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20/08/2002
-
07h42
da Folha Online
Exatamente uma semana após o ministro Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) prometer ao mercado que o Banco Central "irrigaria'' os bancos que atuam com crédito para exportações, a autoridade monetária anuncia hoje suas medidas de apoio ao comércio exterior.
Segundo comunicado do BC divulgado ontem, o programa inicial implicará um aumento de US$ 2 bilhões na oferta de financiamento às exportações. Os detalhes sobre os mecanismos que viabilizarão essa oferta, cujo efeito deve se combinar ao crédito de cerca de US$ 2,627 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aos exportadores, serão conhecidos hoje e são aguardados com ansiedade pelo mercado.
Desde o fim de junho, a escassez de crédito para a exportação, junto com a busca por dólares para saldar dívidas no exterior que não puderam ser roladas pelas empresas, vêm pressionando fortemente a cotação do dólar.
Segundo operadores que trabalham com empresas de exportação, é quase impossível obter ACCs (Adiantamentos de Contrato de Câmbio, empréstimos vinculados à exportação) que vençam após o término do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 31 de dezembro deste ano.
O mercado externo, ante uma crise generalizada de confiança e a insegurança de que a eventual vitória de um candidato de oposição provoque rupturas drásticas no atual modelo econômico do país, afunilou o crédito para as empresas brasileiras.
Isso se refletiu tanto nas linhas que os grandes bancos oferecem aos exportadores, custeando suas operações em uma espécie de antecipação dos resultados, quanto na rolagem das dívidas.
Assim, vai subindo o risco-país brasileiro, que indica a possibilidade de o país "dar calote'' em sua dívida externa e que, em um círculo vicioso, quanto mais alto for, mais dificulta os empréstimos e investimentos no país. Hoje, com 1.994 pontos, o risco brasileiro é o quarto maior do mundo, atrás apenas de Argentina, Nigéria e Uruguai.
Para custear as exportações, as empresas se vêem obrigadas a comprar dólares no mercado à vista, alavancando a cotação da moeda. Além disso, como as exportações são uma grande porta de entrada para os dólares no país, se elas sofrem pressão, o câmbio acaba sofrendo pressão, além de toda a cadeia produtiva acabar com sequelas.
Apesar do otimismo com a liberação das linhas do BC, entretanto, o mercado espera a entrada efetiva desse dinheiro no mercado antes de reagir com mais ênfase.
"Essas linhas só terão efeito quando o dinheiro começar a cair na mão dos exportadores. Senão fica igual ao dinheiro do FMI, que até agora não fez nenhum efeito'', observa Mario Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, referindo-se ao empréstimo de US$ 30 bilhões do Fundo Monetário Internacional ao Brasil, cuja primeira parcela (US$ 3 bilhões) chega em setembro, e que foi insuficiente para segurar a cotação do dólar por mais de um dia.
Mercado sedento quer detalhes de linhas à exportação do BC
LUCIANA COELHOda Folha Online
Exatamente uma semana após o ministro Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) prometer ao mercado que o Banco Central "irrigaria'' os bancos que atuam com crédito para exportações, a autoridade monetária anuncia hoje suas medidas de apoio ao comércio exterior.
Segundo comunicado do BC divulgado ontem, o programa inicial implicará um aumento de US$ 2 bilhões na oferta de financiamento às exportações. Os detalhes sobre os mecanismos que viabilizarão essa oferta, cujo efeito deve se combinar ao crédito de cerca de US$ 2,627 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aos exportadores, serão conhecidos hoje e são aguardados com ansiedade pelo mercado.
Desde o fim de junho, a escassez de crédito para a exportação, junto com a busca por dólares para saldar dívidas no exterior que não puderam ser roladas pelas empresas, vêm pressionando fortemente a cotação do dólar.
Segundo operadores que trabalham com empresas de exportação, é quase impossível obter ACCs (Adiantamentos de Contrato de Câmbio, empréstimos vinculados à exportação) que vençam após o término do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 31 de dezembro deste ano.
O mercado externo, ante uma crise generalizada de confiança e a insegurança de que a eventual vitória de um candidato de oposição provoque rupturas drásticas no atual modelo econômico do país, afunilou o crédito para as empresas brasileiras.
Isso se refletiu tanto nas linhas que os grandes bancos oferecem aos exportadores, custeando suas operações em uma espécie de antecipação dos resultados, quanto na rolagem das dívidas.
Assim, vai subindo o risco-país brasileiro, que indica a possibilidade de o país "dar calote'' em sua dívida externa e que, em um círculo vicioso, quanto mais alto for, mais dificulta os empréstimos e investimentos no país. Hoje, com 1.994 pontos, o risco brasileiro é o quarto maior do mundo, atrás apenas de Argentina, Nigéria e Uruguai.
Para custear as exportações, as empresas se vêem obrigadas a comprar dólares no mercado à vista, alavancando a cotação da moeda. Além disso, como as exportações são uma grande porta de entrada para os dólares no país, se elas sofrem pressão, o câmbio acaba sofrendo pressão, além de toda a cadeia produtiva acabar com sequelas.
Apesar do otimismo com a liberação das linhas do BC, entretanto, o mercado espera a entrada efetiva desse dinheiro no mercado antes de reagir com mais ênfase.
"Essas linhas só terão efeito quando o dinheiro começar a cair na mão dos exportadores. Senão fica igual ao dinheiro do FMI, que até agora não fez nenhum efeito'', observa Mario Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, referindo-se ao empréstimo de US$ 30 bilhões do Fundo Monetário Internacional ao Brasil, cuja primeira parcela (US$ 3 bilhões) chega em setembro, e que foi insuficiente para segurar a cotação do dólar por mais de um dia.
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