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21/04/2002 - 08h56

Europeus e latinos se aliam para sociedade da informação

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GILSON SCHWARTZ
articulista da Folha

A aproximação entre União Européia e América Latina é vista por alguns diplomatas e analistas como um antídoto para o estilo Bush de tratar venezuelanos, argentinos e brasileiros. Apesar do protecionismo agrícola europeu.

Avança rapidamente, por exemplo, a negociação de políticas convergentes em setores novos e estratégicos, como os que orbitam em torno das tecnologias de informação e comunicação (internet e TV digital interativa são os exemplos mais notáveis).

O caso da escolha do padrão de TV digital interativa no Brasil é didático. Autoridades brasileiras já sugeriram que esse pode ser um trunfo nas negociações multilaterais, em especial na busca de concessões na área agrícola.

Nesta semana, UE e América Latina celebram um marco na agenda de cooperação com o lançamento do programa "@lis" (Aliança para a Sociedade da Informação) numa cúpula ministerial em Sevilha, Espanha.

A decisão de criar o programa foi tomada no início de dezembro de 2001 pela Comissão Européia. Seu orçamento é de 85 milhões de euros (US$ 75,6 milhões), 75% dos quais financiados pela própria comissão. Informações sobre o programa estão disponíveis em europa.eu.int/information- society/international/ latin/alis/ index- en.htm.

Passada a fase da bolha especulativa de empresas de internet nos EUA, os governos passaram a ter mais influência nos destinos da vida digital no planeta.

Os mercados de capitais, sobretudo Wall Street, ainda não reagiram, e o excesso de capacidade nos setores ligados a telecomunicações é evidente.
Nesse contexto, a sobrevivência de grandes projetos, empresas e políticas setoriais dependerá, ao menos enquanto perdurar o cenário medíocre de crescimento da economia global, da ação dos Estados. Dependência ainda mais crucial, num setor por definição globalizado, quando os Estados se unem em redes de cooperação.

Mas não é apenas o destino de grandes corporações de mídia e telecom que está em jogo. Os velhos modelos de "pronto-socorro" empresarial, centrados em subsídios fiscais e creditícios a perder de vista, proteção tarifária e generosas políticas de regulação de preços, tornaram-se suspeitos.

Dessa agenda respingam sangue, suor e lágrimas. Veja-se o embate dos últimos dias, no Brasil, entre a Anatel, o Banco Central e a Casa Civil em torno da crise no setor de telecomunicação. Pouco antes, houve trepidações por conta da operação de socorro montada pelo BNDES para a Globo Cabo.

Relativamente neutro nessas disputas, o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), responsável pelo programa Sociedade da Informação (www.socinfo.org.br), representará o Brasil na reunião de cúpula que lança o programa "@lis" na próxima quinta-feira. Este articulista acompanha a delegação brasileira, a convite do MCT, para apresentar a Cidade do Conhecimento, projeto do Instituto de Estudos Avançados da USP (www.cidade.usp.br).

Afinal, sem projetos das organizações da sociedade civil e sem formas transparentes e legítimas de regulação, o desenvolvimento centrado nas novas tecnologias midiáticas tem pés de barro.

Atender às demandas dos cidadãos em escala local tornou-se uma condição para o desenho de modelos globais e sustentáveis.

Serão as sociedades organizadas como redes de informação capazes de dar conta do desafio?
 

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