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13/06/2002 - 08h34

Brasil piora em relação aos outros emergentes

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da "Financial Times"
da "Reuters"

O Brasil se "descolou" dos demais mercados emergentes. Mas, ao contrário do "descolamento" na hora mais aguda da crise Argentina, a situação brasileira descolou para pior. O risco-país explodiu, ao contrário da média de outros mercados emergentes.

Segundo a agência de notícias Reuters, operadores de mercado em Wall Street disseram que Banco Central teria comprado títulos da dívida externa (cujo valor determina o risco-país) em Nova York, a fim de evitar uma piora ainda maior da percepção de risco do país.

A onda de vendas de títulos brasileiros contrasta com o desempenho de outros mercados emergentes. Excluído o Brasil, o índice mundial de bônus de mercados emergentes do JP Morgan (Embi) teve aumento de 2,4% de março para cá.

"O "spread" (risco-país) brasileiro está agora mais de 500 pontos acima do nível médio dos "spreads" do EMBI, um fenômeno jamais visto", diz Joyce Chang, diretora de pesquisa de mercados emergentes no J.P. Morgan de Nova York.

A incerteza política no Brasil antes das eleições presidenciais de outubro é um fator crucial na onda de vendas.

Popularidade de Lula
Os investidores estão nervosos com a popularidade ascendente de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores, de esquerda.

"Mesmo que Lula não vença, os investidores questionam a capacidade do candidato oficial do governo José Serra para montar uma coalizão viável", diz Philip Poole, estrategista chefe da ING, de Londres, para os mercados emergentes.

Há também motivos técnicos para as vendas. A decisão do Banco Central brasileiro de antecipar a implementação de novas regras contábeis que requerem que os fundos mútuos contabilizem pelo valor de mercado suas posições em bônus do governo surpreendeu os participantes do mercado. Não se esperava que as novas regras entrassem em vigor antes de setembro, mas elas tiveram de ser adotadas pelas instituições até o final de maio.

A preocupação quanto ao impacto da mudança, que fará com que os fundos reduzam o valor declarado de seus ativos, levou os investidores locais a adquirir dólares norte-americanos, de preferência ao real, e a vender títulos da dívida brasileira.

Onda de vendas
Embora a onda de vendas possa ter começado por motivos técnicos, ela deflagrou novos temores quanto à dinâmica da dívida brasileira de longo prazo.

Na semana passada, a agência de classificação de créditos Moody's Investor Services alterou sua perspectiva para os bônus brasileiros denominados em moeda estrangeira, que ela classifica como B1, de positiva para estável, e disse que a dívida interna do governo continuava "sensível" às mudanças nas taxas domésticas de juros e na taxa de câmbio.

"Quaisquer mudanças no ambiente de taxas de juros ou taxas de câmbio pode ter implicações importantes para as necessidades de financiamento do governo", anunciou a Moody's.

O acentuado declínio do dólar nos dois últimos meses pressionou os ativos brasileiros, e embora a crise argentina não tenha conexões evidentes com o temor atual quanto ao Brasil,muitos investidores tendem a descartar completamente a América Latina de suas prioridades de investimentos.

"Acreditamos que o mercado tenha realizado correção exagerada, e que a mistura de notícias econômicas e política esteja se tornando mais favorável, mas muitos investidores se preocupam com a capacidade brasileira para a rolagem da dívida interna do país", diz Chang.

 

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