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30/07/2002
-
10h04
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ SERGIO OSSE
da Folha de S.Paulo
O aumento das vendas de uma mistura de farinha de trigo com fécula de mandioca no Paraná intensificou o debate entre mandioqueiros e triticultores. O setor de trigo é contra a inclusão obrigatória de fécula na farinha de trigo. Já os mandioqueiros sustentam que isso só traria benefícios ao país e, inclusive, aos triticultores.
O presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Maurício Yamakawa, diz que o custo da mistura é mais baixo e que, se feita com farinha de qualidade, não há perda nutricional.
O vice-presidente do Sindustrigo (Sindicato das Indústrias Produtoras de Trigo), Christian Saigh, porém, discorda. "O preço para o consumidor pode até cair, mas a qualidade cai junto."
Segundo o pesquisador Rogério Germani, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Alimentos, com a inclusão poderá haver perda de até 20% no valor protéico da farinha.
Yamakawa diz, porém, que, desde que a farinha de trigo utilizada seja de boa qualidade, há sempre uma sobra de proteínas. Nesse caso, a mistura não afetaria os padrões de fornecimento de proteína do trigo (glúten).
Saigh vai além: "Não há produção de mandioca suficiente para atender à demanda. No fim, teríamos que importar mandioca."
Para Yamakawa, os triticultores deveriam, em vez de se opor ao projeto, avaliá-lo melhor. A regulamentação da lei, diz ele, determina prazo de até cinco anos para que moinhos e produtores se ajustem às novas exigências.
O setor tritícola, diz, não quer ver que a mistura pode representar uma melhora para seu próprio mercado. Caso a lei seja aprovada, o setor mandioqueiro ficaria, em 2006, responsável por suprir 750 mil toneladas de fécula para a fabricação de farinha. Isso substituiria 1 milhão de toneladas de trigo importado. Já o preço menor do pão estimularia o consumo e, consequentemente, a demanda por trigo.
Nova mistura
A agropecuária Novo Horizonte, do oeste do Paraná, desenvolveu a mistura em outubro de 2001 e, até agora, mais de 200 das 500 padarias que atende já usam o produto. Mais barata, a mistura já representa mais de 40% de sua produção mensal de farinha para pães, de 200 toneladas.
A mistura é composta de 20% de fécula e 80% de farinha de trigo. O preço é 10% inferior ao da farinha comum: 1 kg de farinha custa R$ 1,00, enquanto 1 kg da mistura custa R$ 0,90.
Inclusão de mandioca na farinha de trigo gera polêmica
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JOSÉ SERGIO OSSE
da Folha de S.Paulo
O aumento das vendas de uma mistura de farinha de trigo com fécula de mandioca no Paraná intensificou o debate entre mandioqueiros e triticultores. O setor de trigo é contra a inclusão obrigatória de fécula na farinha de trigo. Já os mandioqueiros sustentam que isso só traria benefícios ao país e, inclusive, aos triticultores.
O presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Maurício Yamakawa, diz que o custo da mistura é mais baixo e que, se feita com farinha de qualidade, não há perda nutricional.
O vice-presidente do Sindustrigo (Sindicato das Indústrias Produtoras de Trigo), Christian Saigh, porém, discorda. "O preço para o consumidor pode até cair, mas a qualidade cai junto."
Segundo o pesquisador Rogério Germani, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Alimentos, com a inclusão poderá haver perda de até 20% no valor protéico da farinha.
Yamakawa diz, porém, que, desde que a farinha de trigo utilizada seja de boa qualidade, há sempre uma sobra de proteínas. Nesse caso, a mistura não afetaria os padrões de fornecimento de proteína do trigo (glúten).
Saigh vai além: "Não há produção de mandioca suficiente para atender à demanda. No fim, teríamos que importar mandioca."
Para Yamakawa, os triticultores deveriam, em vez de se opor ao projeto, avaliá-lo melhor. A regulamentação da lei, diz ele, determina prazo de até cinco anos para que moinhos e produtores se ajustem às novas exigências.
O setor tritícola, diz, não quer ver que a mistura pode representar uma melhora para seu próprio mercado. Caso a lei seja aprovada, o setor mandioqueiro ficaria, em 2006, responsável por suprir 750 mil toneladas de fécula para a fabricação de farinha. Isso substituiria 1 milhão de toneladas de trigo importado. Já o preço menor do pão estimularia o consumo e, consequentemente, a demanda por trigo.
Nova mistura
A agropecuária Novo Horizonte, do oeste do Paraná, desenvolveu a mistura em outubro de 2001 e, até agora, mais de 200 das 500 padarias que atende já usam o produto. Mais barata, a mistura já representa mais de 40% de sua produção mensal de farinha para pães, de 200 toneladas.
A mistura é composta de 20% de fécula e 80% de farinha de trigo. O preço é 10% inferior ao da farinha comum: 1 kg de farinha custa R$ 1,00, enquanto 1 kg da mistura custa R$ 0,90.
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