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10/07/2002 - 20h05

Títulos da dívida e risco Brasil buscam patamar "pré-eleitoral"

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LUCIANA COELHO
da Folha Online

O mercado de dívida começa a buscar um patamar para os títulos brasileiros em um cenário eleitoral. Após uma alta de mais de 3% ontem, o C-Bond, principal papel do país negociado no exterior, recuou hoje 0,61% e é comercializado a 61,25% do valor de face.

O risco-país - que mede, em centésimos de pontos percentuais, a diferença entre os juros pagos pelos títulos de um país em comparação com os do Tesouro dos EUA - hoje subiu 1,2% para 1.630 pontos, depois de fechar, ontem, em queda de 4,5%.

Mas o Brasil continua ocupando a terceira posição do ranking mundial, atrás da Argentina (6.683 pontos) e da Nigéria (2.163 pontos), e imediatamente à frente do Equador (1.264 pontos), e os analistas crêem ser quase impossível que, antes das eleições de outubro, o risco-país e os títulos da dívida recuem para o nível em que estava em maio, quando o C-Bond valia 75% do valor de face.

Mesmo com a possibilidade de uma extensão da linha de crédito brasileira com o FMI (Fundo Monetário Internacional) aberto com a viagem do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a Washington para se reunir com o diretor-gerente do fundo, Horst Köhler- o otimismo do mercado é contido.

O gestor de fundos Rubem Ariano, da Hedging-Griffo, apontou dois motivos para isso. O primeiro é a evidente preocupação do mercado com a política econômica do sucessor de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, seja ele quem for. "Agora existe também a possibilidade do Ciro [Gomes, candidato do PPS], que nem de longe está alinhado com a política do governo", observou.

A última rodada de pesquisas eleitorais mostrou Ciro tecnicamente empatado em segundo lugar com o candidato governista, José Serra (PSDB), que antes aparecia isolado em segundo lugar. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue com larga vantagem em primeiro.


O outro motivo é a crise de confiança que abalou os investidores estrangeiros após os sucessivos escândalos contábeis envolvendo grandes empresas norte-americanas e européias e que vem limitando o teto de risco para investimentos. "Esses investidores estão pensando que, se o negócio está ruim lá, imagine nos mercados emergentes", ponderou Ariano.

Esse segundo efeito tem atingido todos os mercados emergentes por igual, já que aos olhos dos investidores externos, esses países funcionam como um bloco único à primeira vista.

A melhora dos títulos ontem, e a persistência hoje, foi alimentada por um ligeiro recuo de Lula na última pesquisa do Ibope (o petista caiu quatro pontos, mas manteve uma grande vantagem na liderança), e principalmente pela possibilidade de entrada de novos recursos do FMI.

"Uma extensão da linha de crédito, se ocorrer, daria um suporte maior para o mercado. Mas está longe de resolver o problemas", afirmou Ariano, acrescentando que enquanto não passarem as eleições, os títulos devem oscilar entre 59% e 63%. "Até lá, teremos mais do mesmo."
 

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