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09/04/2002
-
10h03
ALEXA SALOMÃO
da Folha de S.Paulo
A disputa de preços entre frigoríficos e pecuaristas travou o mercado de boi gordo nas principais praças do país. Em São Paulo, por exemplo, grandes frigoríficos oferecem R$ 43 pela arroba (unidade de medida que equivale a 15 quilos). O produtor quer R$ 46, o preço de mercado desde janeiro.
Após dois meses estável, o preço da arroba caiu R$ 3 entre os dias 22 e 26, refletindo o anúncio dos frigoríficos de que haveria redução nos abates e importação de carne da Argentina.
A queda antecipou o movimento natural de mercado. Normalmente, o valor da arroba cai após maio, quando a redução nas chuvas seca o pasto e o boi emagrece.
Os negócios estão praticamente paralisados há duas semanas -período fora do comum para os analistas. A tensão entre os representantes dos dois setores, porém, segue alta. "Isso é formação de cartel", diz Antenor Nogueira, coordenador do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).
"Não fizemos cartel. Não existe cartel para reduzir preço", declara Edvar Queiroz, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas). Segundo Queiroz, os frigoríficos trabalham no vermelho e não conseguem sustentar a cotação de R$ 46 porque há queda no consumo interno e redução nas exportações a partir de abril.
Na avaliação de consultores, o jogo de força por tempo tão prolongando seria um sinal de alerta. "Brigas nesse setor se resolvem em poucos dias. Estamos vendo um ajuste de preços por problemas conjunturais: independentemente da sazonalidade, a cotação do boi cairá ou o preço da carne subirá", diz o corretor Elio Michelon, da HencorpCommcor.
"Alguns frigoríficos estão operando hoje com 10% de sua capacidade", diz o consultor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Na sua avaliação, as empresas cometeram um erro estratégico. "Utilizaram um pé-de-cabra para baixar o preço e conseguiram apenas criar um impasse", afirma.
Com 15 dias de abates em baixa nos grandes frigoríficos, não se registra falta de carne ou pressão sobre os preços do atacado. A oferta de carne para supermercados e açougues é sustentada por empresas menores e compras em Estados que estão fora da disputa. "O abate clandestino também deve garantir a oferta", diz Torres.
Guerra de preço trava mercado de boi
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da Folha de S.Paulo
A disputa de preços entre frigoríficos e pecuaristas travou o mercado de boi gordo nas principais praças do país. Em São Paulo, por exemplo, grandes frigoríficos oferecem R$ 43 pela arroba (unidade de medida que equivale a 15 quilos). O produtor quer R$ 46, o preço de mercado desde janeiro.
Após dois meses estável, o preço da arroba caiu R$ 3 entre os dias 22 e 26, refletindo o anúncio dos frigoríficos de que haveria redução nos abates e importação de carne da Argentina.
A queda antecipou o movimento natural de mercado. Normalmente, o valor da arroba cai após maio, quando a redução nas chuvas seca o pasto e o boi emagrece.
Os negócios estão praticamente paralisados há duas semanas -período fora do comum para os analistas. A tensão entre os representantes dos dois setores, porém, segue alta. "Isso é formação de cartel", diz Antenor Nogueira, coordenador do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).
"Não fizemos cartel. Não existe cartel para reduzir preço", declara Edvar Queiroz, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas). Segundo Queiroz, os frigoríficos trabalham no vermelho e não conseguem sustentar a cotação de R$ 46 porque há queda no consumo interno e redução nas exportações a partir de abril.
Na avaliação de consultores, o jogo de força por tempo tão prolongando seria um sinal de alerta. "Brigas nesse setor se resolvem em poucos dias. Estamos vendo um ajuste de preços por problemas conjunturais: independentemente da sazonalidade, a cotação do boi cairá ou o preço da carne subirá", diz o corretor Elio Michelon, da HencorpCommcor.
"Alguns frigoríficos estão operando hoje com 10% de sua capacidade", diz o consultor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Na sua avaliação, as empresas cometeram um erro estratégico. "Utilizaram um pé-de-cabra para baixar o preço e conseguiram apenas criar um impasse", afirma.
Com 15 dias de abates em baixa nos grandes frigoríficos, não se registra falta de carne ou pressão sobre os preços do atacado. A oferta de carne para supermercados e açougues é sustentada por empresas menores e compras em Estados que estão fora da disputa. "O abate clandestino também deve garantir a oferta", diz Torres.
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