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Globalização sem controle reduz renda nos países emergentes
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da Folha em S. Paulo
Os países emergentes que não fizeram algum tipo de controle sobre os investimentos estrangeiros registraram redução da renda "per capita» durante seu processo de integração à economia mundial (globalização).
No Brasil, a renda média da população na década de 80 era equivalente a 36,1% da renda dos países mais ricos. Hoje, corresponde a 27%, ou seja, menos do que os 28% da década de 50.
Essa é a principal conclusão de um estudo divulgado nesta quarta-feira (26) pelo economista Marcio Pochmann, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que avalia os impactos da globalização em vários países.
O estudo divide os países em centro, semi-periferia e periferia. Os países centrais são aqueles que dominam a tecnologia para a produção de bens e serviços (EUA, Alemanha, Japão e outros).
Os países semi-periféricos seriam especializados na produção de bens, utilizando tecnologia dos países centrais (Brasil, Austrália, China etc.).
Os países periféricos são os que produzem principalmente matérias-primas (Zaire, Peru, Filipinas e outros).
A promessa de que a integração econômica levaria a uma melhora na repartição da produção e da renda não está se concretizando, segundo Pochmann. "Cerca de 75% do valor gerado pela produção fica nos países centrais, onde estão as sedes das multinacionais, assim como 82% do empregos criados.
Segundo o estudo, os países que conseguiram diminuir os efeitos negativos da globalização (China, Tigres Asiáticos e Índia) foram os que utilizaram o tamanho de seus mercados para impor condições, como a transferência de tecnologia, à entrada de capitais externos.
Qualificação
Outro efeito da globalização seria o aumento da criação de empregos qualificados nos países centrais e a redução desse tipo de emprego nos da periferia.
Na década de 80, três em cada dez postos de trabalho qualificados eram de países periféricos. Na década de 90, essa proporção diminuiu para dois.
Nos países centrais essa proporção passou de seis nos anos 80 para sete nos anos 90.
No Brasil, os postos de trabalho qualificados no setor formal foram reduzidos em 12,3% entre 1990 e 1998. As ocupações não-qualificadas cresceram 14,2% nesse período.
Entretanto, não é possível afirmar se esses trabalhadores mais qualificados, que exerciam suas atividades no corpo técnico e de gerência das empresas, estão ficando sem emprego ou estão sendo absorvidos como autônomos pelo mercado.
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