Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/07/2002 - 07h50

Estudo de "contabilidade criativa" é disciplina em universidades dos EUA

Publicidade

da Folha de S. Paulo, em Nova York

Quando os investidores e analistas financeiros dizem que o mercado norte-americano aprendeu muito com os escândalos contábeis em grandes corporações que tomaram o país de assalto nos últimos meses, podem estar sendo mais literais do que imagina a vã filosofia.

É que, a partir do próximo ano letivo dos Estados Unidos, que começa em setembro, pelo menos 20 das principais universidades do país oferecerão cursos sobre o fenômeno já chamado de "contabilidade criativa".

Não, não se trata de ensinar aos alunos como maquiar o balanço das empresas. O objetivo é justamente o oposto: preparar o estudante para que, uma vez atuando no mercado financeiro ou no mundo dos negócios, seja como contador, corretor, analista ou mesmo executivo, possa perceber quando uma companhia não está dizendo totalmente a verdade em suas declarações financeiras e balanços periódicos.

É o que professores já estão chamando, em tom de brincadeira, de "Enron 101", numa referência à gigante do setor de energia e ao número que invariavelmente acompanha os nomes dos cursos para iniciantes no sistema educacional dos EUA. A energética Enron quebrou em dezembro passado e detonou a série de escândalos contábeis.

Sinal dos tempos
A que saiu na frente foi a Universidade da Califórnia, que oferecerá para seus estudantes de economia e administração o curso "The Enron Case" (O Caso Enron), valendo dois créditos. No prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) estão previstos estudos das empresas Tyco, Global Crossing e Xerox.

"Lessons from Enron" (Lições da Enron), da Universidade de Washington, "The Accounting Lyceum" (O Liceu da Contabilidade), dado pela Universidade de Notre Dame, e "Problems in Accounting" (Problemas na Contabilidade), da Universidade do Texas, são alguns dos outros cursos.

O fenômeno levou a entidade que emite os certificados para os contadores norte-americanos, o American Institute for Certified Public Accountants, a mudar seu exame a partir de 2004. O novo teste apresentará um balanço maquiado e o candidato terá de achar os truques utilizados.

Não que o instituto esteja com uma fila grande de candidatos à espera dos certificados. Segundo o Departamento de Educação dos EUA, a procura por faculdades de contabilidade no país caiu 27% nos últimos quatro anos.

A queda tende a se acentuar, pelo menos se depender da colaboração dos apresentadores de "talk shows", que abandonaram os advogados em favor dos contadores como principal vítima de suas piadas.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página