações, de olho no consumidor norte-americano. A Motorola, líder de exportações do setor no ano passado, conseguiu aumentar as vendas para os EUA, que responderam por 72 do total.
Para os fornecedores de componentes da indústria de informática, o reposicionamento não é tão fácil. ``Quem fabrica componentes não pode deixar de exportar para a Argentina, senão eles não terão como produzir'', argumentou o gerente da Abinee. "Tem que investir no cliente argentino, mas em quantidade menor'', disse.
Indústria de eletroeletrônicos tem US$ 92 mi a receber da Argentina
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da Reuters
A indústria eletroeletrônica brasileira, particularmente os setores de telecomunicações e informática, tem US$ 92 milhões a receber este semestre por exportações feitas para a Argentina no ano passado. Quase 60% desse montante é de dívidas já vencidas.
Segundo o gerente de relações internacionais da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Mario Roberto Branco, poucos exportadores conseguiram reaver parte dos créditos. O Banco Central, por outro lado, tem sido mais elástico na cobrança dos adiantamentos de contratos de câmbio (ACC), tentando acomodar a situação econômica deteriorada no país vizinho.
"Ainda não se recebeu 10% do que está em atraso'', afirmou Branco à Reuters nesta segunda-feira. ``O pagamento está estático'', disse. Aproximadamente 80 empresas do setor têm créditos a receber da Argentina.
A Abinee já realizou dois levantamentos. Dos US$ 30 milhões em dívidas vencidas no final do ano, menos de US$ 3 milhões já foram pagos.
Além disso, US$ 16 milhões venceram em janeiro e outros US$ 9 milhões, em fevereiro. Para os próximos três meses, há aproximadamente mais US$ 40 milhões em dívidas a vencer.
Algumas empresas brasileiras contrataram advogados para iniciar processos de cobrança na Argentina. Boa parte delas, no entanto, vende para outras subsidiárias do mesmo grupo, utilizando os ACCs. A expectativa desses exportadores que devem para bancos é que o governo brasileiro renegocie o Convênio de Crédito Recíproco (CCR).
Com esse convênio, os dois países fariam uma compensação das exportações bilaterais e, como a Argentina é superavitária, descontaria o que é devido às empresas brasileiras. O CCR vale atualmente apenas para exportações de até US$ 100 mil.
Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado em fevereiro, projetou que as perdas de empresas paulistas com exportações para Argentina podem chegar a US$ 500 milhões.
"Enquanto a questão do CCR não se resolve, o Banco Central não está exigindo o prazo após o vencimento do contrato'', comentou Branco. Numa situação regular, os exportadores deveriam desembolsar os dólares dos ACCs num prazo de até 60 dias.
A Abinee começou a identificar o problema de inadimplência dos importadores argentinos em novembro de 2001, simultaneamente à crise política que levou à queda do presidente Fernando De La Rúa.
Os setores mais afetados são o de telecomunicações e de informática. Os fabricantes de telefones celulares haviam descoberto há dois anos um mercado promissor na Argentina. No ano passado, as exportações do produto para o país vizinho já tinham caído quase 80 por cento.
As empresas buscam agora alternativa esse mercado, principalmente os Estados Unidos. A Nokia divulgou na semana passada que pretende triplicar as exportações, de olho no consumidor norte-americano. A Motorola, líder de exportações do setor no ano passado, conseguiu aumentar as vendas para os EUA, que responderam por 72 do total.
Para os fornecedores de componentes da indústria de informática, o reposicionamento não é tão fácil. ``Quem fabrica componentes não pode deixar de exportar para a Argentina, senão eles não terão como produzir'', argumentou o gerente da Abinee. "Tem que investir no cliente argentino, mas em quantidade menor'', disse.
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