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17/04/2002 - 09h34

Lojas aumentam reservas contra calote

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

O consumidor não tem conseguido pagar tudo que compra e a conta atrasada foi parar no caixa das próprias lojas. De acordo com balanços de redes varejistas, aumentou o volume total de contas pendentes (a receber) no último ano. E as provisões das lojas (perdas por atraso nos pagamentos de clientes) também subiram.

Ao analisar resultados do varejo em um relatório, economistas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deram destaque a esses dados do setor. Segundo o banco, o aumento no montante de contas pendentes indica que as empresas estão vendendo mais a prazo. Isso não chega a ser preocupante. O problema é vender a prazo e não receber pelo produto.

Toda vez que uma empresa acha que não vai receber pela mercadoria que vendeu, inclui essa perda num item do balanço chamado "provisão para devedores duvidosos". É esse montante que tem crescido.

Se o valor total da provisão (perda) sobe, o resultado final da rede é pressionado. Ou seja, o lucro é corroído pela provisão.

O grupo Pão de Açúcar, o maior do setor no país, provisionou R$ 41,7 milhões no ano passado, volume 35,9% maior do que em 2000 (R$ 30,8 milhões). O Bompreço, com 1,8 milhão de clientes fiéis no Nordeste, elevou sua provisão de R$ 2,3 milhões em 2000 para R$ 3,2 milhões em 2001.

Nesse período, a venda das redes varejistas caiu, assim como o lucro. O Bompreço teve prejuízo de R$ 60 milhões em 2001.

No Ponto Frio, que teve aumento no total de contas não-pagas, o lucro líquido caiu de R$ 60 milhões para R$ 39 milhões. A boa notícia para a rede é que a provisão não tem subido muito.
Mas os analistas acreditam que isso não é tendência nas redes que vendem eletrônicos. "A inadimplência nessas redes não tem caído", diz Daniel Pascoali, analista da Fator Doria Atherino. "E não há expectativa de que as provisões tenham diminuído no primeiro trimestre do ano. Com a renda do brasileiro em queda, há uma maior dificuldade em quitar pendências."

O balanço do Bompreço, por exemplo, mostra que no final do ano passado existiam R$ 6,8 milhões em cheques devolvidos na empresa. No ano anterior, eram R$ 5,7 milhões.

Em geral, as lojas cobram a dívida por até 180 dias. Se a conta não é paga, o nome do cliente pode ir para a Serasa (Centralização de Serviços Bancários). A loja decide, então, se irá desistir de cobrar o cliente. E arcar com o custo do mau negócio.

 

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