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17/09/2002
-
09h40
da Folha de S. Paulo, em Campinas
A produção nacional de grãos na safra 2001/2002 pode ter sido, na realidade, de 107 milhões de toneladas, e não 98 milhões de toneladas, como anunciou o governo. O motivo para essa diferença são as deficiências no levantamento de safra usado no país.
Segundo pesquisadores, a margem de erro da metodologia brasileira chega a 10% para mais ou menos, sendo que, em países europeus, ela não passa de 3%.
Atualmente, o levantamento sistemático da safra é feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por formulários preenchidos pelo próprio produtor ou entrevistas. É, portanto, uma análise muito subjetiva da produção e sujeita a uma margem de erro muito grande, segundo especialistas.
Na última quinta-feira, pesquisadores, técnicos e representantes do governo e de empresas privadas realizaram em Campinas uma jornada de trabalho sobre o assunto. O debate levantou questões sobre a viabilidade de um esforço conjunto, reunindo empresas públicas e privadas e centros de pesquisa para elaborar um método alternativo ao atual para a avaliação de safra no país. A idéia deles é aproveitar as especialidades de cada um para elaborar um método mais objetivo e confiável.
Segundo os pesquisadores, seria possível reduzir a margem de erro no levantamento brasileiro para 2% para mais ou menos em até dois anos. O custo de um projeto como esse, segundo Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Informática, ficaria entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. ''Nosso gasto realmente não seria tão alto. Já temos quase tudo pronto. O custo seria, na realidade, apenas com pessoal e com a atualização de equipamentos de trabalho", diz Assad.
O primeiro objetivo do projeto será a modernização da previsão da safra de soja no país. Para tanto, eles estudam criar um método que cruze informações obtidas por fotografias de satélites, verificação em campo e análises agrometeorológicas e históricas das regiões estudadas. Devem participar dessa etapa a Unicamp, a UFRGS, a Embrapa e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), entre outras instituições.
A idéia é utilizar os dados obtidos por fotografias de satélites, que são analisados para determinar o estágio de desenvolvimento das plantas e o tamanho da área plantada. A partir daí, técnicos munidos de GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês) iriam a campo fazer o levantamento das áreas fotografadas e, utilizando modelos de expansão direta, fariam a avaliação das regiões próximas.
Os dados seriam comparados com o calendário rural (determinado pelo zoneamento rural do Ministério da Agricultura) e com mapas agrometeorológicos. No fim, seria possível saber com precisão o estágio das lavouras e a expectativa de produção.
''Se o projeto for levado adiante, não só teremos uma previsão mais acurada, mas também a possibilidade de saber quanto produziremos com antecedência", diz Assad. 'Hoje, só sabemos o tamanho da safra depois da colheita."
Zoneamento
Segundo Luiz Antonio Rossetti, do programa de zoneamento agrícola do CER (Comissão Especial de Recursos) do Ministério da Agricultura, a falta de um método eficiente de previsão de safra está sendo solucionada aos poucos. Um exemplo é o zoneamento feito pelo Ministério da Agricultura, que mapeou o país e elaborou os calendários regionalizados de plantio para cada produto.
O que antes era feito em nível de macrorregião, como municípios ou grupo de municípios, foi completamente refeito para atender as necessidades de microrregiões, não necessariamente seguindo fronteiras convencionais. Para chegar aos calendários, foram estudados mapas meteorológicos de todo o Brasil, regionalizando os resultados para se chegar ao zoneamento correto.
Se antes os níveis de perdas por zoneamento incorreto eram imprevisíveis e chegavam a índices superiores a 80% em algumas regiões, hoje dificilmente passa de 10% nos mesmos locais.
Além de estabilizar a produção, o novo zoneamento também ajudará bastante na viabilidade do novo método proposto pelos cientistas em Campinas. Ele servirá como uma das bases de dados que serão cruzadas com outras informações para elaborar as previsões e fazer a contabilidade final da produção nacional.
Previsão de safra de grãos pode ter erro de 10%
JOSÉ SERGIO OSSEda Folha de S. Paulo, em Campinas
A produção nacional de grãos na safra 2001/2002 pode ter sido, na realidade, de 107 milhões de toneladas, e não 98 milhões de toneladas, como anunciou o governo. O motivo para essa diferença são as deficiências no levantamento de safra usado no país.
Segundo pesquisadores, a margem de erro da metodologia brasileira chega a 10% para mais ou menos, sendo que, em países europeus, ela não passa de 3%.
Atualmente, o levantamento sistemático da safra é feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por formulários preenchidos pelo próprio produtor ou entrevistas. É, portanto, uma análise muito subjetiva da produção e sujeita a uma margem de erro muito grande, segundo especialistas.
Na última quinta-feira, pesquisadores, técnicos e representantes do governo e de empresas privadas realizaram em Campinas uma jornada de trabalho sobre o assunto. O debate levantou questões sobre a viabilidade de um esforço conjunto, reunindo empresas públicas e privadas e centros de pesquisa para elaborar um método alternativo ao atual para a avaliação de safra no país. A idéia deles é aproveitar as especialidades de cada um para elaborar um método mais objetivo e confiável.
Segundo os pesquisadores, seria possível reduzir a margem de erro no levantamento brasileiro para 2% para mais ou menos em até dois anos. O custo de um projeto como esse, segundo Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Informática, ficaria entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. ''Nosso gasto realmente não seria tão alto. Já temos quase tudo pronto. O custo seria, na realidade, apenas com pessoal e com a atualização de equipamentos de trabalho", diz Assad.
O primeiro objetivo do projeto será a modernização da previsão da safra de soja no país. Para tanto, eles estudam criar um método que cruze informações obtidas por fotografias de satélites, verificação em campo e análises agrometeorológicas e históricas das regiões estudadas. Devem participar dessa etapa a Unicamp, a UFRGS, a Embrapa e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), entre outras instituições.
A idéia é utilizar os dados obtidos por fotografias de satélites, que são analisados para determinar o estágio de desenvolvimento das plantas e o tamanho da área plantada. A partir daí, técnicos munidos de GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês) iriam a campo fazer o levantamento das áreas fotografadas e, utilizando modelos de expansão direta, fariam a avaliação das regiões próximas.
Os dados seriam comparados com o calendário rural (determinado pelo zoneamento rural do Ministério da Agricultura) e com mapas agrometeorológicos. No fim, seria possível saber com precisão o estágio das lavouras e a expectativa de produção.
''Se o projeto for levado adiante, não só teremos uma previsão mais acurada, mas também a possibilidade de saber quanto produziremos com antecedência", diz Assad. 'Hoje, só sabemos o tamanho da safra depois da colheita."
Zoneamento
Segundo Luiz Antonio Rossetti, do programa de zoneamento agrícola do CER (Comissão Especial de Recursos) do Ministério da Agricultura, a falta de um método eficiente de previsão de safra está sendo solucionada aos poucos. Um exemplo é o zoneamento feito pelo Ministério da Agricultura, que mapeou o país e elaborou os calendários regionalizados de plantio para cada produto.
O que antes era feito em nível de macrorregião, como municípios ou grupo de municípios, foi completamente refeito para atender as necessidades de microrregiões, não necessariamente seguindo fronteiras convencionais. Para chegar aos calendários, foram estudados mapas meteorológicos de todo o Brasil, regionalizando os resultados para se chegar ao zoneamento correto.
Se antes os níveis de perdas por zoneamento incorreto eram imprevisíveis e chegavam a índices superiores a 80% em algumas regiões, hoje dificilmente passa de 10% nos mesmos locais.
Além de estabilizar a produção, o novo zoneamento também ajudará bastante na viabilidade do novo método proposto pelos cientistas em Campinas. Ele servirá como uma das bases de dados que serão cruzadas com outras informações para elaborar as previsões e fazer a contabilidade final da produção nacional.
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