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25/04/2002 - 11h14

Fim de subsídio afeta companhias aéreas regionais

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LÁSZLÓ VARGA
da Folha de S.Paulo

Os vôos regionais -aqueles que ligam uma capital a uma cidade do interior ou do litoral- são atualmente um dos grandes dilemas da aviação comercial brasileira. No início da década de 50, cerca de 350 municípios (incluindo capitais) eram atendidos por aviões. Hoje, o número não ultrapassa 150.

Companhias como a Passaredo, a Taba e a Votec faliram desde 1997, com o fim de subsídios para os vôos regionais.

Para José Luiz Felício, sócio-gerente da Passaredo, a redução nas rotas aéreas no país deixou milhares de pessoas sem possibilidade de chegar aos grandes centros urbanos. A Passaredo foi a última vítima do fim dos subsídios. Encerrou suas atividades em 4 de abril.

"Quem sustentava a empresa era basicamente a suplementação tarifária, um imposto de 3% cobrado sobre o valor das passagens nacionais vendidas por todas as empresas aéreas". Desde 1997, essa tarifa não existe mais.

A Passaredo trabalhou seus últimos dias com vôos que ligavam Ribeirão Preto a São Paulo, Vitória da Conquista (BA) e Salvador. Para Felício, acabou sendo vítima da nova política de desregulamentação, apoiada por grandes empresas e sancionada pelo DAC (Departamento de Aviação Civil).

"Espero que uma nova política de incentivos volte com a criação da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil"", afirmou Felício. Até 1997, cerca de um terço da receita da Passaredo vinha de verbas da suplementação tarifária. Um avião Brasília da empresa faturava R$ 750 mil por dia, mas a empresa recebia mais R$ 250 mil como auxílio do DAC.

Política de governo
Tanto o DAC como o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) não comentaram o assunto ontem. José Carlos Mello, vice-presidente da Gol, declarou ser contra a volta dos 3% de cobrança sobre o valor das passagens aéreas. Afirmou, no entanto, que cidades longínquas de grandes centros urbanos, como as da Amazônia, necessitam de uma política de transporte.

"O país precisa de uma política de governo para atender essas regiões. O dinheiro deve sair do Tesouro Nacional, como ocorre nos Estados Unidos", disse Mello.

Apesar de a Gol trabalhar hoje apenas com vôos que ligam capitais, Mello disse que existem muitas rotas regionais com potencial de gerar lucro, mesmo sem subsídio. "A Gol em breve vai entrar nesse segmento". Cidades como Joinville (SC) e Londrina (PR) seriam alguns dos alvos.

Modelos diferenciados
A Nacional não é uma empresa regional, mas desde o dia 13 de fevereiro suspendeu as atividades. Não voa mais para Fortaleza, Salvador e Brasília, por exemplo.

A gerente de marketing da empresa, Estela Ricciardi, disse, no entanto, que até meados de maio a Nacional retomará os vôos, sendo alguns deles regionais. Vai realizar a rota que liga Avaré (a 280 km de São Paulo) à capital paulista, entre outras que estuda.

"Os vôos regionais são possíveis. Só que as empresas não podem se basear nos modelos de vôos de grandes companhias, como a Varig e TAM", disse Ricciardi. A gerente negou que a Nacional paralisou suas atividades devido à falta de clientes, como a ausência de passageiros provenientes de Córdoba, na Argentina.

"Paralisamos nossas operações porque nossa infra-estrutura não suportava o aumento da procura". A Nacional, segundo ela, termina em breve uma reestruturação e vai se dedicar também ao transporte de carga.

Também a Vasp pretende inaugurar rotas dedicadas a pequenas cidades. A companhia aérea estuda comprar a médio prazo 15 jatos EJR-170 da Embraer justamente para atender esse segmento de mercado.

 

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