Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/08/2002 - 13h14

Gripen veio ao Brasil garantir favoritismo e afastar rumores

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

O diretor mundial de comunicação da sueca Gripen International, Owe Wagermark, veio pessoalmente ao Brasil nesta semana conferir de perto os rumores que cercam a licitação da FAB (Força Aérea Brasileira) para escolha dos novos caças supersônicos do chamado projeto F-X. Os caças vão substituir a frota atual de Mirage, que será desativada pela FAB até 2005.

Para analistas da aviação, a viagem de Wagermar tem relação direta com as matérias publicadas por revistas semanais, que levantaram suspeitas sobre o processo de licitação, que poderia ser influenciado por fatores econômicos e políticos.

"Ele (Wagermark) deve ter vindo ao Brasil para definir a estratégia de como a empresa iria tratar o assunto com a mídia", disse uma fonte envolvida no processo de licitação.

O executivo admitiu que é melhor conferir "in loco" assuntos que dizem respeito à Gripen e podem arranhar a imagem da empresa. No entanto, afirmou sua viagem ao Brasil faz parte da rotina da companhia. "Havia a esperança de que o nome do vencedor da licitação fosse divulgado nessa semana e seria uma feliz coincidência eu estar aqui neste momento."

Um dos rumores que circularam era de que o processo havia beneficiado a escolha do Gripen -oferecido pelo consórcio formado pelas empresas BAe (British Aerospace, britânica) e Saab (sueca)- em favor de interesses de grupos norte-americanos e ao mesmo tempo vetar os caças oferecidos pelos franceses da Dassault (Mirage 2000BR) e dos russos da Rosoboronexoport (Sukhoi Su-35).

Como a norte-americana Lockheed, com seus caças F-16, tem poucas chances de ganhar a licitação, os Estados Unidos teriam tentado pressionar o governo brasileiro a escolher o Gripen, que de forma indireta iria beneficiar o interesse de grupos dos EUA.

É que a Saab -que oferece o Gripen- é controlada pela holding Investor, do grupo Wallenberg, o maior conglomerado de empresas suecas como Volvo, Ericsson, Electrolux e SKF. O grupo poderia injetar até US$ 500 milhões na Varig e dessa forma beneficiar a norte-americana General Electric. A GE é uma das maiores credoras da Varig, quase US$ 1 bilhão entre dívidas e contratos de leasing, e também é fabricante de 50% das turbinas do Gripen.

Mas Wagermark garantiu que acredita no processo de licitação, que deverá escolher o novo caça F-X por critérios técnicos e competitivos. "Temos certeza que o Gripen é a melhor opção para a FAB, oferece o melhor em tecnologia, transferência de conhecimento e está projetado com o que há de mais moderno para o reconhecimento, combate e missões aéreas."

Segundo ele, os rumores sobre o "jogo de cartas marcadas" não faz o maior sentido. "Passamos por uma bateria de testes e todos os outros concorrentes também. Tenho certeza que a escolha do novo caça será feita com base nestes critérios e não motivada por qualquer fator político ou econômico."

Embora a licitação já tenha um vencedor, seu nome está guardado a sete chaves e deve ser divulgado nos próximos dias durante reunião do Conselho de Defesa Nacional, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Até lá, o Gripen é apontado como o favorito.

Mesmo sem a oficialização de seu nome como vencedor da licitação, Wagermark disse que a companhia pode vir a montar o caça no Brasil, caso essa seja uma das exigências da FAB.

Dessa forma, o consórcio superaria a única desvantagem que tem em relação ao caça oferecido pela francesa Dassault, que se alicou à Embraer e se comprometeu a fazer a montagem do Mirage 2000BR na planta de Gavião Peixoto.

O projeto F-X é uma concorrência internacional, no valor inicial de US$ 700 milhões, para o fornecimento de 12 caças supersônicos de última geração para substituir os velhos Mirage.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página