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20/05/2002
-
08h30
SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo
Para atender os 20 milhões de brasileiros que vivem à luz de velas e lampiões e os abastecidos precariamente por "gatos" (roubo de luz do sistema), seria preciso construir mais uma Itaipu.
A demanda reprimida, só no setor residencial, é calculada em 10.400 MW (megawatts) pelo engenheiro Roberto D'Araújo, diretor da ONG Ilumina e pesquisador da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio).
Ele fundamenta seus cálculos na definição de uma "cesta básica de eletricidade", que atenda as necessidades mínimas de uma família de quatro pessoas (leia quadro). Essa cesta, que comporta gastos modestos, totaliza um consumo mensal de 195 kWh (quilowatts/ hora) por mês.
No entanto, ela supera o consumo médio residencial do país, que, segundo dados do IBGE, é de 175 kWh/mês. "A média do consumo domiciliar não reflete a realidade. Hoje, 71% dos consumidores residenciais gastam até 130 kWh por mês", observa D'Araújo.
Os planos de expansão da oferta traçados pelo governo não contemplam a demanda reprimida, diz o pesquisador. Por isso ele afirma que, "se todo domicílio brasileiro consumir pelo menos a cesta básica de energia em 2010, não haverá luz para todos".
Célio Bermann, professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP (Universidade de São Paulo), destaca que todos os programas de governo feitos até hoje se baseiam apenas na projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e sua relação com a demanda de eletricidade.
Até o ano 2000 as projeções oficiais apontavam para a necessidade de expandir a geração de energia elétrica a uma taxa média de 4,2% ao ano, até 2009, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Mas, para que todos os domicílios brasileiros tivessem acesso a pelo menos o consumo mínimo de 195 kWh/ mês, seria necessário aumentar a oferta de energia em 6% ao ano, segundo D'Araújo.
De acordo com as projeções do governo, o país precisa gerar mais 39.580 MW até 2009. As usinas já em construção, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), deverão agregar mais 12.913 MW ao sistema.
A maior parte do aumento da demanda, que soma 27.086 MW, no entanto, ficou apenas na outorga das usinas. As obras ainda não foram iniciadas. "O grande desafio do setor elétrico é crescer uma Itaipu a cada três anos e meio", afirmou o presidente do ONS, Mario de Melo Santos.
Demanda reprimida exige construção de mais uma Itaipu
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da Folha de S.Paulo
Para atender os 20 milhões de brasileiros que vivem à luz de velas e lampiões e os abastecidos precariamente por "gatos" (roubo de luz do sistema), seria preciso construir mais uma Itaipu.
A demanda reprimida, só no setor residencial, é calculada em 10.400 MW (megawatts) pelo engenheiro Roberto D'Araújo, diretor da ONG Ilumina e pesquisador da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio).
Ele fundamenta seus cálculos na definição de uma "cesta básica de eletricidade", que atenda as necessidades mínimas de uma família de quatro pessoas (leia quadro). Essa cesta, que comporta gastos modestos, totaliza um consumo mensal de 195 kWh (quilowatts/ hora) por mês.
No entanto, ela supera o consumo médio residencial do país, que, segundo dados do IBGE, é de 175 kWh/mês. "A média do consumo domiciliar não reflete a realidade. Hoje, 71% dos consumidores residenciais gastam até 130 kWh por mês", observa D'Araújo.
Os planos de expansão da oferta traçados pelo governo não contemplam a demanda reprimida, diz o pesquisador. Por isso ele afirma que, "se todo domicílio brasileiro consumir pelo menos a cesta básica de energia em 2010, não haverá luz para todos".
Célio Bermann, professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP (Universidade de São Paulo), destaca que todos os programas de governo feitos até hoje se baseiam apenas na projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e sua relação com a demanda de eletricidade.
Até o ano 2000 as projeções oficiais apontavam para a necessidade de expandir a geração de energia elétrica a uma taxa média de 4,2% ao ano, até 2009, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Mas, para que todos os domicílios brasileiros tivessem acesso a pelo menos o consumo mínimo de 195 kWh/ mês, seria necessário aumentar a oferta de energia em 6% ao ano, segundo D'Araújo.
De acordo com as projeções do governo, o país precisa gerar mais 39.580 MW até 2009. As usinas já em construção, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), deverão agregar mais 12.913 MW ao sistema.
A maior parte do aumento da demanda, que soma 27.086 MW, no entanto, ficou apenas na outorga das usinas. As obras ainda não foram iniciadas. "O grande desafio do setor elétrico é crescer uma Itaipu a cada três anos e meio", afirmou o presidente do ONS, Mario de Melo Santos.
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