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02/08/2002 - 08h45

Crise da alta do dólar faz estoque dos lojistas virar moeda de peso

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Com a escalada do dólar, o estoque de produtos virou moeda de peso na mão do varejo. A previsão de aumento de 30%, em média, no preço dos eletrônicos -a taxa mais elevada desde a desvalorização do real, em 99, segundo informou ontem a Eletros, a associação dos fabricantes- fez com que equipamentos não vendidos virassem peça para especulação.

A idéia é desovar os eletrônicos, com o preço antigo, fazendo estardalhaço para tentar, dessa forma, trazer o consumidor para dentro das lojas novamente, segundo a Folha apurou.

As principais redes varejistas do país têm estocado produtos para 20 dias de vendas, em média. A partir desse período -ou seja, no final deste mês- os itens que chegarem às lojas já estarão mais caros. Neles serão usados componentes que estão desembarcando hoje no porto de Santos, importados da Ásia, com preço final cotado ao dólar do dia.

A Folha apurou que duas redes varejistas planejam incentivar as vendas nos próximos dias informando o consumidor da possibilidade de reajustes. Se comprar agora, no entanto, o cliente não sai ganhando tanto. Não há chance de que o aumento nos preços encoste nessa taxa de 30%. Em telefonemas trocados entre redes e fabricantes, os varejistas já avisaram ontem que não vão aceitar qualquer taxa de reajuste.

A LG enviou e-mail para algumas cadeias varejistas informando que irá discutir novas taxas de aumento no próximo encontro das redes com o departamento de vendas da empresa.

A Philco informou que, com a cotação do dólar na casa de R$ 3, será preciso um aumento de 25% a 28% em seus produtos. A partir desta semana cerca de 120 funcionários da empresa, que operavam em um dos turnos em Manaus, entram em férias coletivas por cerca de 20 dias.

"É melhor dar um remédio forte agora do que morrer de pneumonia", diz Cláudio Vita Filho, vice-presidente da Philco.

A mesma regra que deve ser seguida pela Panasonic. "O nosso problema começa agora. Vamos sentar e rever a previsão de produção e ver se concederemos férias", diz o diretor Rui Pena.

Ninguém fecha negócios
Empresas de alimentos compostos por commodities, como trigo e soja -com preço atrelado ao dólar-, além dos fabricantes de eletrônicos, não fecharam vendas na quarta-feira e ontem.

A Cargill decidiu suspender as vendas enquanto o dólar não se estabilizar, segundo a Folha apurou. A empresa não confirma a informação. A Philco cancelou entregas até segunda ordem.

Segundo Martinho Paiva Moreira, diretor do D'Avó Supermercados, há no mercado dois tipos de pressões por aumento: o de fornecedores de itens atrelados ao dólar e outros que tentam forçar um aumento especulativo para se aproveitar do momento.

 

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