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02/05/2002
-
15h31
LUCIANA COELHO
SÉRGIO RIPARDO
ELAINE COTTA
da Folha Online
O mercado financeiro brasileiro vive hoje dia de forte tensão. O dólar comercial bateu R$ 2,40 agora à tarde, com alta surpreendente de 1,65% em relação ao fechamento de terça, antes do feriado. A Bovespa tinha forte queda de 3,5% por volta das 15h30.
Um dos motivos apontados por analistas para o pessimismo do mercado seria a corrida eleitoral, agora com a possibilidade de uma união das esquerdas ainda no primeiro turno. No Nordeste, rumores de que o pré-candidato do PPS, Ciro Gomes, deixe a disputa presidencial para se candidatar ao governo do Ceará acentua essa perspectiva.
O pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, nega qualquer possibilidade de desistir da candidatura, mas seu partido dá cada vez mais mostras de que está dividio sobre o assunto. Enquanto isso, o pré-candidado do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, deixa para fechar na última hora o nome de seu vice. Poupa críticas a todos os candidatos da esquerda e trabalha nos bastidores pela união das esquerdas.
Visão no exterior
Há também a pressão exterior. Os C-Bonds, os títulos da dívida externa brasileira mais negociados, estão em queda de quase 1%, cotados a 77,85% do valor de face. Em épocas tranquilas no Brasil, esse papel é negociado em 80% de seu valor (ou seja, com desconto de 20%). O risco-país voltou ao patamar de 868 pontos, após permanecer a maior parte do ano em torno de 700 pontos.
Há mais de 15 dias, os títulos brasileiros registram baixa no mercado internacional. O movimento se acentuou após as recomendações de redução de investimentos no país feito por bancos estrangeiros.
Hoje foi a vez do banco holandês ABN Amro, dono do Banco Real no Brasil, reduzir sua recomendação de investimentos no país devido ao avanço do pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro.
Financial Times
Por outro lado, o jornal "Financial Times", um dos mais influentes jornais econômicos do mundo, descartou ontem em editorial a possibilidade de que o país possa ter um governo radical de esquerda, que afugente os investidores.
O editorial foi uma resposta à decisão de dois bancos internacionais que aumentaram a classificação de risco do Brasil devido ao crescimento de Lula nas pesquisas eleitorais.
Para o jornal, "há motivos para se acreditar em um governo do PT mais moderado do que os críticos esperam." Para o "FT", as lideranças do PT abandonaram parte de sua "retórica anticapitalista". O jornal lembra também que um governo do petista seria obrigado a fazer alianças com partidos mais moderados no Congresso.
Na última segunda-feira (29), os bancos Morgan Stanley e Merril Lynch rebaixaram a classificação dos títulos da dívida pública brasileira devido ao resultado das últimas pesquisas eleitorais, que também mostram a estagnação do candidato do governo, José Serra nas pesquisas de opinião.
Leia mais:
Estrangeiros criam "tensão pré-eleitoral"
Dólar bate em R$ 2,40 e Bolsa cai 3,5% com cenário eleitoral
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SÉRGIO RIPARDO
ELAINE COTTA
da Folha Online
O mercado financeiro brasileiro vive hoje dia de forte tensão. O dólar comercial bateu R$ 2,40 agora à tarde, com alta surpreendente de 1,65% em relação ao fechamento de terça, antes do feriado. A Bovespa tinha forte queda de 3,5% por volta das 15h30.
Um dos motivos apontados por analistas para o pessimismo do mercado seria a corrida eleitoral, agora com a possibilidade de uma união das esquerdas ainda no primeiro turno. No Nordeste, rumores de que o pré-candidato do PPS, Ciro Gomes, deixe a disputa presidencial para se candidatar ao governo do Ceará acentua essa perspectiva.
O pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, nega qualquer possibilidade de desistir da candidatura, mas seu partido dá cada vez mais mostras de que está dividio sobre o assunto. Enquanto isso, o pré-candidado do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, deixa para fechar na última hora o nome de seu vice. Poupa críticas a todos os candidatos da esquerda e trabalha nos bastidores pela união das esquerdas.
Visão no exterior
Há também a pressão exterior. Os C-Bonds, os títulos da dívida externa brasileira mais negociados, estão em queda de quase 1%, cotados a 77,85% do valor de face. Em épocas tranquilas no Brasil, esse papel é negociado em 80% de seu valor (ou seja, com desconto de 20%). O risco-país voltou ao patamar de 868 pontos, após permanecer a maior parte do ano em torno de 700 pontos.
Há mais de 15 dias, os títulos brasileiros registram baixa no mercado internacional. O movimento se acentuou após as recomendações de redução de investimentos no país feito por bancos estrangeiros.
Hoje foi a vez do banco holandês ABN Amro, dono do Banco Real no Brasil, reduzir sua recomendação de investimentos no país devido ao avanço do pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro.
Financial Times
Por outro lado, o jornal "Financial Times", um dos mais influentes jornais econômicos do mundo, descartou ontem em editorial a possibilidade de que o país possa ter um governo radical de esquerda, que afugente os investidores.
O editorial foi uma resposta à decisão de dois bancos internacionais que aumentaram a classificação de risco do Brasil devido ao crescimento de Lula nas pesquisas eleitorais.
Para o jornal, "há motivos para se acreditar em um governo do PT mais moderado do que os críticos esperam." Para o "FT", as lideranças do PT abandonaram parte de sua "retórica anticapitalista". O jornal lembra também que um governo do petista seria obrigado a fazer alianças com partidos mais moderados no Congresso.
Na última segunda-feira (29), os bancos Morgan Stanley e Merril Lynch rebaixaram a classificação dos títulos da dívida pública brasileira devido ao resultado das últimas pesquisas eleitorais, que também mostram a estagnação do candidato do governo, José Serra nas pesquisas de opinião.
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