Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/08/2002 - 15h21

Dólar pesa mais no custo de vida da baixa renda, diz Dieese

Publicidade

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

A população de baixa renda pode nunca ter segurado na mão ou sequer visto uma nota de dólar de perto. Mas a valorização da moeda norte-americana frente ao real foi uma das principais responsáveis pelo aumento maior do custo de vista dos paulistanos de menor poder aquisitivo.

Pesquisa divulgada hoje pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que a inflação de São Paulo para as famílias com renda média de R$ 377,49 foi de 1,92% em julho.

O aumento de preços sentido no bolso da população de baixa renda foi maior que o ICV (Índice do Custo de Vida) de 1,34% da cidade de São Paulo, a maior taxa verificada pelo Dieese desde julho de 2001, quando o custo de vida dos paulistanos subiu 2,12%.

Segundo o Dieese, a taxa diferenciada de inflação por faixa de renda pode ser explicada pela maneira como cada família distribui seus gastos e como esses custos comprometem o rendimento.

No caso das famílias de baixa renda, que comprometem quase a totalidade de seus rendimentos com consumo, os aumentos dos gastos com habitação e a alimentação fizeram com que seu ICV fosse maior que o da população de maior poder aquisitivo.

A alta do dólar também puxou para cima o preço dos alimentos industrializados, como farinha de trigo (7,64%), bolacha água e sal (3,78%), pão francês) e óleos comestíveis (10,31%).

Os preços dos alimentos que mais subiram em julho foram leite in natura (6,51%), feijão (11,37%) e arroz (3,17%). Estes produtos pesam muito no bolso do paulistano de baixa renda, pois representam 5,19% de seus gastos.

"Uma pesquisa do Dieese mostra que em 1996, as famílias com rendimento mensal de até 5,5 salários mínimos comprometiam mais do que ganhavam com o consumo, principalmente de alimentos. Qualquer aumento de alimentação afeta muito essa faixa de renda", disse o técnico do Dieese, Maurício Soares.

Além disso, a população de menor renda foi afetada pela alta de 0,47% do transporte coletivo, em função do reajuste das tarifas dos ônibus interestaduais (5,83%).

Os preços administrados pelo governo também pressionaram a inflação da baixa renda. Em julho, o ICV mediu o aumento da energia (14,05%), gás de botijão (4,57%), telefonia (12,52%) e gasolina (2,26%).

A inflação pesou menos para as famílias com rendimento médio de R$ 2.792,90, que sofreram uma pressão 1,12% em julho. Para as famílias com renda de R$ 934,17, a inflação foi de 1,50%.

Segundo Soares, as famílias de maior poder aquisitivo comprometem uma parte muito menor de seus rendimentos com o consumo de alimentos.

No entanto, essas famílias também são afetadas pelo aumento dos preços administrados e, principalmente, da elevação dos gastos com combustíveis. Em julho, o custo do transporte individual subiu 0,59% devido ao aumento da gasolina (2,26%) e diesel (6,34%).
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página