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10/08/2002 - 07h24

Alta do dólar e tarifas puxam a inflação

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PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho quase triplicou: a inflação passou de 0,42% em junho para 1,19%. Foi a maior taxa desde julho de 2001, quando o índice havia ficado em 1,33%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com a técnica Eulina Nunes dos Santos, do IBGE, são dois os motivos para a disparada da inflação: a pressão da forte alta do dólar sobre os alimentos e a concentração em julho de reajustes de tarifas públicas e preços administrados.

Alguns desses itens, como a gasolina, o gás de botijão e a energia, também sofrem o impacto indireto do câmbio, afirmou.

Apesar do salto da inflação, o novo limite estabelecido para este ano no acordo com o FMI -de 6,5%, com intervalo de 2,5 pontos para cima ou para baixo- não corre risco. Especialistas ouvidos pela Folha esperam que o IPCA feche 2001 muito perto do centro da meta acertada com o Fundo: de 6,2% a 6,5%.

Desde maio, o mercado já esperava que a meta oficial do BC (Banco Central), cujo teto é de 5,5%, fosse estourada. Neste ano, o IPCA acumula alta de 4,17%. Nos últimos 12 meses, 7,51%.

"É uma meta [a acertada com o FMI] bastante elástica, que leva em conta o risco de uma crise cambial e abre espaço para o corte dos juros", afirmou o economista Luís Suzigan, da consultoria LCA.

Os alimentos, cujos preços vinham caindo até maio e estavam perto da estabilidade em junho, subiram 1,05%. Afetados pelo dólar, o pão francês aumentou 5,64% (seu impacto no IPCA foi de 0,0766 ponto), o óleo de soja, 9,13% e a farinha de trigo, 4,37%.

Todos esses produtos ou têm insumos importados, como o trigo, ou são cotados em dólar -caso da soja. Já influenciados pela entressafra, o leite subiu 2,64% e o feijão, 18,54%.

Apesar do impacto do dólar no pão, um dos itens mais consumidos pelas famílias, o economista Marcelo Cypriano, do BankBoston, afirmou que ainda não foi verificado um forte repasse da alta da moeda sobre os preços do atacado para os do varejo. Esse movimento, diz, pode se intensificar nos próximos meses.

Suzigan concorda e acrescenta que, no caso dos itens industrializados, nos quais muitas matérias-primas são importadas, o repasse não foi notado.

Maior peso na inflação, porém, tiveram as tarifas públicas e os preços administrados. Somados, tiveram contribuição de 0,73 ponto percentual do IPCA de 1,19% de julho.

Os maiores aumentos foram do telefone fixo, que subiu 10,54% (com peso de 0,31 ponto), e da energia elétrica -alta de 4,26% e impacto de 0,1765 ponto. Em seguida, ficaram a gasolina, cujo reajuste foi de 2,87% (com peso de 0,1187 ponto), e o gás de cozinha, que subiu 4,42%.

Outros índices
No mês passado, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a inflação ficou em 0,67%. Já o IGP-M da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostrou um número bem maior: alta de 1,95% nos preços durante o mês de julho. Enquanto no primeiro índice as altas do dólar não tiveram grande impacto, no segundo elas foram decisivas, visto que os preços no atacado são fortemente influenciados pela moeda norte-americana e são parte importante do indicador.

As diferenças entre os índices se explicam por suas metodologias, que se distinguem das classes de renda ao local de pesquisa, passando pelos tipos de preços coletados. O IPCA mede a inflação para famílias com renda de até 40 salários mínimos em dez capitais e no DF. O IPC-Fipe se limita à faixa de renda de até 20 mínimos, apenas na cidade de São Paulo. E ambos não englobam preços no atacado, como o IGP-M.
 

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