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20/06/2002 - 13h31

Bovespa culpa candidatos por nervosismo do mercado

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) se prepara para entrar no jogo da sucessão presidencial.

Folha Imagem

A instituição, que reúne 113 corretoras, começou a realizar um estudo sobre os programas de governo dos candidatos.

O objetivo é elaborar um documento que permita à Bolsa avaliar e discutir as propostas dos presidenciáveis.

Em entrevista à Folha Online, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, 59, culpa a falta de clareza dos candidatos pelo atual nervosismo do mercado.

Folha Online - Nas últimas semanas, o noticiário econômico foi dominado por termos médicos. Só se fala no "estresse" do câmbio e no "calmante" receitado ao mercado por FHC. O que está por trás desse discurso?

Magliano - A situação eleitoral. Até 6 de outubro, vamos conviver com essa volatilidade, com o sobe-e-desce. O mercado só vai se tranquilizar quando os candidatos esclarecerem melhor como vão tratar temas como dívidas interna e externa, planos de desenvolvimento e criação de empregos.

Folha Online - Qual dos candidatos explica menos sobre o que pretende fazer?

Magliano - De maneira geral, os candidatos não explicitam. Designamos uma pessoa na Bolsa para fazer um estudo profundo sobre os programas de governo. Queremos fazer uma avaliação de cada um. Descobrimos que não tem muito programa feito, pronto.

Folha Online - O que a Bolsa pretende fazer após esse estudo?

Magliano - Queremos conversar com os candidatos, ouvir suas propostas para o mercado de capitais. Estamos convidando cada uma. Talvez a gente faça um almoço. Vai depender deles.

"E se Lula for eleito, e daí?", pergunta Magliano

O presidente da Bovespa evita "satanizar" o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atribuindo o atual nervosismo do mercado ao avanço da oposição na corrida presidencial.

Ele minimiza o impacto de uma eventual vitória de Lula na Bovespa. Uma posição oposta ao do então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mário Amato, que disse, na eleição de 1989, que centenas de empresários deixariam o país se o petista vencesse.

Folha Online - O Ibovespa opera no menor nível desde novembro passado. Alguns operadores citam o crescimento de Lula nas pesquisas...

Magliano - Não é só isso. Há uma série de fatores. Há a nossa fragilidade externa, que é grande. Nossa taxa de juros é um grande fator inibidor para a Bolsa. Você não está vendo um desenvolvimento econômico. A taxa de crescimento é baixo. Tudo isso reflete na economia. Não só na Bolsa, como também no nível de emprego.

Folha Online - O sr. já imaginou como o pregão da Bovespa vai se comportar no caso da vitória de Lula?

Magliano - Tranquilidade total. Repito uma frase de Norberto Bobbio [filósofo, jurista e escritor italiano]: o que é ser democrata? É aceitar a diferença, ser tolerante, é dar a possibilidade de que a minoria se torne maioria.

Não tem problema. Acho que as instituições estão muito fortes. Já passamos pelo Collor [presidente Fernando Collor de Mello sofreu impeachment em 1992] numa demonstração de força da sociedade civil. Não altera. E se Lula for presidente, e daí?

Paulinho é "moderno", mas Bolsa não tem partido, diz Magliano

Os laços da Bovespa com o sindicalismo de resultados da Força Sindical não devem ser confundidos como um sinal de apoio ao candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PPS), cujo vice é o ex-presidente da entidade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, segundo o presidente da Bolsa.

Ele afirma que as parcerias da Bovespa com a Força Sindical vão permanecer intactas.

Folha Online - Como ficam as relações da Bovespa após a saída do Paulinho da Força Sindical para ser vice de Ciro Gomes?

Magliano - Vamos continuar com o projeto de cursos [a Força coordena 170 cursos de requalificação aos operadores do pregão] e com o projeto "Bovespa vai à fábrica" [visita da Bolsa às indústrias para explicar como investir em ações]. A Bovespa e a Força são apartidárias. Vamos continuar normalmente nossos projetos com o novo presidente da Força, [João Carlos Gonçalves, o Juruna].

Folha Online - O sr. não vai subir no palanque do Paulinho?

Magliano - O Paulinho é um sindicalista moderno, de resultados, não-ideológico. O que ele viu? Uma maneira de o trabalhador melhorar sua renda: o mercado de capitais, como a oferta pública das ações da Petrobras com o uso do FGTS, da Vale do Rio Doce e futuramente do Banco do Brasil. A Bovespa é pluripartidária. Para aprovar a CPMF [isenção do tributo para as Bolsas], a gente conversou no Congresso com todos os partidos.

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