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21/07/2002
-
07h20
da Folha de S. Paulo
A desregulamentação financeira e a falsificação de resultados -com a "ocultação" de despesas como o pagamentos milionários a executivos- contribuíram para a maquiagem sistemática dos balanços das empresas, avalia Robert Brenner no trecho seguinte de sua entrevista à Folha.
Folha - O senhor acha que a desregulamentação financeira das últimas duas décadas, contribuiu para a atual crise?
Brenner - Sem dúvida, o modelo regulatório fez as coisas piorarem, especialmente ao legitimar óbvios conflitos de interesse.
A legislação de 1994, por exemplo, explicitamente desobriga as empresas a contabilizarem como gastos as opções de ações que dão a seus empregados. Isso tem permitido que as empresas inflem seus ganhos - as companhias do S&P 500 exageraram seus lucros em 13%, em média, ao deixar de fora as opções de ações. Sozinha a Microsoft conseguiu, com isso, um lucro 23% maior, a Cisco, 67% e a Motorola, 500%.
Como consequência disso, os principais executivos das empresas, que eram os principais donos dessas opções, puderam focar seus esforços no aumento dos preços das ações, por meio de práticas contábeis duvidosas.
Folha - Qual o papel dos analistas de ações?
Brenner - Os avanços regulatórios dos anos 90 permitiram que empresas de contabilidade oferecessem serviços de consultoria para as mesmas companhias que auditavam. Isso abriu o caminho para abusos extraordinários, como o Enron/Andersen.
Sob essas regras, bancos de investimento, corretores e analistas de ações puderam trabalhar sob o mesmo teto. Os analistas tiveram todo incentivo para dar estimativas otimistas para os papéis das empresas.
Dessa forma, não prejudicavam as chances de os bancos de investimento com os quais eram associados a garantir a subscrição dessas mesmas empresas.
A resistência dos analistas em recomendar a venda de ações à beira da desvalorização foi um dos mais sérios escândalos recentes e fizeram com a que a Merrill Lynch recebesse (uma ainda pequena) multa de US$ 900 milhões.
Desregulamentação incentivou fraude nos EUA, diz professor
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A desregulamentação financeira e a falsificação de resultados -com a "ocultação" de despesas como o pagamentos milionários a executivos- contribuíram para a maquiagem sistemática dos balanços das empresas, avalia Robert Brenner no trecho seguinte de sua entrevista à Folha.
Folha - O senhor acha que a desregulamentação financeira das últimas duas décadas, contribuiu para a atual crise?
Brenner - Sem dúvida, o modelo regulatório fez as coisas piorarem, especialmente ao legitimar óbvios conflitos de interesse.
A legislação de 1994, por exemplo, explicitamente desobriga as empresas a contabilizarem como gastos as opções de ações que dão a seus empregados. Isso tem permitido que as empresas inflem seus ganhos - as companhias do S&P 500 exageraram seus lucros em 13%, em média, ao deixar de fora as opções de ações. Sozinha a Microsoft conseguiu, com isso, um lucro 23% maior, a Cisco, 67% e a Motorola, 500%.
Como consequência disso, os principais executivos das empresas, que eram os principais donos dessas opções, puderam focar seus esforços no aumento dos preços das ações, por meio de práticas contábeis duvidosas.
Folha - Qual o papel dos analistas de ações?
Brenner - Os avanços regulatórios dos anos 90 permitiram que empresas de contabilidade oferecessem serviços de consultoria para as mesmas companhias que auditavam. Isso abriu o caminho para abusos extraordinários, como o Enron/Andersen.
Sob essas regras, bancos de investimento, corretores e analistas de ações puderam trabalhar sob o mesmo teto. Os analistas tiveram todo incentivo para dar estimativas otimistas para os papéis das empresas.
Dessa forma, não prejudicavam as chances de os bancos de investimento com os quais eram associados a garantir a subscrição dessas mesmas empresas.
A resistência dos analistas em recomendar a venda de ações à beira da desvalorização foi um dos mais sérios escândalos recentes e fizeram com a que a Merrill Lynch recebesse (uma ainda pequena) multa de US$ 900 milhões.
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